CPI se contamina pelo fenômeno eleitoral. (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2021 às 20h31.
Por Márcio de Freitas*
A frase que se atribui a Tip O’Neill, ex-presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, foi aplicada na prática pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia com a convocação de nove governadores ou ex para prestarem depoimento nas próximas semanas. A eleição de 2022 vai estar nas entrelinhas de cada pergunta, de cada resposta.
Senadores que não necessitam renovar seus mandatos em 2022 são dois terços da Casa congressual. Podem, por isso, disputar eleição sem risco de perder o mandato. E muitos costumam estar de olho na cadeira de governador. A contaminação da CPI pelo fenômeno eleitoral transborda, portanto, do cenário nacional, onde o alvo é o presidente Jair Bolsonaro, para os estados.
É inevitável que cenas de debate local, focado nas disputas regionais aflorem nos próximos dias. E é tudo que o governo federal deseja. Essa é uma vitória importante para o Palácio do Planalto.
Os problemas, crises de atendimento, acusações, casos de desvios de recursos e corrupção serão diluídos pelo país. Se há problemas no enfrentamento da pandemia no plano nacional, a coisa se multiplica por 27 quando se regionaliza o debate. Exponencialmente a blindagem de Bolsonaro melhora, pois há casos de batom nas roupas íntimas de fazer corar estátuas.
A CPI da Pandemia avança no tempo, mas com desvios. E segue sua trajetória ainda sem conseguir o troféu buscado pelos opositores. Até porque os desentendimentos sobre como conduzir as investigações mantém o clima belicoso mesmo entre o grupo majoritário, mas não completamente homogêneo, de oposição ao governo. Bolsonaro divide o palco, e ficará feliz, dessa vez, em não ser o protagonista.
*Márcio de Freitas é analista político da FSB Comunicação
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