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A busca do equilíbrio

Trabalhei 12 anos em bancos de investimento como executiva sênior da área de finanças corporativas. O grande diferencial do mercado financeiro, na minha opinião, está no produto com o qual os profissionais lidam: dinheiro. É isso, no fim das contas, o que os impulsiona. É por meio do dinheiro que eles buscam status, poder e […]

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2008 às 18h30.

Trabalhei 12 anos em bancos de investimento como executiva sênior da área de finanças corporativas. O grande diferencial do mercado financeiro, na minha opinião, está no produto com o qual os profissionais lidam: dinheiro. É isso, no fim das contas, o que os impulsiona. É por meio do dinheiro que eles buscam status, poder e auto-afirmação, uma falsa segurança que muitas vezes acaba deturpando seu senso de realidade e seus valores. No trabalho, essas pessoas costumam ser admiradas, incensadas e tidas como superpoderosas. Fora desse contexto, no entanto, elas se perdem, não sabem como reagir e o que dizer. Têm dificuldade de assumir outros papéis. Não relaxam, não desligam. Vários não sabem nem mesmo o que fazer diante da bolada que recebem. Lembro de um colega do banco que comprou cavalos de raça e nem sequer se interessou em vê-los. Surpreendi-me ao saber que ele nunca havia visitado a Europa.

Num ambiente altamente competitivo como esse, as pessoas fazem questão de ostentar seu patrimônio e de divulgar o valor de seu bônus aos quatro ventos. Isso é tido como algo natural. Saber equilibrar vida profissional com vida pessoal, por sua vez, significa um desafio e tanto -- mas não é impossível. Apesar de trabalhar cerca de 13 horas por dia, eu jamais abri mão de fazer ginástica, curtir a família e me divertir. Também fazia questão de levar minha filha à escola todos os dias. A propósito, é raro encontrar mulheres com filhos (ou mesmo sem eles) nos corredores dos bancos de investimento, um mundo predominantemente masculino -- e machista. As poucas mulheres que encaram esse tipo de trabalho em geral não alcançam cargos de liderança. Para se defender nesse ambiente adverso, a grande maioria se torna masculinizada, estereotipada e agressiva. Eu mesma reconheço que errei na dose muitas vezes. Dei adeus ao banco há cinco anos porque a competição, que antes me estimulava, de repente passou a me incomodar. Hoje sou sócia da All-e -- empresa de marketing voltada para cultura, entretenimento e esportes -- e sinto imenso prazer no que faço. Mas não há como negar que a capacidade de pensar estrategicamente, analisar riscos, negociar e entender o mercado foi crucial para que meu novo negócio desse certo.

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Trabalhei 12 anos em bancos de investimento como executiva sênior da área de finanças corporativas. O grande diferencial do mercado financeiro, na minha opinião, está no produto com o qual os profissionais lidam: dinheiro. É isso, no fim das contas, o que os impulsiona. É por meio do dinheiro que eles buscam status, poder e auto-afirmação, uma falsa segurança que muitas vezes acaba deturpando seu senso de realidade e seus valores. No trabalho, essas pessoas costumam ser admiradas, incensadas e tidas como superpoderosas. Fora desse contexto, no entanto, elas se perdem, não sabem como reagir e o que dizer. Têm dificuldade de assumir outros papéis. Não relaxam, não desligam. Vários não sabem nem mesmo o que fazer diante da bolada que recebem. Lembro de um colega do banco que comprou cavalos de raça e nem sequer se interessou em vê-los. Surpreendi-me ao saber que ele nunca havia visitado a Europa.

Num ambiente altamente competitivo como esse, as pessoas fazem questão de ostentar seu patrimônio e de divulgar o valor de seu bônus aos quatro ventos. Isso é tido como algo natural. Saber equilibrar vida profissional com vida pessoal, por sua vez, significa um desafio e tanto -- mas não é impossível. Apesar de trabalhar cerca de 13 horas por dia, eu jamais abri mão de fazer ginástica, curtir a família e me divertir. Também fazia questão de levar minha filha à escola todos os dias. A propósito, é raro encontrar mulheres com filhos (ou mesmo sem eles) nos corredores dos bancos de investimento, um mundo predominantemente masculino -- e machista. As poucas mulheres que encaram esse tipo de trabalho em geral não alcançam cargos de liderança. Para se defender nesse ambiente adverso, a grande maioria se torna masculinizada, estereotipada e agressiva. Eu mesma reconheço que errei na dose muitas vezes. Dei adeus ao banco há cinco anos porque a competição, que antes me estimulava, de repente passou a me incomodar. Hoje sou sócia da All-e -- empresa de marketing voltada para cultura, entretenimento e esportes -- e sinto imenso prazer no que faço. Mas não há como negar que a capacidade de pensar estrategicamente, analisar riscos, negociar e entender o mercado foi crucial para que meu novo negócio desse certo.

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