(Bússola Executiva/Bússola)
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Publicado em 9 de setembro de 2024 às 12h58.
Viver em um país tropical como o Brasil, com estações do ano pouco demarcadas, é uma faca de dois gumes para o agronegócio. Se, por um lado, garante produtividade quase que permanente em muitas lavouras país afora, por outro impede que a própria natureza, em seus ciclos de temperatura e chuvas, se encarregue de combater doenças, insetos e parasitas que tiram o sono de muito produtor rural.
Nesse contexto, o uso de defensivos agrícolas acaba sendo essencial para garantir a colheita. De olho nessa realidade, e com o intuito de ficar mais próximo de um mercado pujante como o brasileiro, a Syngenta expandiu sua operação no país. A empresa líder em inovação agrícola, que oferece soluções de proteção da saúde das plantas e do solo, nomeou André Savino como presidente da Syngenta Proteção de Cultivos no Brasil – cargo que não existia até o ano passado.
"Antes o Juan Pablo Llobet ocupava as cadeiras de América Latina e de Brasil. Ele abriu então essa cadeira de Brasil para a gente ficar mais próximo do agricultor, uma empresa mais responsável, mais ágil e para atender todas essas demandas e desafios de operar numa agricultura tropical que a gente precisa ter que ser ágil".
Savino se formou em Agronomia na Unesp, fez especializações nos Estados Unidos e na França e comanda parte dos 17,9 mil funcionários espalhados pelos 90 países onde a Syngenta atua. Ele compartilhou um pouco de sua trajetória e da empresa em que atua em entrevista à Bússola Executiva.
A Syngenta cresce no modelo de âncora, adquirindo empresas que são referência nas regiões onde atuam para que, por meio de parcerias, faça com que a sua tecnologia chegue até o produtor.
"A gente não quer, de maneira nenhuma, competir com o sistema de distribuição nem com as cooperativas. A gente quer, sim, juntamente com eles, preencher alguns gaps para que a nossa tecnologia chegue ao campo".
A última aquisição foi da Produtécnica, que atua na região do MAPITO, do Arco Norte, que abrange estados como Maranhão, Tocantins e Piauí. A área promete um futuro promissor, segundo o presidente.
"Uma região que a gente acredita que vai ser uma das maiores expansões da agricultura daqui pra frente", garante.
É justamente nessa área que a Syngenta vai poder colocar mais uma vez em prática uma de suas mais importantes ações, o Reverte. "É uma iniciativa que visa empregar tecnologia para transformar pastagens degradadas em áreas produtivas. Você consegue preservar tudo que a gente tem hoje de floresta, o que é extremamente relevante para que a gente consiga ter todo um clima, um ambiente mais sustentável", explica.
Savino conta que qualquer novo defensivo no Brasil precisa ser rigorosamente estudado e testado por três órgãos que trabalham em consonância: a Anvisa, que olha para as questões de vigilância sanitária e de saúde, o IBAMA e o Ministério da Agricultura, que analisam a eficiência dos produtos. Uma vez aprovada a nova tecnologia, impõe-se o maior desafio: assegurar que o produto seja aplicado corretamente.
"São três grandes órgãos auditando todo esse processo, e um produto, para ser introduzido hoje no Brasil, leva-se anos atendendo todos esses requisitos. Então, quando você chega com uma tecnologia nova, ela foi muito estudada. E, desde que aplicada corretamente, ela não representa risco nenhum nem para o meio ambiente nem para as pessoas", assegura Savino.
Esse tripé de fiscalização e controle, segundo o presidente da Syngenta, garante que tenhamos uma agricultura sustentável no Brasil.
Um dos mais recentes pilares de atuação da Syngenta é uma plataforma digital chamada Syde. Ela funciona há dois anos como uma espécie de marketplace conectando os agricultores parceiros e investidores. E tem dado bastante resultado, com crescimento expressivo.
"Você tem, obviamente, grandes agricultores em larga escala que têm um time financeiro altamente estruturado, mas você também tem um pequeno agricultor atendido pela revenda que precisa de uma ajuda. Foi então que a Syngenta decidiu lançar uma plataforma para que a gente consiga fazer a conexão do agricultor, do distribuidor parceiro da Syngenta, com toda essa ferramentaria existente no mercado, seja ele de bancos privados, de títulos emitidos na B3, recursos de indústrias", explica.
A paixão pelo plantar é algo tão profundo que Savino tem até dificuldade de explicar de onde vem, já que a família nunca teve qualquer relação com a área.
"Até meu pai me disse assim, mas a gente não tem fazenda, por que você vai trabalhar, vai fazer agronomia? Eu sou apaixonado, talvez até de outras vidas, por agricultura, por todo esse processo do início ao fim, por produzir alimento, por contato com a terra, e eu sempre fiquei interessado em entrar nesse negócio. E, quando eu fiz Agronomia, eu realmente me realizei", conta.
Em 27 anos na Syngenta, muitos deles em cargos executivos de liderança, juntou algum dinheiro. Resolveu investir parte dele em um sonho antigo.
"Sou hoje um pequeno agricultor de café, cafeicultor, o que me permite hoje entender as dores e os desafios do agricultor brasileiro: climáticos, de financiamento, acesso ao crédito, biológicos, de comercialização. Isso me traz hoje uma sensibilidade muito grande para olhar para a agricultura e falar assim: como eu consigo, dentro da Syngenta e através da Syngenta, interferir positivamente para que a gente possa ter uma agricultura aqui no Brasil muito forte, muito sustentável?".
Terminamos a entrevista com a esperança de que o café que servimos antes da entrevista esteja minimamente à altura da expertise do cafeicultor, que garantiu, para nosso alívio: não decepcionamos. "Muito bom! O café é muito bom!".
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