O que diz um dos gurus sobre o futuro do e-commerce
Live commerce, inteligência artificial cada vez mais apurada, pedidos sem clique; isso já acontece e deve ganhar ainda mais espaço em nossas vidas
Bússola
Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 18h07.
Última atualização em 17 de dezembro de 2021 às 13h15.
Por Andrea Fernandes*
Todo mundo que está no universo do e-commerce trabalha muito para garantir a melhor experiência de compra para os clientes — de ponta a ponta. No final do dia, esse é sempre o objetivo final. Vendas, retenção, brand awareness — tudo isso é consequência. O legal é que, além de ajudar a tornar o ambiente digital cada vez mais confiável e convidativo, como pessoa que vive o mercado, acompanho de camarote as estratégias em prática e os resultados, e isso encanta a publicitária que vive dentro de mim.
Assim, fiquei feliz demais quando vi que Scott Galloway, um dos gurus do Vale do Silício e referência no marketing e na publicidade, foi convidado para o Mercado Ads Awards, que aconteceu recentemente. Admiro muito o trabalho dele. Durante a premiação, ele apontou algumas tendências para o futuro. Vamos a elas!
Uma delas é a do vídeo tendo um papel cada vez mais importante no e-commerce. Quando se fala em redes sociais, já nos acostumamos com a força do TikTok e vimos, recentemente, o Instagram mudando o foco e estratégia para priorizar vídeos, além de todo conceito de Metaverso que já surge com o vídeo como parte fundamental para o funcionamento.
A forma de consumir conteúdo mudou; logo, a forma de vender também tem que mudar.
Um exemplo disso são as live commerces, que são uma verdadeira febre na China e já acontecem por aqui também, de forma ainda tímida ou restritas a datas comerciais. São transmissões ao vivo em que as pessoas podem comprar enquanto estão assistindo, interagindo com a marca ou produtos e se divertindo com influenciadores que apresentam o evento. O professor afirmou que essa tendência é tão forte que ele não se espantaria se empresas de e-commerce começassem a comprar empresas de conteúdo. Aliás, isso já começou, vide recentes aquisições da Magalu, com Steal the Look, Jovem Nerd e Canaltech.
Galloway também destacou a importância do algoritmo e do a-commerce — o “a” vem justamente da palavra algoritmo. Ele acredita que o futuro está em um comércio eletrônico que vai aliar esse entretenimento com uma inteligência artificial poderosa capaz de entender com muita liquidez o que o cliente quer e deseja. Segundo o estudioso, o TikTok é a única rede social que tem essa liquidez e apuração mais precisa sobre o perfil do usuário — pelo menos por enquanto.
E uma terceira tendência é a do pedido sem clique. Galloway deu um exemplo de uma ação da Domino's, que mandava uma pizza à casa da pessoa caso ela ficasse assistindo um anúncio online de 30 segundos sem pular o vídeo. E disse mais: que uma possibilidade é de as marcas aprimorarem o entendimento do consumidor usando o envio de produtos — mas não somente em uma caixa, mas em duas. Uma delas iria vazia, para que o cliente então devolvesse o que não quer usar. Em um universo de possibilidades, o pesquisador acredita que as pessoas desejam ter uma quantidade menor de opções. Querem, sim, poder escolher algo que mais se ajuste e faça sentido para elas. E que esse ainda é um grande desafio.
As transformações no e-commerce vêm se dando em um ritmo muito veloz — e ficaram ainda mais rápidas na pandemia. Movimentos que levariam anos para serem implementados aconteceram em semanas. E esse movimento foi uma construção conjunta, em que aprendemos mais não só sobre o mundo dos negócios, mas sobre nós mesmos. Mas sempre queremos mais, dar um passo além.
E por isso é tão importante saber quais os caminhos que podem vir a nos esperar e quais desafios vamos enfrentar — sem deixar, claro, de reconhecer os méritos do trabalho bem-feito.
*Andrea Fernandes é CEO do T.Group
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