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1. Profissões de dar inveja
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1/14 (Marcos Santos/Stock.XCHNG)
São Paulo - Que tal passar o dia tirando fotos de beldades (muitas vezes, nuas), provando cerveja ou chocolate, viajando à bordo de um cruzeiro ou desenhando histórias em quadrinhos? Pois bem. O que, para muitos, pode ser considerado um hobby ou a atividade ideal para as férias, para outros é uma opção de
carreira bem plausível. EXAME.com conversou com 13 profissionais que têm rotinas de trabalho de dar inveja no mais satisfeito dos mortais. No entanto, como tudo na vida, essas carreiras também têm seu lado B. Mas nada que tire o brilho nos olhos e a empolgação de quem encontrou uma
carreira que realmente o faz feliz.
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2. Fotógrafo de revistas como Playboy, VIP e Vogue
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2/14 (Arquivo pessoal)
Viver rodeado de belas mulheres (algumas vezes, nuas) é o trabalho dos sonhos de muitos homens. J.R. Duran já fotografou para as principais publicações do país como Playboy, Claudia, Vogue, VIP, Elle, entre outras. Mas, para o fotógrafo, a rotina de sua profissão tem semelhanças com a de um executivo. “O princípio dos negócios é o mesmo: satisfazer os clientes”, afirma Duran. “Eu alugo meus conhecimentos artísticos para meus clientes poderem resolver problemas visuais”, diz o fotógrafo. O desafio está justamente neste ponto. De acordo com Duran, por vender um “sonho”, o cliente pode desencantar e não se dar conta da quantidade de trabalho que envolve a produção de uma foto. Ele admite que existam vantagens, desde viagens internacionais para servir de cenários para as fotos à convivência com belíssimas modelos. “Tenho prazer em todos os processos do meu trabalho, desde resolvendo problemas burocráticos quanto na fotografia. Sempre tento sair da zona de conforto e melhorar”, afirma.
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3. Roteirista de histórias em quadrinhos
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3/14 (Divulgação)
Há 22 anos, Flávio Teixeira tem o trabalho que já esteve nos sonhos de muitos brasileiros por aí: criar as histórias da Turma da Mônica e outros personagens da Maurício de Souza Produções. Autor de histórias como “Coelhadas nas Estrelas” e “Avaturma”, Teixeira se sente uma espécie de padrinho dos personagens. “O Maurício é o pai”, afirma. Em média, ele precisa entregar 60 páginas aprovadas por mês. “O que é mais complicado de toda a profissão são os prazos. Isso complica para o lado criativo. Mas essa correria faz a gente brigar com os neurônios e a história sai”. Por isso, de filmes até notícias: tudo vira insumo para uma boa história. “Eu trabalho 8 horas por dia, mas não desligo. Faz parte do processo: se você desliga, perde a mão”.
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4. Desenhista de história em quadrinhos
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4/14 (Divulgação)
Outro que tem uma profissão que já entrou para a lista de planos de carreira de muita gente por aí é o José Aparecido Cavalcante, desenhista da Maurício de Souza Produções há 15 anos. “Com cinco anos, eu tentava copiar os desenhos animados colocando uma folha vegetal em cima da tela da televisão”, conta. “Minha mãe, coruja, dizia que eu já tinha um traço diferente”. Em média, ele precisa entregar umas cinco páginas de desenho por dia. A jornada de oito a nove horas é flexível. “Por mais que você tenha que seguir um roteiro, cada um tem um jeito diferente de interpretar aquela história. Você imprime um traço próprio no desenho”, diz. Mas, afirma, é preciso disciplina. “Um desenhista, às vezes, pode querer emagrecer um personagem. Mas isso não pode”. A base para fazer bons desenhos? “Observar sempre. Estar atento a tudo e a todos”, afirma. A desvantagem da própria rotina de trabalho? “Vou pensar e se encontrar, te respondo”, diz aos risos.
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5. Consultor de estilo
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5/14 (Ricardo Moraes/Reuters)
Que tal passar parte da sua rotina de trabalho comprando roupas? Se você gosta de moda, a carreira de personal stylist pode ser a profissão dos sonhos. Na prática, contudo, as tarefas profissionais vão além da missão de visitar lojas chiques e comprar. Para ser consultor de estilo é preciso gastar muito a sola do sapato. “A parte que não tem glamour é a que você tem que sentar em frente ao computador, montar guarda-roupa e pesquisar”, conta Ana Pedras, que trabalha no setor desde 2005. Você precisa conhecer lojas, ir a eventos, pesquisar preços e pesquisar muito sobre a vida da cliente”, afirma. O principal contra do trabalho? “A falta de rotina. Tem dias que você tem que acordar às 5 horas da manhã para atender a uma cliente. Em outros, você não tem nada para fazer", diz Ana. Agora, para além da paixão por moda, conhecer pessoas é o que faz os olhos da consultora de estilo brilharem durante o expediente. “Eu preciso entender a vida da cliente por completo. A ideia não é transformá-la numa página de revista, mas ter essa percepção”, diz.
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6. Analista de mídias sociais
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6/14 (Reuters)
Engana-se quem pensa que a rotina de trabalho de um analista de mídias sociais se resume a passar o dia surfando pelo Facebook, Twitter e, mais recentemente, Pinterest. “A rotina não é só clicar no botão curtir o dia inteiro. Parte do trabalho também tem processos não tão interessantes”, diz Lygia de Luca, editora web da Editora Saraiva. Entre eles, apresentar projetos para executivos que desconhecem o universo das redes sociais. O dia a dia depende de estratégia, um profundo conhecimento dos negócios da companhia em questão e domínio das principais ferramentas sociais. A graça do trabalho, para ela, está nas infinitas possibilidades de interação e engajamento com as pessoas. “Por mais que você esteja atrelado a um conceito, diretriz de linguagem e comportamento, há muito terreno para criar”, afirma. Agora, disciplina é palavra de ordem na rotina de um analista de mídias sociais. “As coisas mudam muito rápido e o tempo todo. Isso exige que você faça um novo planejamento e fazer tudo acontecer no tempo certo”, afirma. “Por isso, a pessoa tem que ser muito ativa”.
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7. Biólogo do Projeto Tamar
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7/14 (Divulgação)
Que tal dedicar parte da sua rotina de trabalho mergulhando em lugares paradisíacos, fazendo uma atividade coerente com seus valores, ir para praia todos os dias e ter como uniforme de trabalho chinelo e bermuda? Pois esse é um resumo básico da tarefa dos profissionais que atuam no Projeto Tamar. “Parte do nosso trabalho é de sensibilização dos pescadores. Vamos para a praia todos os dias para medir e pesar as tartarugas”, diz José Henrique Becker, coordenador técnico do Projeto Tamar no estado de São Paulo. Apesar de atuar em um local destinado para muitos às férias, os profissionais do Projeto trabalham muito. “Sem chance de ser um trabalho das 9 às 6. Mais do que exercer uma profissão, a gente trabalha por uma causa”, diz. Isso exige profissionais que sejam uma espécie de “pau para toda obra”. “Tem que ser biólogo, pesquisador, investigador, fotógrafo e educador”, afirma Becker. Além de não ter frescura para lidar com os animais. “O cheiro da tartaruga nem sempre é muito agradável. A imagem é muito mais bonita do que o cheiro”, afirma.
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8. Músico de cruzeiro
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8/14 (Divulgação)
Imagine conhecer locais como a costa africana, Mediterrâneo e mar do Caribe sem tirar um centavo do bolso trabalhando seis horas por dia? Pois esse é o currículo do músico Paulo Fenólio (foto), que há 12 anos dedica-se a embalar os cruzeiros da Royal Caribbean International. Em média, segundo ele, passa de 4 a 5 meses longe de casa a bordo do cruzeiro e aproveitando todas as paradas em terra. “Existem regras para a tripulação, mas também não é um confinamento. Alguns navios dispõem de academia, deck e, às vezes, até piscina para a tripulação”, conta. “Se você estiver a fim de evoluir, este é o tipo de trabalho que oferece um intercâmbio legal de conhecimento e cultura. Sem contar que você fala um outro idioma fluentemente sem precisar dispor de dinheiro para isso”, diz. O lado difícil está exatamente em ficar tanto tempo longe da família. “Para quem é jovem, quer conhecer o mundo e ganhar um dinheiro legal é uma boa oportunidade. Você conhece lugares que nem todo mundo teria chance de conhecer”, afirma.
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9. Heart Hunter
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A constatação de que “toda patologia vinha junto a dor do amor” somada à carência de profissionais mais especializados no mercado de relacionamentos amorosos levou a psicóloga Eliete Martielo inaugurar a profissão de Heart Hunter no Brasil. De acordo com ela, o trabalho de um heart hunter vai além daquele feito pelos consultores de agências de relacionamento. “É mais do que o trabalho do Hitch no filme Dr. Hitch – conselheiro amoroso”, diz. “Tem que ser formado em psicologia para poder também diagnosticar e tratar a pessoa”. Por isso, parte do trabalho está em conhecer profundamente os próprios clientes e até avaliá-los psicologicamente. “Se a pessoa ainda não está pronta, então encaminho para outros profissionais”. Quando o cliente está, enfim, preparado para assumir um relacionamento é hora de Eliete começar sua busca. Se não há ninguém compatível no banco de dados que ela mantém, a estratégia é partir para uma extensa rede de parcerias. Leia-se: cabelereiros, psicólogos e outros profissionais que lidam diretamente com o público feminino. O perfil médio de clientes atendidos por Eliete são homens e executivos. Para se adequar a apertada agenda deles, a heart hunter atende à noite e aos sábados. “O horário comercial é para trabalhar nos bastidores”, conta. E o trabalho se estende até depois do relacionamento ter engatado. Periodicamente, ela entra em contato para saber como a vida de cada cliente está caminhando.
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10. Mestre cervejeiro
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10/14 (Germado Luders/Exame)
Para muitos, um mestre cervejeiro tem o papel exclusivo de degustar as cervejas que saem das fábricas. Ana Lúcia Lourenço Rodrigues, mestre cervejeira da Ambev, ela degusta, sim, cerveja durante sua rotina de trabalho. Mas, ela conta: há um limite diário para a avaliação sensorial da cerveja. “É preciso também provar outros ingredientes da cerveja como a água, o malte, o lúpulo”, explica Ana Lúcia. Graduada em engenharia química, ela diz que quanto mais entende, mais se apaixona pela bebida. Ela também afirma que os mestres cervejeiros podem trabalhar no centro de desenvolvimento tecnológico para desenvolver novas cervejas ou na produção da bebida. E alerta: para ser um mestre cervejeiro a paixão tem que ir além da bebida, é preciso gostar da rotina do processo de fabricação de cerveja, que envolve avaliar a qualidade e liderar pessoas. A Ambev tem o programa anual de Trainee Industrial que tem objetivo de selecionar estudantes interessados na carreira de mestre cervejeiro. Podem se inscrever estudantes de engenharia, química, farmácia, agronomia e biologia.
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11. Gerente de lazer e entretenimento
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11/14 (Divulgação)
Sua rotina é planejar o lazer dos hóspedes, se haverá na programação uma degustação de vinhos, aula de ioga ou torneios de futebol. Para Cristiano Brito Andrade, gerente de lazer e entretenimento do Sofitel Guarujá Jeriquitimar desde 2006, o desafio é agradar os hóspedes. “Tem hóspede que gosta de ler livro, outro que quer entrar na piscina e fazer uma aula de hidroginástica e outro que quer relaxar com a filha”, explica. Além disso, ele é responsável pelos orçamentos, custos e uma equipe. Uma das vantagens de sua profissão, (além de ter como local de trabalho um hotel de luxo) é que ele viaja e frequenta outros hoteis para ganhar referências. “Mesmo quando viajo nas férias eu observo o entretenimento dos lugares”, explica. Para as pessoas interessadas nessa área, é preciso ter graduação em turismo e uma pós-graduação em administração de empresas. “Tem que ser uma pessoa inquieta e um eterno pesquisador de novidades”, afirma Andrade. É preciso também saber fazer planejamento estratégico, controle de finanças e habilidade para gerenciar pessoas.
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12. Quality Assurance de Games
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12/14 (Getty Images)
Seu trabalho? Testar videogames. Marcelo Nicolosi Santos é quality assurance (responsável por garantir a qualidade) da Eletronic Arts Mobile(EA Mobile) e afirma que muitos acham que seu trabalho é brincadeira. Entretanto, ele garante: não é tarefa fácil jogar vídeo game com olhar clínico e tentar identificar todos os erros possíveis de um jogo. “Além disso, precisamos seguir um roteiro, temos tabela, documentos e formulários para preencher para relatar os bugs dos jogos”, explica. Formado pela Universidade Cruzeiro do Sul em jogos digitais, ele diz que a vantagem é que seu trabalho permite jogar diferentes gêneros de games. Fato que o faz acumular uma bagagem de informações de design e programação de jogos. “É uma porta de entrada para profissionais que querem ingressar no mercado de games”, afirma. Para Camila Penteado Paneghine que estuda design de games na Faculdade Anhembi Morumbi e é estagiária de QA na EA Mobile, é essencial saber inglês para atuar no setor. Conhecimento em outra língua também é desejável, pois ela testa jogos em japonês, espanhol, entre outros. O salário também não é dos sonhos já que não é preciso ter curso superior para ser um QA e o expediente é de oito horas para um profissional graduado.
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13. Repórter de turismo
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13/14 (Arquivo pessoal)
Ser paga para viajar, conhecer a cultura de vários países parece realmente ser um sonho. Mas não é para qualquer jornalista, pois os que trabalham na redação de uma revista ou site, por exemplo, raramente viajam com tanta frequência. Adriana Setti, repórter freelancer de turismo, mora na Europa há doze anos e viaja muito, muito. “Alugo meu apartamento em Barcelona no inverno, pois nunca fico lá nessa estação”, explica. Só para ter uma ideia: durante três anos seguidos foi para Ásia. Além disso, faz viagens curtas pela Europa durante o resto do ano. Agora para quem não acredita há, sim, desvantagens nessa profissão. “Durante viagens a passeio, as pessoas não entram em 25 hoteis diferentes para testar. E tento não comer no mesmo restaurante mesmo tendo gostado muito”, relata Adriana. Ela também diz que a parte de serviço, que envolve endereços, preços e outras informações fazem parte da matéria. Ao escrever a matéria, não basta apenas descrever os locais e as sensações. É preciso seguir um padrão. Para quem quer ser repórter de turismo (freelancer) e viajar pelo mundo, Adriana alerta: é preciso ser portátil, lidar com instabilidade e ser desapegada. “Aprendi a não ter ciúmes da minha casa, por exemplo”, diz.
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14. Degustador de chocolate
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14/14 (Getty Images)
Entre as tarefas que Ana Lúcia Brasil Fontes, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Hersheys, precisa realizar durante o expediente, degustar chocolate é uma delas. Sonho de qualquer chocólatro de plantão? Sim, ela mesma admite que sempre foi chocólatra e que engordou 5 quilos no primeiro mês de trabalho. Entretanto, explica que não experimenta barras de chocolate, “é preciso degustar também as matérias primas do chocolate como a massa de cacau, leite, cookies, entre outros”, afirma. Ana Lúcia, que é graduada em engenharia de alimentos, explica que a massa de cacau é amarga e você quase não consegue engolir. “É preciso saber se há notas de queimado e fumaça que podem interferir na qualidade do produto”, diz. Além disso, quando há uma demanda de um produto novo, é preciso criar tudo do zero, ou seja, desde decidir quantas camadas terá o chocolate até quanto é o recheio ideal. “As análises são internas e alinhadas com os parceiros das fábricas dos Estados Unidos”, explica.