Comunicação eficaz requer prática e autoconhecimento para evitar hábitos que afastam as pessoas. (Westend61/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 4 de novembro de 2024 às 11h12.
Muitos de nós investimos tempo e dinheiro em aulas e treinamentos para aperfeiçoar habilidades específicas, como tocar um instrumento, praticar esportes ou dominar técnicas de cozinha. No entanto, quando se trata de uma das habilidades mais fundamentais — a comunicação —, geralmente aprendemos apenas por imitação e observação, sem qualquer orientação formal.
Essa abordagem intuitiva pode levar ao desenvolvimento de padrões de comunicação que, ao invés de aproximar, acabam criando barreiras. Raele Altano, coach de comunicação, explica, em entrevista à revista Time, que muitos desses hábitos vêm de influências familiares e sociais, mas podem ser corrigidos com dedicação. “A comunicação afeta todos os aspectos da vida: relacionamentos, carreira, amizade e até nossa confiança”, diz ela. Nesta matéria, exploramos com especialistas oito dos hábitos mais tóxicos na comunicação e como superá-los para construir diálogos mais saudáveis e eficazes.
Todos buscamos encontrar pontos em comum em uma conversa. No entanto, quando alguém compartilha uma experiência, respondê-la imediatamente com uma história própria pode desviar o foco. Altano sugere que, ao invés de intervir com histórias pessoais, exercite a escuta ativa, como parafrasear o que foi dito ou fazer perguntas.
Se um amigo sempre monopoliza a conversa, Altano recomenda abordar o assunto de forma não combativa: “Notei que quando falo sobre algo pessoal, a conversa muda. Você já percebeu isso também?”
Se você tende a se fechar quando ouve algo que não gosta, talvez esteja usando uma técnica de autoproteção chamada “stonewalling”. Roma Williams, terapeuta, sugere técnicas de regulação emocional, como a prática de comunicar que você precisa de um momento. “Se a pessoa souber que você pretende continuar a conversa mais tarde, ela terá menos chances de se frustrar.”
O primeiro passo para superar o hábito de interromper é entender sua causa. “Por que estou fazendo isso? Me sinto ignorado? É ego?” reflete Anne Willkomm, professora de comunicação. Aceitar que nem todas as ideias precisam ser ouvidas naquele momento pode ser um bom ponto de partida. Se alguém o interrompe, Willkomm sugere dizer: “Estou interessado no que você tem a dizer, mas gostaria de concluir meu raciocínio.”
Muitas pessoas acreditam que falar muito é sinal de uma boa comunicação, mas isso pode tornar a conversa cansativa. O professor Alex Lyon sugere, se possível, interromper educadamente e pedir ao interlocutor para ir ao ponto. Se você reconhece que tende a ser prolixo, peça feedback a amigos, incentivando-os a interromper caso você se prolongue demais.
Ouvir atentamente é uma habilidade rara. Willkomm recomenda colocar o celular longe, fazer contato visual e usar a linguagem corporal para mostrar que você está acompanhando a conversa. Se perceber que alguém está distraído enquanto você fala, um toque de humor pode ajudar a redirecionar a atenção: “Algo interessante no seu telefone? Quer compartilhar?”
Algumas pessoas agem como se a conversa fosse uma competição, sempre tentando superar o que o outro diz. Lyon recomenda lidar com essas situações de maneira simples e educada, dizendo: “Fico feliz por você.” Reconhecer seu próprio desejo de "superar" o outro, caso o tenha, pode ajudar a interromper o ciclo de competição.
Em reuniões, é comum ver alguém repetindo a ideia de outra pessoa como se fosse sua. Willkomm sugere que colegas e líderes chamem a atenção de forma sutil: “Obrigado por resumir o que a Janet disse.” Isso devolve o crédito à pessoa certa sem criar constrangimento.
Às vezes, tudo o que queremos é desabafar e ser ouvidos, mas recebemos conselhos não solicitados. Altano sugere que, se você está no papel de quem escuta, pergunte antes: “Gostaria de ouvir algumas sugestões ou prefere apenas desabafar agora?” Isso respeita os limites da pessoa, que pode aceitar ou recusar a ajuda.
Esses hábitos podem prejudicar as relações e impedir o entendimento genuíno. Refletir sobre nossos padrões de comunicação e fazer ajustes conscientes é um passo importante para melhorar a forma como nos conectamos com os outros.