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O vírus no poder

“A pandemia aumentará antes de refluir, e 2021 se desenha sob o temor do coronavírus - que, além de matar pela falta de ar, sufoca o país de várias outras formas”

Congresso (Paulo Whitaker/Reuters)

Congresso (Paulo Whitaker/Reuters)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 21h03.

Há hoje muitos pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro na gaveta do presidente da Câmara. Não há votos para dar seguimento ao afastamento, mesmo que um deles seja sacado em meio à pandemia. Bolsonaro ainda mantém sua base social mobilizada e, mesmo que tenha aprovação abaixo de 30% da população, está imunizado contra a interrupção do mandato neste momento.

Deputados federais e um terço dos senadores terão de disputar a reeleição em 2022. A grande maioria depende de levar recursos para suas bases para tentar retornar a Brasília no ano seguinte. Precisam do governo federal para se manter no poder.

Governadores não elegem quase ninguém para o Congresso. Prefeitos, individualmente, ainda menos. E o voto ideológico deve refluir depois de ter levado alguns integrantes da direita à vitória na onda anticorrupção de 2018. Recordistas de voto encolherão significativo nas próximas eleições.

A pandemia aumentará antes de refluir. Haverá novamente forte impactos sanitários, com duro revés na economia tradicional. A internet é válvula virtual de escape. E assim 2021 se desenha sob o temor do vírus SARS-CoV-2, que, além de matar pela falta de ar, sufoca o país de várias outras formas.

O vírus entrou de forma avassaladora nas decisões de governos, empresas privadas, sociedades e indivíduos. Assumiu de fato o poder. E, para retirá-lo, só depois de vacinar a grande maioria do povo, em todo o mundo.

*Analista político da FSB Comunicação

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