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Pinheiro Neto facilita para mulheres para não perder talento

O Pinheiro Neto Advogados assume as diferenças entre sexos, amplia licença-maternidade e adota horários mais flexíveis para não perder talentos femininos no auge da carreira

Cristianne Zarzur (centro) com algumas das profissionais do Pinheiro Neto Advogados: “Saio mais cedo para buscar minha filha na escola sem culpa” (Fabiano Accorsi)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2013 às 14h41.

São Paulo - Fundado em 1942, o escritório de advocacia Pinheiro Neto tem um plano de carreira escrito e bem estruturado. Logo que chega à empresa como estagiário, o jovem visualiza o que precisa fazer para alcançar o patamar de sócio. Homens e mulheres são contratados como estagiários na mesma proporção. No entanto, as sócias Esther Nunes e Cristianne Zarzur constataram a predominância masculina entre os sócios — 66 homens para oito mulheres. Dedicaram-se a investigar por que as advogadas desistiam no meio do caminho e perceberam que se trata de um fenômeno comum a várias empresas: chega-se a um ponto em que as mulheres querem mais tempo para se dedicar à vida pessoal e muitas acabam abrindo mão da carreira. “Na década de 90, a porcentagem de mulheres entre os sócios chegava a um terço”, lembra Esther. Era preciso reverter esse quadro.

O Desafio

No Pinheiro Neto Advogados, a gestão da política de RH é de responsabilidade de todos os sócios. O investimento na carreira dos profissionais não faz distinção entre sexos. No entanto, o auge da carreira acaba coincidindo com o casamento e a maternidade. Esther Nunes e Cristianne Zarzur sabem bem o que é isso, uma vez que ambas conquistaram a sociedade na empresa aos 35 anos. “Depois que constituem família, as mulheres não têm a mesma disponibilidade que os homens para, por exemplo, participar de constantes happy hours com clientes”, observa Esther. “O homem liga para a mulher preparar o jantar, pois vai levar um cliente para casa”, diz Cristianne. “A mulher advogada não tem como fazer isso.” Sem ações específicas para retenção do quadro feminino, restaria ao Pinheiro Neto se conformar em perder talentos.

A Solução

O primeiro passo na busca de uma solução foi assumir as diferenças entre homens e mulheres. “Ficaram para trás os tempos em que era vergonha sair mais cedo para buscar o filho na escola. Não é nada feio admitir que homens e mulheres não são iguais”, afirma Esther. A partir daí, ela e Cristianne começaram a discutir a questão com escritórios de advocacia dos Estados Unidos e da Europa. Há cerca de dois anos, as duas foram contatadas por um grupo de advogadas de Nova York que tinha um estudo sobre as mulheres na advocacia e queria fazer um evento no Brasil, abordando as melhores práticas para reter talentos. “Tivemos medo que o evento fosse um fracasso, fosse encarado como coisa de mulherzinha”, revela Cristianne.

“Fomos surpreendidas por uma plateia de 250 pessoas”, diz Esther. O evento foi a pedra fundamental para a criação da Comissão da Mulher Advogada do Pinheiro Neto, composta por três sócias e dez associadas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Brasília. Depois desse primeiro evento, em 2009, vieram muitos outros. “Fizemos uma reunião com nosso sócio-gestor, Alexandre Bertoldi, em que ele deixou claro o apoio à comissão e mostrou-se preocupado em reter as mulheres no escritório”, diz Esther. Em 2010, o Pinheiro Neto promoveu um palestra com Cherie Blair, esposa do ex-primeiro ministro britânico Tony Blair. Advogada e mãe de quatro filhos, ela falou sobre como evoluiu na carreira num ambiente masculino e cheio de preconceito. Outras ações da Comissão da Mulher Advogada foram a criação de um espaço no próprio escritório — quase sempre lotado —, onde as mulheres podem fazer unhas e cabelo, e a adoção da licença-maternidade de seis meses.

O Resultado

Com reuniões a cada 30 ou 45 dias, a Comissão da Mulher Advogada firmou-se como um fórum tanto para debater problemas profissionais quanto pessoais. Além disso, a adoção da licença-maternidade de seis meses provocou uma mudança de comportamento. “Quando lançamos o benefício, as próprias mulheres se perguntavam quem ia querer ficar longe do trabalho por seis meses”, diz Cristianne. “Mas o que temos visto desde então é um boom de grávidas no escritório.”

A combinação de cobrança por resultados com horários mais flexíveis também tem contado pontos a favor. “Deixo o escritório às 17h30 ou 18h para buscar minha filha na escola. Sem culpa”, enfatiza Cristianne, cuja meta agora é implantar formalmente o modelo de home office. Os homens também vêm pegando carona nessa revolução feminina no Pinheiro Neto.

“Eles perceberam que nossas clientes mulheres comparecem em peso aos eventos que promovemos, que acabam tornando-se excelentes oportunidades para estreitar o networking”, diz Cristianne. Se, em 2009, apenas três homens participaram do primeiro evento, na palestra com Cherie Blair, no ano passado, cerca de 20% da plateia era formada por homens. “Estiveram presentes 15 sócios e diversos associados”, lembra Esther.

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São Paulo - Fundado em 1942, o escritório de advocacia Pinheiro Neto tem um plano de carreira escrito e bem estruturado. Logo que chega à empresa como estagiário, o jovem visualiza o que precisa fazer para alcançar o patamar de sócio. Homens e mulheres são contratados como estagiários na mesma proporção. No entanto, as sócias Esther Nunes e Cristianne Zarzur constataram a predominância masculina entre os sócios — 66 homens para oito mulheres. Dedicaram-se a investigar por que as advogadas desistiam no meio do caminho e perceberam que se trata de um fenômeno comum a várias empresas: chega-se a um ponto em que as mulheres querem mais tempo para se dedicar à vida pessoal e muitas acabam abrindo mão da carreira. “Na década de 90, a porcentagem de mulheres entre os sócios chegava a um terço”, lembra Esther. Era preciso reverter esse quadro.

O Desafio

No Pinheiro Neto Advogados, a gestão da política de RH é de responsabilidade de todos os sócios. O investimento na carreira dos profissionais não faz distinção entre sexos. No entanto, o auge da carreira acaba coincidindo com o casamento e a maternidade. Esther Nunes e Cristianne Zarzur sabem bem o que é isso, uma vez que ambas conquistaram a sociedade na empresa aos 35 anos. “Depois que constituem família, as mulheres não têm a mesma disponibilidade que os homens para, por exemplo, participar de constantes happy hours com clientes”, observa Esther. “O homem liga para a mulher preparar o jantar, pois vai levar um cliente para casa”, diz Cristianne. “A mulher advogada não tem como fazer isso.” Sem ações específicas para retenção do quadro feminino, restaria ao Pinheiro Neto se conformar em perder talentos.

A Solução

O primeiro passo na busca de uma solução foi assumir as diferenças entre homens e mulheres. “Ficaram para trás os tempos em que era vergonha sair mais cedo para buscar o filho na escola. Não é nada feio admitir que homens e mulheres não são iguais”, afirma Esther. A partir daí, ela e Cristianne começaram a discutir a questão com escritórios de advocacia dos Estados Unidos e da Europa. Há cerca de dois anos, as duas foram contatadas por um grupo de advogadas de Nova York que tinha um estudo sobre as mulheres na advocacia e queria fazer um evento no Brasil, abordando as melhores práticas para reter talentos. “Tivemos medo que o evento fosse um fracasso, fosse encarado como coisa de mulherzinha”, revela Cristianne.

“Fomos surpreendidas por uma plateia de 250 pessoas”, diz Esther. O evento foi a pedra fundamental para a criação da Comissão da Mulher Advogada do Pinheiro Neto, composta por três sócias e dez associadas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Brasília. Depois desse primeiro evento, em 2009, vieram muitos outros. “Fizemos uma reunião com nosso sócio-gestor, Alexandre Bertoldi, em que ele deixou claro o apoio à comissão e mostrou-se preocupado em reter as mulheres no escritório”, diz Esther. Em 2010, o Pinheiro Neto promoveu um palestra com Cherie Blair, esposa do ex-primeiro ministro britânico Tony Blair. Advogada e mãe de quatro filhos, ela falou sobre como evoluiu na carreira num ambiente masculino e cheio de preconceito. Outras ações da Comissão da Mulher Advogada foram a criação de um espaço no próprio escritório — quase sempre lotado —, onde as mulheres podem fazer unhas e cabelo, e a adoção da licença-maternidade de seis meses.

O Resultado

Com reuniões a cada 30 ou 45 dias, a Comissão da Mulher Advogada firmou-se como um fórum tanto para debater problemas profissionais quanto pessoais. Além disso, a adoção da licença-maternidade de seis meses provocou uma mudança de comportamento. “Quando lançamos o benefício, as próprias mulheres se perguntavam quem ia querer ficar longe do trabalho por seis meses”, diz Cristianne. “Mas o que temos visto desde então é um boom de grávidas no escritório.”

A combinação de cobrança por resultados com horários mais flexíveis também tem contado pontos a favor. “Deixo o escritório às 17h30 ou 18h para buscar minha filha na escola. Sem culpa”, enfatiza Cristianne, cuja meta agora é implantar formalmente o modelo de home office. Os homens também vêm pegando carona nessa revolução feminina no Pinheiro Neto.

“Eles perceberam que nossas clientes mulheres comparecem em peso aos eventos que promovemos, que acabam tornando-se excelentes oportunidades para estreitar o networking”, diz Cristianne. Se, em 2009, apenas três homens participaram do primeiro evento, na palestra com Cherie Blair, no ano passado, cerca de 20% da plateia era formada por homens. “Estiveram presentes 15 sócios e diversos associados”, lembra Esther.

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