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Por que a IA deu certo e o metaverso não?

Apesar de uma ideia ou tecnologia parecer promissora, sua adoção e impacto real no mercado podem levar tempo. Confira o artigo de Nilio Portella

A inovação muitas vezes requer um período de amadurecimento (Reprodução/Reprodução)
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Publicado em 10 de setembro de 2024 às 10h00.

Por Nilio Portella*

Mesmo com os avanços tecnológicos transformando a dinâmica do mundo dos negócios , há inovações que levam um ciclo maior do que o previsto para atingir seu potencial máximo.

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Muitas vezes, as novidades são recebidas com um certo ceticismo ou desconfiança pelo mercado, como podemos assistir com a inteligência artificial (IA) e o conceito dos veículos elétricos, que, apesar de suas promessas e expectativas, demoraram alguns anos para se consolidar – e há quem defenda que isso ainda está longe de acontecer.

Esses exemplos mostram que, apesar de uma ideia ou tecnologia parecer promissora, sua adoção e impacto real no mercado podem levar tempo. O que podemos aprender com eles?

A trajetória da inteligência artificial

A IA é um modelo de tecnologia disruptiva que enfrentou resistência, embora seus conceitos fundamentais existam desde o século passado.

Um estudo de 2023 da consultoria McKinsey , mostra que até bem pouco tempo atrás grande parte das empresas ainda lutava para integrar a IA em suas operações e fatores como falta de infraestrutura, dados insuficientes e complexidade dos algoritmos contribuíram para essa lenta adoção.

Foi somente nos últimos dez anos que sua aplicação prática começou a decolar, resultado de métodos mais acessíveis de aprendizado da ferramenta e do aumento do poder computacional  que a tornaram um instrumento essencial para os negócios, revolucionando setores como saúde, finanças e marketing, além de já estar presente no mainstream de quase toda sociedade.

Veículos elétricos também demoraram para rodar

Outro cenário interessante para citar é o setor de veículos elétricos (EVs), visto com o olhar do glamour enquanto tendência, mas que ainda vem evoluindo para se tornar uma realidade mundial.

É verdade que a ideia de carros elétricos não é nova e tem sido discutida desde o século XIX. No entanto, apenas no início dos anos 2010 que a tecnologia começou a ganhar tração, impulsionada por empresas como a Tesla e avanços no desenvolvimento de baterias de lítio e infraestrutura de carregamento.

Dados daAgência Internacional de Energiaindicam que o mercado deEVssó começou a crescer de fato a partir de 2015, há menos de dez anos,  com a adoção mais ampla ocorrendo em razão da redução de custos e de políticas governamentais favoráveis, como incentivos fiscais, além do aumento da discussão relacionada à sustentabilidade e créditos de carbono.

E as impressoras 3D?

Com a indústria de impressoras 3D também pudemos assistir à lenta evolução de um movimento.

Desde a invenção da impressão tridimensional, na década de 1980, que vem sendo prometido transformar a maneira com que a fabricação e o design são feitos. No entanto, a verdadeira revolução começou mesmo a acontecer na última década, muito por reflexo da queda do custo dos maquinários e do acesso à tecnologia.

Relatório da SmarTech Analysis , publicado em 2023, apontou que a impressão 3D finalmente encontrou seu nicho em áreas como prototipagem rápida e fabricação personalizada, mas sua adoção em escala enfrenta desafios, como a escassez de materiais e custo elevado.

O metaverso nadou, nadou, nadou, mas…

Agora, o que falar do Metaverso, criado pela Meta e idealizado por Mark Zuckerberg? Como contraponto dos citados acima, o Metaverso é, na realidade, um exemplo de novidade que demorou, demorou, demorou…e não vingou.

Para relembrarmos alguns momentos chaves, foi em 2021 que Zuckerberg anunciou com certo alarde a mudança de Facebook para Meta – e toda sua visão para o espaço virtual tridimensional onde as pessoas poderiam interagir, trabalhar e socializar. Porém, a realidade, nesse caso, foi bem concreta mesmo – e virtualmente, ficou apenas na teoria.

Mesmo com investimento massivo, a adoção do Metaverso tem sido muito mais lenta do que o esperado. As tecnologias lá presentes ainda se encontram em um estágio de desenvolvimento basilar, com limitações em termos de interoperabilidade, acessibilidade e, principalmente, aceitação do público.

Além disso, o alto custo dos dispositivos necessários e preocupações com a privacidade dos usuários têm dificultado a adoção dos produtos em larga escala.

A resposta está na persistência

A inovação muitas vezes requer um período de amadurecimento, adaptação e superação de barreiras iniciais antes de se tornar uma parte integral do cotidiano.

É só à medida que a tecnologia continua o seu processo de evolução que o reconhecimento dessas adversidades e a capacidade de superá-las acontece.

Às vezes sorte e às vezes juízo, mas sempre muita resiliência e confiança, atitudes essenciais para transformar promessas em realidades estabelecidas.

*Nilio Portella é CEO e co-fundador do M&P Group, um dos maiores grupos de comunicação do Brasil, é economista, publicitário e especialista em comunicação governamental.

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