Na CPI, cada palavra acerta contas, disputa poder ou protege um ou outro
Em depoimento hoje, Queiroga bateu na cloroquina, mas saiu sem criar problema novo para o governo
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2021 às 19h54.
Por Márcio de Freitas*
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia é um instrumento poderoso de comunicação. Cada um usa a palavra direcionada para o seu público específico. O presidente Omar Aziz (PSD-AM) foca no eleitorado do Amazonas e, sempre que o descalabro de Manaus entra em foco, sobe o tom para competir com seu conterrâneo, o senador Eduardo Braga (MDB-AM).
O relator Renan Calheiros (MDB-AL) faz acertos de contas com o Palácio do Planalto, que inviabilizou sua eleição há dois anos para a presidência do Senado. Acerta dardos, rojões e tiros sempre que pode. Enquanto houver bambu, lá vai flecha…
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) imposta a voz e faz a defesa quase solitária do governo Jair Bolsonaro. É combativo e dedicado. Certamente sua cotação cresceu no governo pelo desempenho apresentado na comissão. Se o será junto ao eleitorado, depende da abertura que o governo promover futuramente nas verbas que chegam a Rondônia por suas mãos.
Há posicionamentos para todos os gostos, com maioria para a oposição. E o jogo em tabelinha com a cobertura da mídia – uma tática de autoelogio cultivada longamente nos corredores do Congresso.
E hoje o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, depôs pela segunda vez. E o fez com habilidade para preservar o presidente Bolsonaro e evitar problemas ao governo no meio do tiroteio de uma longa segunda onda. Bateu na cloroquina, mas isso é moeda usada e gasta. Ele já o fazia antes de ser nomeado para a pasta. Cada palavra de Queiroga no banco da CPI tinha como destinatário uma só pessoa: Jair Bolsonaro. E nisso ele obteve sucesso ao não criar nenhum problema novo para o governo.
*Márcio de Freitasé analista político da FSB Comunicação