Indústria de alumínio em Barcarena (PA): demanda por gestores e técnicos (Manoel Marques/Site Exame)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2013 às 16h52.
Manaus - A Região Norte atrai o interesse de investidores e empresários. Para lá estão migrando grandes projetos industriais e de construção. São esses os setores apontados por economistas como os principais empregadores. Em Rondônia houve crescimento de 14,8% na oferta de trabalho em 2009.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, revelam que o estado criou duas de cada três novas vagas na região no ano passado. A maior oferta de emprego é impulsionada pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e pela construção de hidrelétricas dos rios Madeira, Santo Antônio e Jirau.
“A estimativa para este ano é que essas obras continuem empregando gente em Rondônia”, diz Carla Ito, diretora da consultoria Banco de Gente Recursos Humanos, em Porto Velho, a capital do estado. “Há uma carência de profissionais nas áreas técnicas, como mecânica e elétrica”, afirma.
Com a chegada de novas empresas a Porto Velho, cresce também o número de profissionais de outras regiões nos mais diferentes setores, do operacional aos níveis de gestão. “No comércio há muitas vagas porque as pessoas estão migrando para a construção civil.”
Os principais polos de investimento na região, porém, são as cidades de Belém (PA) e Manaus (AM), onde há mais vagas para profissionais qualificados (com formação superior e alguma experiência no currículo).
“Em Manaus, cidade que desponta como o centro financeiro mais importante do Norte, oito em cada dez cargos de alta gerência na indústria são ocupados por profissionais de fora, em especial de São Paulo”, afirma Elaine Jinkings, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Amazonas.
Isso acontece porque há ainda carência de líderes, uma questão que está sendo resolvida pelas empresas que têm investido na formação de gestores.
Oito em cada dez cargos de coordenação e supervisão são ocupados por amazonenses. “Os outros 20% são de funções muito específicas, em áreas mais técnicas, como de moldes de mecânica, em que não há formação local”, diz Elaine. Nos outros setores econômicos, há predominância de amazonenses tanto nos postos de gerência como nos níveis mais baixos.
Distante dos grandes centros urbanos, a capital amazonense desperta o interesse de multinacionais pelos benefícios fiscais. Mesmo durante a crise, 60 projetos industriais foram aprovados e começam a gerar empregos neste ano. “O mercado local ainda está ancorado na indústria, a despeito de todo o potencial turístico”, diz Silvio Puga, economista e professor da Universidade Federal do Amazonas.
O setor industrial gerou, só em 2009, 100 000 empregos diretos. Outros setores, no entanto, vêm se consolidando como empregadores, atraindo profissionais de outras regiões. É o caso da gerente de contas da Vivo Jordana Sanford, que há cinco anos trocou Fortaleza (CE) por Manaus.
“Aqui não há muitas opções para quem gosta de sair, mas é excelente para ganhar dinheiro. Tive dificuldades de me adaptar ao clima quente e úmido, mas me acostumei”, diz Jordana.
Vagas em Belém e no Acre
Nos outros estados do Norte, a economia se manterá centrada no setor primário. “E dependente dos resultados de Manaus e Belém”, diz o economista Martinho Azevedo. “Há uma relação de dependência, como se vê no fornecimento de alimento de Rondônia para o Amazonas”, diz Martinho.
No Pará, a base da economia e, consequentemente, da geração de empregos se manterá na extração mineral, a exemplo do Acre. Há ainda outros segmentos que devem ganhar mais espaço na região. “Há um boom na área da construção civil e também na de tecnologia da informação”, diz Renato Tarso, sócio administrador da empresa de recursos humanos Plenu.
As iniciativas de inclusão digital, tanto do governo quanto das empresas privadas da região, também estão entre as atividades que irão demandar mão de obra qualificada no Norte.