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Reputação nos tempos de cólera, internet e BBB

O que mudou é que ficar quieto ou em cima do muro também constrói reputação ou destrói pessoas e marcas

A internet já nos tinha dado a possibilidade do “voyeurismo” rápido e constante de pessoas e marcas (Globo/Reprodução)

A internet já nos tinha dado a possibilidade do “voyeurismo” rápido e constante de pessoas e marcas (Globo/Reprodução)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 30 de janeiro de 2021 às 16h02.

Destruir uma reputação realmente é muito mais rápido e fácil do que construi-la. Porém, em tempos de transformação digital, reality shows, streaming, redes sociais e pandemia, este processo torna-se muito mais veloz, para ambos os lados.

Para as pessoas e as marcas a questão é: diferente da mulher de Cesar, não basta mais parecer, tem que ser mesmo. Porque a realidade das coisas e das entrelinhas da exposição digital excessiva exprime opiniões e preceitos que entregam sua essência e olhar de mundo.

Não é uma discussão de certo ou errado. De ética e moral. É muito mais uma questão de comportamento social, propósito e senso e sua correlação com a reputação.

A internet já nos tinha dado a possibilidade do “voyeurismo” rápido e constante de pessoas e marcas. Os reality shows sempre ressaltaram a curiosidade de acompanhar a realidade nua e crua de estereótipos e grupos de indivíduos. E a pandemia nos trouxe, em nosso isolamento social e mental, a falta de novos assuntos para discutir, pensar e julgar.

Somos seres que julgam. Mesmo sem querer. E nosso julgamento constrói ou destrói as reputações. Querer saber e falar sobre o outro não é algo novo. O realismo não é algo que surgiu agora, a literatura mesmo prova isso. O que é novo é a rapidez com que uma simples frase pode te tornar vilão ou herói. Que um pequeno gesto te joga no poço mais escuro ou no éden mais iluminado.

O que mudou é que ficar quieto ou em cima do muro também constrói reputação ou destrói pessoas e marcas. A neutralidade, antes tão utilizada como estratégia para evitar impactos e polêmicas, já não é mais efetiva.

O que mudou é que, como sociedade, estamos monotemáticos, ansiosos por jogar pedras ou fazer afagos à vida dos outros.

Porque o dia do julgamento final é todo dia e é sempre “mais fácil suportar as dores alheias que as próprias”.

* Sócio-diretor de Estratégia da FSB Comunicação

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