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Setembro salgado

Coluna diária de Alon Feuerwerker analisa a alta de preços puxada pelos alimentos e combustíveis

Caso o repique dos preços se mantiver, o governo estará com um abacaxi para descascar (Pilar Olivares/Reuters)

Caso o repique dos preços se mantiver, o governo estará com um abacaxi para descascar (Pilar Olivares/Reuters)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 20h45.

Última atualização em 9 de outubro de 2020 às 21h02.

O índice de preços acelerou em setembro, especialmente na comida e nos combustíveis (leia). As causas? Mais dinheiro no bolso do povão (auxílio emergencial) e também alguma retomada da economia. Para os próximos meses, resta saber quanto o segundo fator vai compensar o enfraquecimento do primeiro.

Qual o risco de a alta nos preços da comida e dos combustíveis propagar para o resto da economia e gerar um problema inflacionário real? Pelo lado dos preços livres, o risco não parece ser alto, pois a atividade ainda está longe de ser brilhante e o desemprego nem começou a ser arranhado pela dita recuperação.

Mas será necessário olhar com atenção os preços administrados, um grupo de baixa elasticidade em relação à demanda. Com frequência, eles são o núcleo mais resistente a políticas anti-inflacionárias, até por estarem em setores que, apesar de teoricamente regulados, operam em mercados monopolizados.

O certo é que se o repique dos preços se mantiver o governo estará com um abacaxi para descascar. Terá de dar duas más notícias logo após a eleição: o auxílio emergencial acabou e os juros vão subir para conter a demanda. Um abacaxi e tanto.

 

* Analista político da FSB Comunicação

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