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O delivery cresceu, mas nunca mais será o mesmo — nem o consumidor

Agravamento da crise financeira impactou diretamente estabelecimentos focados na operação de delivery, registrando uma queda gradativa nos pedidos

Empresas que focam 100% em entregas, principalmente no setor de alimentação, vêm refletindo na revisão das projeções (Oscar Wong/Getty Images)

Empresas que focam 100% em entregas, principalmente no setor de alimentação, vêm refletindo na revisão das projeções (Oscar Wong/Getty Images)

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Publicado em 13 de janeiro de 2022 às 18h00.

Última atualização em 13 de janeiro de 2022 às 19h39.

Por Pedro Judacheski*

O mercado de delivery experimentou um crescimento significativo desde o início da pandemia. Quando diversos estabelecimentos, como restaurantes e bares, tiveram de fechar suas portas, foi no delivery que muitos negócios encontraram a chance de se manterem abertos, atendendo seus clientes, mesmo com muitas adversidades e necessidade de digitalização. Todo o setor sentiu um boom nas entregas em domicílio e projetavam a continuidade desse crescimento por conta da intensa transformação nos padrões de consumo que a pandemia impôs.

No entanto, a retomada ainda tímida da economia — abaixo do que se projetava para mais de um ano após o início da pandemia —, o aumento da inflação, o agravamento da crise e consequente diminuição da intensidade do consumo vem impactando sensivelmente todos os setores, incluindo o de delivery. Por outro lado, a positiva aceleração da vacinação passou a permitir que negócios físicos, antes fechados ou com restrições por conta de questões sanitárias, passassem a reabrir e, atualmente, operar com uma quase normalidade.

O maior equilíbrio do consumo presencial e a opção pelo delivery, com a desaceleração do segundo, já era esperada. No entanto, o agravamento da crise financeira das famílias impactou diretamente os estabelecimentos focados na operação de delivery, registrando uma queda gradativa nos pedidos. Para essas empresas que atuam 100% com entregas, principalmente no setor de alimentação, isso vem refletindo na revisão das projeções e na necessidade de se reinventar.

Mais do que nunca, as pessoas experimentaram a comodidade de pedir comida em casa e o serviço se tornou mais presente na vida delas. Já a penetração do delivery no mercado brasileiro ainda é baixa e muitas cidades, principalmente no interior, nem sequer possuem uma opção para pedidos online. Isso faz com que ainda tenhamos um mercado a explorar, levando soluções digitais para estabelecimentos e mais conveniência para o consumidor.

Entregas ultrarrápidas

Dentro deste cenário, o mercado de delivery vem acompanhando a mudança cultural e nos hábitos de consumo pelo qual a sociedade está passando e se preparando para o pós-pandemia. Uma das principais dores dos usuários, atualmente, é o tempo de entrega. Por isso, uma das tendências para o setor de varejo, que se intensificou com a pandemia e deve ser ainda mais acelerado em 2022, são as entregas ultrarrápidas.

Essa inovação, que promete uma nova experiência para os consumidores, é uma tendência global e a próxima geração do e-commerce, chamada de quick commerce, consiste em reduzir cada vez mais a distância entre o momento da compra e o recebimento do produto ou serviço pelo consumidor.

Um exemplo deste novo conceito de vendas são as dark stores, que funcionam como pequenos centros de distribuição, operando apenas para entregas de compras online. Por serem lojas exclusivas para canais digitais, as dark stores ganham em agilidade desde o recebimento do pedido, preparação e logística, deslocando do ponto A ao ponto B de forma rápida, mas sem perder a qualidade do serviço. Com certeza é um modelo que vai “disruptar” o e-commerce.

O objetivo das entregas ultrarrápidas é tornar a vida das pessoas mais fácil, mostrar que eventualmente não faz sentido sair de casa, enfrentar filas, pagar estacionamento, procurar itens na prateleira, se pode pedir por um aplicativo e receber os produtos onde quer que esteja. Isso vale para um ingrediente que faltou na preparação de um bolo até a cerveja gelada para o churrasco. Em muitos casos, as entregas ocorrem em, no máximo, 15 minutos.

Uso de dados

Outra tendência que observamos é o uso de dados e inteligência artificial para a tomada de decisões relacionadas ao consumidor. É cada vez mais imprescindível a necessidade do entendimento do comportamento e hábitos de consumo dos clientes para pensar em soluções que gerem valor e melhore a experiência do usuário.

Saber o que as pessoas de determinada região ou bairro consomem ao longo da semana e nos fins de semana, quais são os itens mais pedidos e as verticais mais usadas nos aplicativos ajuda os lojistas a pensarem em produtos e serviços específicos para a necessidade do seu cliente. Além de melhorar a experiência do usuário, isso também reflete no resultado dos negócios.

Por isso, o investimento em tecnologias que suportem a tomada de decisões baseadas em dados cresce a cada dia e deve ser ainda mais intensificado nos próximos anos.

*Pedro Judacheski é CEO e sócio-fundador da Delivery Much, plataforma de delivery com foco no interior do Brasil

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