As estátuas chegaram no dia 14 de julho (Westbrook Gallery / Tusk/Divulgação)
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Publicado em 29 de julho de 2023 às 10h00.
Por Danilo Vicente*
Não é a primeira vez. Já vimos vacas e rinocerontes em São Paulo. Pelo planeta há exposições de arte com estátuas de animais. Desta vez, gorilas na capital inglesa, desde 14 de julho. O que difere essa exposição nas terras londrinas é o tema em uma cidade que tem mais estátuas de animais do que de mulheres e negros, causando controvérsia.
Estudo da instituição de caridade britânica Art UK, do fim de 2021, aponta que 8% das esculturas públicas em Londres retratam animais, enquanto apenas 4% retratam mulheres. Negros representam somente 1% das esculturas da cidade, com mulheres negras respondendo por 0,2%.
Os números contrastam com as estátuas e esculturas dedicadas a homens, cerca de 20% dos 1.500 monumentos da cidade e 79% de todas as estátuas dedicadas a “pessoas nomeadas”, indica a organização.
Agora, os visitantes do bairro de Covent Garden encontram uma visão surpreendente: uma trilha de 15 esculturas de gorilas em tamanho real. Parceria entre a Westbrook Gallery e a organização Tusk, as obras de arte chamam atenção para os esforços de conservação da vida selvagem na África.
“A população de gorilas africanos permanece criticamente ameaçada em ambas as espécies, ocidentais e orientais”, diz Tusk em seu site.
Os gorilas têm um código QR que incentiva doações para a Tusk. Artistas famosos por lá – Rankin, Jago e Chila Kumari Burman – contribuíram para o projeto. O guitarrista dos Rolling Stones, Ronnie Wood, projetou um gorila inspirado no hit de 1966 da banda, "Paint It, Black".
A comparação entre estátuas de homens e de mulheres, entre de pretos e de brancos, claramente tem lugar. Já os animais... fica a dúvida. Ações como a da Tusk têm um objetivo evidente, auxiliar na conscientização sobre a extinção de animais. Hoje, no planeta, segundo a Tusk, existem 1.000 “gorilas das montanhas”, aqueles mais conhecidos. É muito pouco, ainda que este número seja melhor que o identificado há alguns anos.
Então, quando pessoas criticam estátuas de gorilas ou qualquer outro animal fica o sentimento de que é preciso olhar para o outro lado. Em vez de criticar estátuas de animais, é preciso pensar em ações para homenagear mulheres, negros, indígenas, enfim, pessoas que merecem destaque por seus trabalho ou ações e, hoje, estão quase esquecidas.
*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação
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