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SXSW 2022: Úteroverso e a transformação através da luta das mulheres

Mulheres estão à frente de boa parte dos avanços ligados ao enfrentamento dos desafios globais e à regeneração dos sistemas sociais

Mulheres encabeçam um poderoso resgate de cultura e ancestralidade. (Ponomariova_Maria/Getty Images)

Mulheres encabeçam um poderoso resgate de cultura e ancestralidade. (Ponomariova_Maria/Getty Images)

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Publicado em 17 de março de 2022 às 17h00.

Por Rodrigo Carvalho*

Se o metaverso pode criar versões alternativas da realidade em um mundo virtual, o úteroverso, por sua vez, é o poder de transformação do mundo real partindo das lentes e das lutas das mulheres. Afinal, são elas que estão à frente de boa parte dos avanços ligados ao enfrentamento dos desafios globais e à regeneração dos sistemas sociais, políticos e econômicos.

As mulheres não apenas trazem um olhar distinto e inovador para a elaboração de futuros possíveis, como também encabeçam um poderoso resgate de cultura e ancestralidade. Essa combinação ganha contorno dentro e fora dos recortes temáticos que atravessam a programação do maior evento de criatividade, cultura e inovação do Ocidente, o SXSW.

A revista Austin Woman foi criada por Melinda Garvey em 2002, para celebrar a participação de mulheres em eventos locais como o SXSW e publicou este ano uma lista com as principais atrações lideradas por mulheres no festival. São palestras, painéis, exposições, performances e experiências que estão fazendo a diferença ao abordar pontos críticos e urgentes em todas as trilhas de conteúdo.

Participações como a de Celine Tricart, especialista em realidade virtual que se tornou conhecida por combinar técnicas de documentário e o uso de novas tecnologias na produção audiovisual, e da proeminente cantora e produtora executiva do Watch Out for the Big Grrrls, Lizzo, são alguns dos muitos exemplos em que a contribuição vai além da profundidade temática e toca também a dimensão do ativismo ajudando a ressignificar o papel das mulheres na comunidade artística e científica que formam o corpo do evento.

Ainda que não seja um movimento recente, ele é mais vivo do que nunca, e a participação das mulheres na recriação desse decadente e caótico mundo tem muito mais a oferecer pela frente. Assim como eu tenho procurado fazer constantemente, recomendo a todos que reflitam sobre a profundidade da expressão 'the future is female', porque ele realmente é e o mundo só tem a ganhar com isso.

Que história é essa de Úteroverso?

Não sei exatamente quando nem como este termo veio ao mundo, mas posso (e devo) contar como ele veio até mim. Foi numa roda de amigas, artistas e pesquisadoras da capital catarinense, que conversavam sobre visões e narrativas do futuro. Era véspera do primeiro dia do SXSW e fiz minhas ressalvas sobre a ascensão do metaverso, que já se projetava como principal tema do evento.

Na força e na alegria do diálogo surge: “nada de metaverso, viva o úteroverso!”, e rimos. Empolgadas com a potência daquele termo e daquelas ideias, elas decidiram criar um festival artístico e experimental que deve ter sua primeira edição ainda esse ano. Tal como o SXSW, nasce aqui e agora, da emergência de um novo olhar recheado de artes, intelectualidade e coragem de transformar o mundo.

*Rodrigo Carvalho é diretor de inovação da iD\TBWA

*Sônia Norões é diretora de RH e Customer Experience da Beep Saúde

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