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A lição que fica do dramalhão do hipismo do Brasil nos Jogos

Rodrigo Pessoa disse que fez falta na equipe. Ele está certo e sua lógica vale para o mundo corporativo? Especialista responde

Eduardo Menezes da equipe de salto do hipismo: Brasil ficou em 5º lugar (Reuters)

Camila Pati

Publicado em 18 de agosto de 2016 às 15h32.

São Paulo – O Brasil ficou em quinto lugar na disputa de saltos por equipe de hipismo, o cavaleiro Rodrigo Pessoa se ressentiu e afirmou que fez falta ao time.

De fora da equipe titular, Pessoa, único brasileiro campeão olímpico no hipismo e com seis olimpíadas na trajetória pediu dispensa porque não concordou em ver seu nome na reserva. Preferiu acompanhar a competição como comentarista de uma TV francesa.

O mau resultado brasileiro, disse Pessoa, é responsabilidade do técnico George Morris, que o preteriu em relação ao jovem cavaleiro Stephan Barcha. Este acabou eliminado porque seu cavalo estava machucado em razão do uso de esporas. Isso não teria acontecido com ele porque não usa esporas, declarou Pessoa.

Mas por que o cavaleiro com o melhor currículo ficou de fora da equipe titular brasileira no hipismo? É que os cavalos usados por Rodrigo Pessoa apresentaram problemas, não estavam mostrando bom desempenho e o técnico decidiu convocar Barcha, que vinha apresentando ótimos resultados em competições.

“Venho dos Estados Unidos, um país com longa tradição democrática. Tomei uma decisão justa. Uma pessoa não pode conseguir a vaga simplesmente por achar que tem direito a ela. Você não pode escalar alguém só por causa do seu histórico de excelência”, declarou Morris, no fim de julho.

Ele fez certo? Para o consultor em gestão de pessoas, Eduardo Ferraz, foi acertada a sua decisão. “Não se pode jogar apenas com nome”, diz. Embora seja comum no esporte, é errado convocar um atleta só porque ele é uma estrela, ainda que não esteja trazendo bons resultados.

“No futebol é bem comum. Muitas vezes tem patrocinador por trás e querem o medalhão na equipe. Está errado, mas a justificativa é que o atleta ainda pode impor respeito, gerar medo nos adversários”, diz Ferraz.

No mundo corporativo, manter na equipe um profissional que tem um passado brilhante mas um presente medíocre é ainda mais errado e prejudicial, segundo o especialista. Para ele, é válida a velha máxima de que sucesso no passado não significa sucesso no presente.

O bom histórico de carreira e os ótimos resultados no currículo são importantes e até dão certo crédito ao profissional que não esteja com bom desempenho no presente. Mas há um limite.

“Um jovem numa empresa tem um crédito de uns dois meses, um profissional maduro com histórico impecável tem um ano. Mas passou desse período, se não tiver resultado ele vai ser demitido, não tem jeito”, diz.

Numa cultura meritocrática, lembra o consultor, é preciso matar um leão por dia, por mais clichê que esta frase soe. Acomodar-se, diz, é uma atitude que vai comprometer até a mais bem-sucedida das pessoas. “Há risco de o profissional de sucesso se sentir estrela, ficar metido, perder a humildade e sua capacidade de se relacionar com as pessoas. Por se acomodar já está tecnicamente inferior e, então, ele começa a ser excluído”, explica.

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São Paulo – O Brasil ficou em quinto lugar na disputa de saltos por equipe de hipismo, o cavaleiro Rodrigo Pessoa se ressentiu e afirmou que fez falta ao time.

De fora da equipe titular, Pessoa, único brasileiro campeão olímpico no hipismo e com seis olimpíadas na trajetória pediu dispensa porque não concordou em ver seu nome na reserva. Preferiu acompanhar a competição como comentarista de uma TV francesa.

O mau resultado brasileiro, disse Pessoa, é responsabilidade do técnico George Morris, que o preteriu em relação ao jovem cavaleiro Stephan Barcha. Este acabou eliminado porque seu cavalo estava machucado em razão do uso de esporas. Isso não teria acontecido com ele porque não usa esporas, declarou Pessoa.

Mas por que o cavaleiro com o melhor currículo ficou de fora da equipe titular brasileira no hipismo? É que os cavalos usados por Rodrigo Pessoa apresentaram problemas, não estavam mostrando bom desempenho e o técnico decidiu convocar Barcha, que vinha apresentando ótimos resultados em competições.

“Venho dos Estados Unidos, um país com longa tradição democrática. Tomei uma decisão justa. Uma pessoa não pode conseguir a vaga simplesmente por achar que tem direito a ela. Você não pode escalar alguém só por causa do seu histórico de excelência”, declarou Morris, no fim de julho.

Ele fez certo? Para o consultor em gestão de pessoas, Eduardo Ferraz, foi acertada a sua decisão. “Não se pode jogar apenas com nome”, diz. Embora seja comum no esporte, é errado convocar um atleta só porque ele é uma estrela, ainda que não esteja trazendo bons resultados.

“No futebol é bem comum. Muitas vezes tem patrocinador por trás e querem o medalhão na equipe. Está errado, mas a justificativa é que o atleta ainda pode impor respeito, gerar medo nos adversários”, diz Ferraz.

No mundo corporativo, manter na equipe um profissional que tem um passado brilhante mas um presente medíocre é ainda mais errado e prejudicial, segundo o especialista. Para ele, é válida a velha máxima de que sucesso no passado não significa sucesso no presente.

O bom histórico de carreira e os ótimos resultados no currículo são importantes e até dão certo crédito ao profissional que não esteja com bom desempenho no presente. Mas há um limite.

“Um jovem numa empresa tem um crédito de uns dois meses, um profissional maduro com histórico impecável tem um ano. Mas passou desse período, se não tiver resultado ele vai ser demitido, não tem jeito”, diz.

Numa cultura meritocrática, lembra o consultor, é preciso matar um leão por dia, por mais clichê que esta frase soe. Acomodar-se, diz, é uma atitude que vai comprometer até a mais bem-sucedida das pessoas. “Há risco de o profissional de sucesso se sentir estrela, ficar metido, perder a humildade e sua capacidade de se relacionar com as pessoas. Por se acomodar já está tecnicamente inferior e, então, ele começa a ser excluído”, explica.

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