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Mobilidade elétrica em duas rodas acelera a transição energética no Brasil

Modelo asiático deve servir de inspiração para o Brasil, que precisa reduzir suas emissões de carbono para honrar compromissos internacionais

Na última década, os veículos elétricos vem ganhando cada vez mais mercado (Divulgação/Getty Images)

Na última década, os veículos elétricos vem ganhando cada vez mais mercado (Divulgação/Getty Images)

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Publicado em 18 de abril de 2023 às 16h00.

Em pouco mais de uma década, os veículos elétricos se espalharam pelas cidades mundo afora. Grande parte deles são carros de luxo ou SUVs, com preços proibitivos para a grande maioria da população. Mas logo ali, do outro lado do mundo, alguns países orientais têm vivido uma revolução tão potente quanto silenciosa: a dos veículos elétricos de duas e três rodas.

Mais eficientes que os carros elétricos tanto no uso dos recursos naturais quanto no impacto no trânsito das cidades, as motos elétricas são menores, com baterias modulares e mais leves, que demandam menos minerais para serem produzidas e menos tempo para serem recarregadas. Tudo isso, na prática, torna o desafio da transição energética bem menos complexo e desafiador.

Na China, maior mercado desse tipo de veículo, as vendas cresceram 25% ao ano entre 2015 e 2021, levando o país a concentrar hoje quase metade da frota mundial, que já é 14 vezes superior à de carros elétricos. Entre 2013 e 2021, a Índia também registrou um aumento médio de 33% ao ano nas vendas de motos elétricas que, ao que tudo indica, devem seguir em alta pelos próximos anos.

Ao contrário do que acontece no ocidente, nesses países os veículos elétricos, especialmente as motos, não são de luxo. Seus motoristas são estudantes, idosos e trabalhadores que as utilizam nos deslocamentos do dia a dia, além de motoboys, entregadores e mototaxistas, atraídos principalmente pela redução dos custos.

O sucesso desses veículos entre os públicos de menor renda diz muito sobre como elas são especialmente importantes para a descarbonização das economias em desenvolvimento. Uma moto elétrica já com as baterias custa 50-75% a mais que uma moto à combustão (com potência e características de condução semelhantes), é verdade. Mas com os custos dos combustíveis, elas ficam muito mais atrativas: a eletricidade pode reduzir em até 8 vezes o custo por quilômetro rodado.

Mesmo sendo menos poluentes e, no longo prazo, também mais baratas, as motos elétricas ainda são pouco competitivas no mercado brasileiro, que ainda não tem uma indústria automotiva verde consolidada. As importações, por sua vez, têm altos custos cambiais e fiscais, que chegam a dobrar o custo final dos veículos que vêm de fora.

Há uma década, os países que hoje lideram essa revolução sobre duas rodas também enfrentaram esses mesmos problemas. Mas os contornaram investindo em subsídios que se provaram cruciais para impulsionar o desenvolvimento de indústrias nacionais fortes e dar mais competitividade às motos elétricas. Em troca, esses países hoje têm um trânsito bem menos atravancado, menos poluente e mais produtivo para os seus motociclistas.

As experiências internacionais, especialmente na Ásia, provam que desenvolver um ecossistema de mobilidade elétrica de grande impacto social e econômico pode ser também o grande motor da descarbonização da economia, contribuindo para o Brasil  atingir suas metas de redução das emissões de carbono. Esse processo exige investimentos em inovação, vontade política e, principalmente, uma mudança cultural e comportamental, com deslocamentos menores e sobre veículos mais sustentáveis.

*Billy Blaustein e Jack Sarvary são cofundadores da Vammo, startup de oferece planos de assinatura de motos elétricas para entregadores

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