Carreira

As universidades estão contratando

Os grandes grupos universitários brasileiros estão contratando executivos, profissionais de finanças, marketing e tecnologia

Diego_Chagas_Estácio (MARCELO CORRÊA)

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Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 18h04.

A fusão dos grupos educacionais Anhanguera e Kroton, aprovada em meados  de 2014, criou a 17a maior empresa da Bovespa, com 37 000 funcionários e 1 milhão de alunos espalhados por 130 unidades e 700 polos de educação a distância, em todos os estados brasileiros. Fazer a integração de todos os processos, sistemas e pessoas das duas instituições exigiu a criação, em setembro de 2013, de uma diretoria de fusões e aquisições. Um dos contratados, para o cargo de gerente sênior de integração, foi Luiz Antônio Felinto Cruz, de 32 anos, que tem no currículo o banco Santander, a consultoria Strategy& e o fundo de investimento Tarpon.

O caso de Luiz Antônio exemplifica como as instituições particulares de ensino estão se profissionalizando. Com lucro previsto de 1,2 bilhão de reais em 2014, o dobro do ano passado, a Kroton Anhanguera elevou 30% as contratações para a área corporativa nos últimos dois anos. E esse índice deve crescer ainda mais. O grupo planeja abrir, a partir de 2015, 20 universidades por ano, contratando 60 funcionários acadêmicos e 40 administrativos para cada uma delas. São as chamadas unidades Greenfield, só com os cinco cursos mais procurados e com melhores opções de carreira: engenharia de produção e elétrica, administração, ciências contábeis e psicologia. 

Nesse negócio em plena expansão, uma das principais dificuldades para preencher as vagas corporativas do grupo é encontrar profissionais com experiência anterior no mercado de educação. Por isso, tem sido necessário buscar profissionais em bancos e empresas de telefonia móvel. “Como o ensino privado, são setores muito pulverizados ou que passaram por uma grande expansão nos últimos anos”, afirma Fabio Lacerda, diretor de recursos humanos da Kroton Anhanguera.

Paralelamente, a Kroton tem investido em treinamento e na criação de uma universidade corporativa. “Nosso programa de formação de líderes tem até um módulo no exterior”, diz Fabio. Isso porque a instituição tem precisado recorrer ao recrutamento interno para preencher 30% das vagas em aberto. “Há até professores fazendo a transição para o corporativo”, afirma ele. No grupo carioca Estácio, com presença em 45 cidades e 14 000 funcionários, a saída encontrada para atrair profissionais qualificados foi a criação de um programa de trainee, que já recebe mais de 20 000 inscrições anuais. “Além de atrair essa mão de obra, o programa nos permite treinar esses jovens no ambiente regulatório específico da educação, que tem muitas particularidades”, diz Rogério Melzi, presidente executivo da Estácio.

O administrador carioca Diego Chagas, de 27 anos, é um desses trainees. Com empresas como Itaú e Alcatel no currículo, ele também havia sido aprovado no trainee da Nestlé quando optou pelo programa da Estácio. “Sabia que, com o grande crescimento da empresa, eu teria mais chance de ter uma carreira acelerada”, diz Diego. Hoje, ele é coordenador da tesouraria e tem uma equipe de três funcionários. “Tenho amigos de faculdade cuja carreira estagnou porque estão trabalhando em setores que não crescem”, diz.

Áreas quentes

Uma das carreiras em que há maior carência de profissionais no segmento de educação é TI. “A competição entre os grupos fez aumentar muito o investimento em inserção de tecnologia nas salas de aula e no desenvolvimento de plataformas de ensino a distância”, diz Ricardo Haag, gerente executivo da consultoria Page Personnel. Os profissionais de TI com experiência na gestão dessa infraestrutura são bastante disputados no setor. Advogados, gerentes de expansão — comuns no varejo — e profissionais de marketing completam a lista dos mais procurados, em geral em outros mercados. Na Estácio, por exemplo, o diretor de marketing do grupo foi trazido do Peixe Urbano. “Queríamos uma pessoa familiarizada com o uso das redes sociais”, diz Rogério Melzi. Os salários equiparados e competitivos são outro atrativo. “Esse é um setor que não tem uma remuneração variável agressiva, mas a fixa está acima da média”, diz Ricardo Haag.

Inovação

Na busca por diferenciação da concorrência, o grupo Anima Educação, com sede em Belo Horizonte, criou, em janeiro deste ano, uma área de inovação. Para chefiá-la, o grupo contratou o engenheiro mineiro Rogério Loureiro, de 46 anos, que antes trabalhava em um centro de pesquisa de uma usina de cana-de-açúcar em Piracicaba, no interior de São Paulo.

No grupo Anima, sua missão é pensar soluções para inovação educacional e aprimoramento do processo de aprendizagem. “Temos alunos do século 21 com processos do século 20”, diz ele. “Precisamos trazer a tecnologia para dentro da sala de aula e rediscutir o papel do professor”, afirma. Hoje, com apenas duas pessoas, a área de Ricardo deve triplicar ao longo de 2015.

Outras áreas também vão contratar. Em menos de 11 anos, a empresa saltou de 400 funcionários para mais de 6 000, dos quais metade é de departamentos administrativos. “A profissionalização da empresa aconteceu junto com a das pessoas”, diz Cristiane Ávila, diretora de RH do Anima.

Mesmo com as previsões econômicas pessimistas, o setor educacional aposta em um período de expansão em 2015. Até porque há uma relação perversa entre estagnação da economia, desemprego e aumento das matrículas. “Se houver elevação do desemprego em 2015, como está previsto, muita gente que perder o trabalho vai recorrer aos estudos para se qualificar”, diz Rogério Melzi, da Estácio. Para ficar de olho. 

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