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Para não afundar na CPI, governo precisa de 2 votos e da opinião pública

No primeiro dia, o governismo tentou desmoralizar o ex-ministro Mandetta e arrastá-lo para a corresponsabilidade

Mandetta acabou colhendo algumas situações úteis para serem exibidas em vídeo e áudio em eventual disputa eleitoral. (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
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Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2021 às 19h57.

A tática da maioria da Comissão Parlamentar de Inquérito ficou clara no primeiro dia de depoimentos, abertos pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Um processo de aproximações sucessivas para atingir o objetivo: caracterizar que o presidente da República optou por alcançar rapidamente a chamada imunidade de rebanho e assim antecipar a normalidade econômica.

Não chega a ser tática arriscada, pois há elementos factuais a sustentar. Aliás era uma linha anunciada por senadores da liderança da CPI. Talvez haja alguma dificuldade para carimbar em Jair Bolsonaro formalmente uma acusação criminal, mas o objetivo político está à mão: desembarcar no processo eleitoral de 2022 lançando na conta dele o débito das mortes.

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Já do lado do governismo, também previsivelmente, tratou-se de tentar desmoralizar o ex-ministro, inclusive opondo as convicções atuais dele às declarações e ações do passado. Mandetta, pré-candidato a presidente pelo Democratas, buscou esquivar-se, e acabou colhendo algumas situações úteis para serem exibidas em vídeo e áudio numa eventual disputa eleitoral.

E tem a vantagem de navegar a favor do vento.

O oficialismo procurou também arrastar o ex-ministro para a correponsabilidade diante da coisa toda. Dois são os fatos a que o governismo apelou: 1) por que não se fecharam as fronteiras precocemente, quando ainda não havia casos de Covid-19 no Brasil e 2) por que se manteve o Carnaval de 2020, no final de fevereiro daquele ano?

A CPI está só começando, mas no primeiro dia não chegou a haver pelo lado dos senadores alinhados ao Palácio do Planalto propriamente uma defesa das atitudes e ações presidenciais, preferiu-se, como dito, enfraquecer a palavra do acusador. Tirá-lo para dançar no triste concurso de para quem lançar a contabilidade das vítimas fatais da epidemia.

Na conta da política, o dia inicial de depoimentos terminou como começou: com seis senadores críticos ao presidente, quatro a favor e um presidindo (e que está alinhado àqueles seis). No frigir dos ovos, a não ser que a CPI faça aparecer uma "bala de prata", essa conta é que vai definir o que dirá o relatório final. Para o governo, portanto, trata-se de virar dois votos.

Para melhorar suas chances nesse jogo, o Planalto só não pode ver naufragar suas linhas de defesa junto à opinião pública. Tentou evitar isso hoje.

*Alon Feuerwerkeré analista político da FSB Comunicação

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