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Os desafios de empreender em tecnologia financeira

Empreender é uma jornada com curvas em que poucos conseguem ver o fim dessa estrada

Maior ativo de qualquer empresa são as pessoas; se você quer algo bem feito, contrate pessoas boas (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Maior ativo de qualquer empresa são as pessoas; se você quer algo bem feito, contrate pessoas boas (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Publicado em 11 de abril de 2022 às 23h08.

Por Bruno Chan*

Sabemos que empreender não é fácil. É uma jornada com muitas curvas em que poucos conseguem ver o fim dessa estrada. A minha jornada empreendedora começou quando eu tinha 23 anos e estava morando em Xangai, na China. Trabalhei durante três meses em uma trading que exporta equipamentos para a indústria de plástico da China para o Brasil. Inconformado com a ineficiência da empresa, decidi pedir minhas contas e montar minha própria trading. Na raça, sem saber fazer negócios, sem dinheiro e sem equipe. E deu certo.

Tive minha empresa durante cinco anos, ajudando os fabricantes brasileiros a comprarem máquinas e equipamentos da China. Participava de feiras, visitava fábricas e fazia muitas viagens entre os dois países. Foi uma época difícil, mas de muito aprendizado. Aprendi a me relacionar com pessoas, contratar funcionários e fazer gestão de contas. Neste período cresci muito como pessoa e como profissional. Um dos grandes aprendizados que levo comigo até hoje é que o maior ativo de qualquer empresa são as pessoas, o time. Se você quer algo bem feito, contrate pessoas boas, que queiram crescer junto com o negócio.

Em 2015 o Brasil entrou em crise econômica e meu negócio sofreu muito. As vendas caíram e os clientes pararam de importar. Tentei aguentar a crise, mas em 2016, depois de muita reflexão,  decidi fechar a empresa e me mudar para Pequim, a capital da China. Queria dar um passo para trás, sair um pouco do meu mundo da indústria tradicional, e aprender mais sobre outros assuntos. Fui fazer um MBA, que eventualmente me levou a trabalhar no mundo financeiro em um venture capital chinês.

Aprendi sobre um universo que afeta não apenas as grandes corporações e investidores, mas a população como um todo. Vi na China soluções tecnológicas de Open Data que permitiam simplificar a vida de todos, deixando tudo mais intuitivo, facilitando a comunicação entre instituições, aumentando a competitividade entre elas para oferecer produtos melhores e mais justos para os consumidores. Após um ano, saí do fundo, voltei para o Brasil e cofundei a Klavi, plataforma de Open Data que traz muitos desses benefícios que vi na China para o mercado brasileiro.

Apesar das semelhanças entre as duas nações, existem muitas diferenças culturais entre a China e o Brasil que são essenciais para o sucesso do empreendedor. Na China, fazer negócios é fazer relacionamento. Nada é feito sem “guanxi”, que significa conexões ou relacionamentos. Muitas vezes o seu ‘status’ é determinado pelas conexões que você tem. Aqui no Brasil, relacionamentos são importantes para network e não necessariamente demonstram seu status. Independente de onde você empreende, as dificuldades são enormes e os aprendizados de “errar rápido e construir” são imensuráveis.

Nestes dois anos à frente da Klavi, pude aprender muito sobre como os negócios são feitos no Brasil. Conseguimos montar uma ótima equipe — que só cresce — e ajudar o Open Finance no Brasil a funcionar de fato, oferecendo soluções que ajudam empresas e, principalmente, os seus clientes, a população como um todo. Com nosso produto essas companhias conseguem, de forma automatizada, obter mais informações sobre os seus consumidores, o que permite oferecer melhores produtos, adequados à realidade de cada um.

Apesar do crescimento, ainda temos um longo caminho a percorrer. Uma conquista recente para o nosso negócio, que sem sombra de dúvidas irá acelerar o nosso crescimento, foi a Klavi ser uma das selecionadas para o BoostLab, hub de negócios para empresas de tecnologia do BTG Pactual, o maior banco de investimentos da América Latina. Para o programa, realizado em parceria com a ACE Startups, foram selecionadas nove dentre as 501 startups inscritas. O programa é essencial para o futuro da nossa empresa, com mentoria com grandes especialistas do mercado, ampliação de network e contato com soluções inovadoras, que vão impulsionar o nosso negócio para apoiar outras empresas a empreenderem no Open Finance.

*Bruno Chan é CEO e cofundador da Klavi

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