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Caia na real

Apostar numa micro ou pequena empresa pode ser uma ótima, desde que você saiba exatamente como elas funcionam

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h32.

Brasil tem hoje mais de 2 milhões de pequenas e microempresas, que empregam 46 de cada 100 trabalhadores. A importância delas para a economia nacional é cada vez maior -- só não vê quem não quer. Pequenos negócios, franquias e até mesmo empresas de fundo de quintal são responsáveis por cerca de 20% da riqueza do país. A novidade é que elas vêm se modernizando e investindo pesado em tecnologia, equipamentos, serviços e, sobretudo, gente. As contratações incluem desde o pessoal de chão de fábrica até o de nível técnico, passando, é claro, pelos executivos. Se você é um daqueles profissionais capazes de enxergar novas oportunidades de trabalho -- e atuar de forma a obter resultados, seja lá qual for o porte da empresa --, talvez seja a hora de considerar a aposta nas pequenas e micro. Antes de dar esse salto, no entanto, conheça um pouco mais sobre a dinâmica delas.

Perto do poder A esmagadora maioria das pequenas e microempresas são nacionais e familiares. Nelas, portanto, reina a figura do empresário-fundador. Sua estrutura é simples, enxuta e baseada em pessoas, não em departamentos. Uma vez que existem dois (ou, no máximo, três) níveis hierárquicos, há uma intensa proximidade do executivo com o poder -- e, por tabela, com os processos decisórios. "Mas é sempre bom prestar atenção para não misturar o lado pessoal e profissional", diz Renato Bernhoeft, especialista em empresas familiares. "Afinal, o almoço de domingo pode impactar os negócios da segunda-feira."

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Conversa franca Errar numa contratação pode ser fatal para os pequenos negócios. Por isso, em geral, os empresários fazem questão de avaliar pessoalmente se o candidato tem ou não o perfil do cargo e as competências necessárias para exercê-lo.

Foco na recompensa A maior parte das pequenas e microempresas depende de capital de giro e, portanto, não é agressiva quando o assunto é remuneração. Não espere, bem entendido, receber participação nos resultados (apenas uma em cada dez empresas oferece tal benefício) nem um bônus gordo no fim do ano. Isso não significa que você não possa ganhar bem ou mais do que receberia numa média ou grande empresa. "Se conseguir provar que faz diferença naquele contexto, haverá grande espaço para negociação de salários e extras", diz Cláudio Puglisi, gerente do Sebrae de São Paulo.

Pacote murcho De acordo com uma recente pesquisa do Sebrae, 72% das pequenas e microempresas concedem pelo menos um benefício a seus funcionários. Os principais são o vale-transporte (54%), o vale-refeição (41%) e o plano de saúde (15%). Plano de previdência, seguro de vida e convênio com academias de ginástica são mimos restritos às grandes.

Não à burocracia Uma das principais características das pequenas e micro é a simplicidade dos processos. "Não perco mais tempo elaborando relatórios, CIs e mandando e-mails com cópia para Deus e o mundo, como costumava fazer antes de pedir demissão de uma multinacional", diz Maurício Moral, gerente de marketing da Cinalp, fabricante de achocolatados com 82 funcionários e que só no ano passado cresceu 40%. "Hoje tenho muito mais autonomia e sou mais produtivo."

Esqueça a grife Profissionais apegados a títulos e status devem passar longe da pequena ou micro empresa. Nestas, a realidade é outra. Sua rede de contatos provavelmente será modesta. Convites para palestras e coquetéis, escassos. Ser recebido no horário marcado por um cliente, difícil. A vantagem é que você pode ser você mesmo -- e não um simples nome por trás da organização.

Adeus à competição A guerra de egos, a politicagem e a inflamada competição interna são coisas recorrentes nas multinacionais. Nas pequenas e micro, ao contrário, há menos espaço para isso. A transparência e a agilidade têm de predominar, sob o risco de a empresa fechar.

Aja como dono Como executivo, você acumula funções e compartilha pouco as responsabilidades. A margem de erro é pequena, já que um simples deslize pode representar um impacto direto nos negócios. Suas atitudes e decisões, portanto, devem girar exclusivamente em prol da empresa. Se a ela crescer, você certamente crescerá junto.

O tal jogo de cintura Ter empatia, flexibilidade e talento para atuar em time: eis algumas habilidades básicas para trabalhar nas empresas de menor porte. O ideal é ser cooperativo e manter um bom relacionamento com todo mundo. Mas, se os irmãos, a esposa ou os rebentos do(s) dono(s) resolverem se envolver nos negócios, aí você vai ter de rebolar.

Palavra de ordem: transparência Constatar a quantas anda a saúde financeira das pequenas é relativamente fácil. Saber se o dono tem ou não talento para geri-las, idem. Basta ser um bom observador para ficar por dentro do que acontece lá. Graças a isso, fica bem mais difícil alguém se esconder atrás do bom desempenho de outro(s). Os acomodados ou incompetentes, aliás, são excluídos mais dia menos dia.

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