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Mauro Wainstock: contradições corporativas sobre os 50+

Todos os dias sou abordado para esclarecer alguma questão contraditória do mundo corporativo referente ao público 40+

50+ podem liderar, mas não têm capacidade de exercer um cargo mais júnior? (Ueslei Marcelino/Reuters)

50+ podem liderar, mas não têm capacidade de exercer um cargo mais júnior? (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Publicado em 4 de abril de 2022 às 20h00.

Última atualização em 4 de abril de 2022 às 20h04.

Por Mauro Wainstock*

É impressionante: todos os dias sou abordado para esclarecer alguma questão contraditória do mundo corporativo referente ao público 40+.

Decidi escrever sobre este tema para trocar algumas reflexões contigo.

Se a média de idade dos CEOs das principais empresas brasileiras, listadas na B3 (Bolsa de Valores), é de 54 anos, por que muitas delas ainda estão relutantes de contratar um 50+?

Os 50+ podem liderar, mas não têm capacidade de exercer um cargo mais júnior? Como assim?

Como dizia Cora Coralina, “Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo”. Perfeito!

Nosso desafio é aprender com os erros já cometidos, sobretudo pelos outros.

Podemos criar erros novos, mas não devemos repetir os já vivenciados.

E é aí que entra a experiência daqueles que já trilharam rotas semelhantes.

A riqueza resultante da genuína integração entre as gerações encurta caminhos, multiplica aprendizados, economiza tempo e dinheiro.

E vamos a mais uma contradição: quando o profissional com mais de 50 anos é demitido, ele começa a pensar seriamente em empreender.

Por ser especialista, e pela vasta carreira, ele pode tornar-se professor, mentor, consultor, palestrante, conselheiro de empresas e, até mesmo, abrir um negócio próprio se este for o seu perfil e se conseguir detectar dores do mercado em seu segmento de atuação.

Nestes casos, o mesmo profissional muitas vezes relegado pela empresa passa a ser considerado mestre, transmite credibilidade (é conselheiro!) e se torna uma referência, passando a ser requisitado cada vez mais justamente pela sua trajetória e experiência!

Observe à sua volta e verifique quantas situações assim você conhece!

São profissionais que saíram do mercado formal e hoje recebem uma remuneração ainda maior e um reconhecimento notório — e não o desprestígio da empresa anterior.

Na área médica, por exemplo, de forma geral os profissionais mais velhos são respeitados. Por que? Simples: trazem a bagagem de anos de profissão, de estudo, de atualização, de aprendizados teóricos e práticos.

Vamos a um exemplo concreto: Helena Nader, de 74 anos, acaba de se tornar a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Ciências nos 105 anos de história da instituição. Em seu discurso, ela enfatizou: “A ciência precisa de diversidade, precisa do pensar de todos nós”. Excelente colocação!

Não apenas a Ciência, mas a sociedade como um todo precisa de diversidade e do pensar.

O contrassenso é uma constante também no mercado de consumo.

Você sabia que 76% dos brasileiros 50+ são a única ou a principal fonte de renda das residências do país? Esta foi uma das conclusões do estudo “Diversa-Idade”, realizado pela GNT/Rede Globo.

E tem mais: muito em breve 30% da população brasileira terá mais do que 60 anos.

Aliás, esta é a faixa etária que possui o maior poder aquisitivo.

No entanto... 45% deles reclamam da falta de produtos e serviços específicos para atender as suas necessidades e da linguagem publicitária pouco adequada.

Ah, mas eles não entendem de tecnologia...

Será mesmo? O estudo “Tsunami8 Latam”, sobre as tendências para o consumo na América Latina, aponta a existência de um público de 21 milhões de usuários (leia-se potenciais consumidores) acima de 65 anos no Mercado Livre.

Outro levantamento, desta vez do Nielsen Media Research, concluiu que, no Brasil, a faixa dos 50+ foi a única que cresceu entre os consumidores do comércio eletrônico em 2021, respondendo por 33,9% dos pedidos online. Com isto ultrapassou os adultos (35 a 49 anos), liderando este ranking.

Contradições... até quando?

As transformações vão muito além do digital, também são geracionais e no consumo.

A sua empresa está preparada?

*Mauro Wainstock tem 30 anos de experiência em comunicação. Foi nomeado LinkedIn Top Voice e atua como mentor de executivos sobre marca profissional. É sócio-fundador do HUB 40+, consultoria empresarial focada no público acima dos 40 anos.

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