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Agora a Coursera vai falar português

Uma das criadoras do site americano de cursos online, Daphne Koller falou a VOCÊ S/A sobre os planos de expandir o conteúdo em nosso idioma para aumentar a participação dos brasileiros na plataforma

Coursera (Reprodução)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2014 às 13h28.

São Paulo - Neste mês, chegará a dez o número de cursos com tradução para o português oferecidos pela plataforma Coursera, de educação online, criada por Daphne Koller e seu sócio, Andrew Ng, da Universidade Stanford.

Desde seu lançamento, em 2012, a Coursera já recebeu 65 milhões de dólares em investimento e ofereceu mais de 600 cursos de 108 universidades de todo o mundo para mais de 6,6 milhões de alunos.

Mas agora o site quer aumentar sua participação no Brasil. Com 240 000 inscritos, o país é o terceiro maior mercado da empresa fora dos Estados Unidos — e um dos que mais crescem. Para conhecer melhor esse público, uma equipe da Coursera esteve no Brasil no mês passado. Foi sobre isso e sobre o futuro da educação que Daphne Koller conversou com VOCÊ S/A.

VOCÊ S/A - Qual é o maior desafio que a Coursera enfrenta hoje?

Daphne Koller - Queremos elevar o número de alunos e acessos. No ano passado, estávamos focados em aumentar as visitas via celular, porque essa é uma plataforma ao alcance da maioria das pessoas. Também estamos focados em traduzir nossas aulas, para chegarmos àqueles que não falam inglês.

No mês passado, duas pessoas do nosso time de crescimento internacional foram ao Brasil para ter uma melhor perspectiva de como os MOOCs (sigla em inglês para cursos online abertos para massas) se encaixam no contexto brasileiro.

VOCÊ S/A - E o que descobriram?

Daphne - O Brasil é um mercado-chave para nós, por causa de sua vasta população com acesso à internet e ao ensino médio, mas que ainda enfrenta o desafio de encontrar opções de educação que caibam em seu bolso e proporcionem a oportunidade de uma vida melhor. Além disso, apenas 11,3% dos brasileiros têm acesso à educação superior.

Existe, portanto, um número enorme de pessoas que querem esse conteúdo, mas não conseguem ter acesso a ele. Na Coursera, o Brasil é o terceiro maior mercado fora dos Estados Unidos, depois da Índia e da Espanha, com 240 000 alunos matriculados.

No país, os cursos favoritos são de negócios e finanças, o que mostra que existe uma carência no mercado brasileiro de conteúdo desse tipo. Ainda não temos nenhuma parceria finalizada com universidades brasileiras para produzir aulas específicas, porque, antes de qualquer outra coisa, queremos disponibilizar para todos o que já temos.

VOCÊ S/A - O que vocês aprenderam sobre educação tendo como base a experiência da Coursera?

Daphne - Como temos tantos alunos, conseguimos analisar informações de maneira muito mais precisa. Sabemos, por exemplo, que aulas muito longas não prendem a atenção por muito tempo. Por isso, sugerimos a todos os professores que cada vídeo não passe de 15 minutos. Quando isso acontece, nossa sugestão é que ele seja dividido.

Também temos algumas maneiras de ter certeza que o aluno estava prestando atenção. Em algumas aulas, ele precisa responder a perguntas para continuar assistindo ao vídeo. Além disso, conseguimos analisar erros recorrentes dos alunos com mais precisão.

Se fosse em uma sala de aula convencional, com 30 alunos, e dois deles dessem a mesma resposta errada, isso passaria despercebido. Mas, se milhares de alunos dão a resposta errada para a mesma pergunta, é impossível ignorar. ­

Assim, conseguimos entender o caminho que esses alunos fizeram e melhorar a forma como transmitimos esse conteúdo, dando uma resposta mais personalizada. Isso tudo ajuda no processo de aprendizagem. Também aprendemos que a procrastinação é um fenômeno global. Todos os alunos, em todos os lugares do mundo, deixam para entregar o trabalho na última hora.

VOCÊ S/A - Vocês acabaram de lançar  dez cursos de especialização.  O próximo passo poderia ser  um MBA online, com custo  muito inferior ao cobrado pelas  universidades atualmente?

Daphne - Acredito que estamos vivendo um momento excelente na educação. A tecnologia que temos à disposição nos deu a chance de juntar, no mesmo pacote, um conteúdo que muita gente jamais poderia obter, por razões geográficas ou financeiras, e a possibilidade de reduzir drasticamente o custo disso.

Atualmente, tudo que um aluno precisa para chegar a esse conteúdo é de acesso à internet. Conseguimos construir um ambiente de altíssima qualidade, combinando a interação com instrutores especializados e alunos do mundo todo em fóruns que funcionam 24 horas, de verdade.

A qualquer hora do dia, uma pessoa pode postar uma pergunta no fórum e, em algum lugar do mundo, haverá alguém que saberá respondê-la. Os alunos não dependem mais dos horários restritos dos professores para tirar dúvidas. Então, sim, acho que estamos caminhando para isso.

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São Paulo - Neste mês, chegará a dez o número de cursos com tradução para o português oferecidos pela plataforma Coursera, de educação online, criada por Daphne Koller e seu sócio, Andrew Ng, da Universidade Stanford.

Desde seu lançamento, em 2012, a Coursera já recebeu 65 milhões de dólares em investimento e ofereceu mais de 600 cursos de 108 universidades de todo o mundo para mais de 6,6 milhões de alunos.

Mas agora o site quer aumentar sua participação no Brasil. Com 240 000 inscritos, o país é o terceiro maior mercado da empresa fora dos Estados Unidos — e um dos que mais crescem. Para conhecer melhor esse público, uma equipe da Coursera esteve no Brasil no mês passado. Foi sobre isso e sobre o futuro da educação que Daphne Koller conversou com VOCÊ S/A.

VOCÊ S/A - Qual é o maior desafio que a Coursera enfrenta hoje?

Daphne Koller - Queremos elevar o número de alunos e acessos. No ano passado, estávamos focados em aumentar as visitas via celular, porque essa é uma plataforma ao alcance da maioria das pessoas. Também estamos focados em traduzir nossas aulas, para chegarmos àqueles que não falam inglês.

No mês passado, duas pessoas do nosso time de crescimento internacional foram ao Brasil para ter uma melhor perspectiva de como os MOOCs (sigla em inglês para cursos online abertos para massas) se encaixam no contexto brasileiro.

VOCÊ S/A - E o que descobriram?

Daphne - O Brasil é um mercado-chave para nós, por causa de sua vasta população com acesso à internet e ao ensino médio, mas que ainda enfrenta o desafio de encontrar opções de educação que caibam em seu bolso e proporcionem a oportunidade de uma vida melhor. Além disso, apenas 11,3% dos brasileiros têm acesso à educação superior.

Existe, portanto, um número enorme de pessoas que querem esse conteúdo, mas não conseguem ter acesso a ele. Na Coursera, o Brasil é o terceiro maior mercado fora dos Estados Unidos, depois da Índia e da Espanha, com 240 000 alunos matriculados.

No país, os cursos favoritos são de negócios e finanças, o que mostra que existe uma carência no mercado brasileiro de conteúdo desse tipo. Ainda não temos nenhuma parceria finalizada com universidades brasileiras para produzir aulas específicas, porque, antes de qualquer outra coisa, queremos disponibilizar para todos o que já temos.

VOCÊ S/A - O que vocês aprenderam sobre educação tendo como base a experiência da Coursera?

Daphne - Como temos tantos alunos, conseguimos analisar informações de maneira muito mais precisa. Sabemos, por exemplo, que aulas muito longas não prendem a atenção por muito tempo. Por isso, sugerimos a todos os professores que cada vídeo não passe de 15 minutos. Quando isso acontece, nossa sugestão é que ele seja dividido.

Também temos algumas maneiras de ter certeza que o aluno estava prestando atenção. Em algumas aulas, ele precisa responder a perguntas para continuar assistindo ao vídeo. Além disso, conseguimos analisar erros recorrentes dos alunos com mais precisão.

Se fosse em uma sala de aula convencional, com 30 alunos, e dois deles dessem a mesma resposta errada, isso passaria despercebido. Mas, se milhares de alunos dão a resposta errada para a mesma pergunta, é impossível ignorar. ­

Assim, conseguimos entender o caminho que esses alunos fizeram e melhorar a forma como transmitimos esse conteúdo, dando uma resposta mais personalizada. Isso tudo ajuda no processo de aprendizagem. Também aprendemos que a procrastinação é um fenômeno global. Todos os alunos, em todos os lugares do mundo, deixam para entregar o trabalho na última hora.

VOCÊ S/A - Vocês acabaram de lançar  dez cursos de especialização.  O próximo passo poderia ser  um MBA online, com custo  muito inferior ao cobrado pelas  universidades atualmente?

Daphne - Acredito que estamos vivendo um momento excelente na educação. A tecnologia que temos à disposição nos deu a chance de juntar, no mesmo pacote, um conteúdo que muita gente jamais poderia obter, por razões geográficas ou financeiras, e a possibilidade de reduzir drasticamente o custo disso.

Atualmente, tudo que um aluno precisa para chegar a esse conteúdo é de acesso à internet. Conseguimos construir um ambiente de altíssima qualidade, combinando a interação com instrutores especializados e alunos do mundo todo em fóruns que funcionam 24 horas, de verdade.

A qualquer hora do dia, uma pessoa pode postar uma pergunta no fórum e, em algum lugar do mundo, haverá alguém que saberá respondê-la. Os alunos não dependem mais dos horários restritos dos professores para tirar dúvidas. Então, sim, acho que estamos caminhando para isso.

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