Série trata de uma família de bilionários (HBO / Warner/Divulgação)
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Publicado em 27 de maio de 2023 às 10h56.
Por Danilo Vicente*
Neste 28 de maio termina Succession, sucesso de público e de crítica. Quatro temporadas com dez episódios cada sobre uma família de bilionários, os Roy, dona de um conglomerado de comunicação. Muito se diz que a trama é baseada na família de Rupert Murdoch, proprietário da News Corporation, um dos maiores conglomerados de mídia do mundo. E realmente é bem semelhante... mas não igual.
Neste meu texto vou contra a maré. É evidente que Succession é um produto de qualidade, especialmente em relação à produção e ao incrível elenco. E acerta em cheio ao abordar os excessos dos ultra ricos e como eles exploram e manipulam os demais. Por isso assisto.
Porém, o roteiro me dá raiva. E aponto o motivo. Talvez eu tenha demorado demais para assistir e, depois de tanto ouvir fãs da série, resolvi começar quando ela já estava em sua última temporada. Sim, criar expectativas nunca dá certo. Mas não é só isso.
A série da HBO foca em Logan Roy, o patriarca, e seus quatro filhos. Só que os quatro são idiotas por tempo demais. Tudo bem agir de maneira inocente, equivocada, indecente, mas isso é por anos e anos. Claro que é possível, mas os erros se avolumam de tal maneira que acaba ficando inverossímil.
Não me refiro à falta de limite deles, o que é bem real. O que pega mal para mim é ter gente que chega a um nível alto de riqueza e continua caindo em malandragens – do pai e de outros. Mais: repetem sempre as besteiras já feitas, ano após ano.
Há também falhas pontuais. Os quatro primeiros episódios são bem ruins. Aí a série engrena, mas cai novamente. E depois engrena, e cai de novo. Fã de Succession, por que, afinal, Marcia (a esposa de Logan) impede que os filhos vejam o pai logo que ele sofre um AVC? Fica um climão, algo está sendo armado... e simplesmente o fato passa a ser ignorado.
A mesma Márcia é uma personagem que vai ganhando espaço, a única que parece ser leal a Logan. E aí ela some. A atriz Hiam Abbass parece não ter tido qualquer problema, fora da tela, que justifique o sumiço. A ex-esposa também poderia ter sido mais bem aproveitada, mas só aparece uma segunda vez para um casamento nada a ver para alguém que foi casada com uma “raposa” esperta. Beira a infantilidade, assim como as atitudes dos filhos, que nunca amadurecem. Quando a gente acha que um deles vai acertar, tudo que ele passou e aprendeu simplesmente desaparece e volta para o mesmo lugar. Um looping infinito e cansativo.
O chamado “Episódio 3”, na temporada final, dá um choque. E isso é bom e dá a entender que alguém assumirá a chefia do negócio. Até o episódio derradeiro, nada ainda. Sempre a mesma coisa, a mesma história, cada hora com um filho diferente.
Vou assistir o último episódio para ter um alívio. Entretenimento bom, mas que poderia ser ótimo com alguns ajustes. Para quem ainda nem começou a assistir, talvez ler este texto possa ajudar a não criar expectativas e, quem sabe, fazer gostar tanto quanto os fãs fiéis da série.
*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação
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