Marco França: quando é o momento certo para fazer um M&A?
"Fusões e aquisições" é um dilema entre os empreendedores. Entenda que fatores considerar antes de tomar essa importante decisão
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Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 07h00.
Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 10h17.
Por Marco França *
Muitas pessoas perguntam se existe um momento correto para se fazer umM&A (fusão e aquisição em português). A pergunta é falsamente complexa e já comentada em outros textos escritos por mim.
- Entendemos a resposta sob um prisma que compreende três dimensões: momento do Dono, da Empresa e do Setor.
O dilema entre vender integralmente o negócio para um estratégico ou pegar dinheiro para crescer com um fundo de investimentos e vender mais tarde está em todos os corações e mentes do empresariado brasileiro.
Esta encruzilhada é um clássico da literatura do empreendedorismo e não tem resposta única.
Existem, contudo, alguns pontos que facilitam a discussão.
O que deve ser considerado?
- Quantos anos o empreendedor(a) tem?
- Quanto ele(a) tem de patrimônio e de liquidez?
- Há quantos anos ele está tocando a sua empresa, sofrendo e amadurecendo, enfrentando todos os picos e vales do negócio e flutuações de humores da economia e da política, além das eventuais úlceras que ele já adquiriu?
O ciclo de sucesso dentro da economia real para empresários varia de sete a dez anos. Portanto, uma liquidez para vendas parciais pode trazer paz de espírito e saúde para o empreendedor, especialmente para quem já tem mais de 40 anos.
- Um erro clássico do empresário é não saber o quanto de necessidade de capital e de investimentos o seu negócio vai consumir nos próximos três a cinco anos.
Muitos negócios não têm colateral suficiente para grandes alavancagens e uma hora isso vai ser gargalo. A necessidade de dinheiro é sempre diversa: capital de giro, investimento em gente, expansão comercial, internacionalização e outros .
O que não muda é que o dinheiro para o pequeno e médio empresário é sempre muito caro. Seja via banco de varejo, plataformas de fintech ou bancos governamentais, com raras exceções, o empresário vai captar com spread bancário de 6% acima do CDI.
Somado ao prazo de pagamento que na maior parte das vezes não exceda 24 meses, temos uma combinação de geração de caixa apertada para servir a dívida e isto, por consequência, estrangula o crescimento.
É aí que o M&A pode ajudar em várias dimensões, além do dinheiro por si só, em liquidez para sócio, em cogestão, em relacionamento comercial, em fôlego geral para o crescimento.
Encontrando um parceiro ideal
Na busca do fundo ou do investidor estratégico, o empreendedor deve ter em mente a definição do parceiro ideal e a partir dali identificar no mercado aquele que mais se aproxima do seu interesse.
Definir a persona ideal implica em responder às várias perguntas do que ele deseja e do que está disposto a abrir mão:
- Venda de controle ou novo sócio minoritário?
- Investidor passivo ou ativo?
- Valuation alto ou liquidez na rodada?
- Qual nível de governança que estamos abertos a aceitar?
A combinação destes perfis normalmente é mutuamente excludente. Ou seja, não conseguimos pegar todas as melhores características que desejamos e encontrar todas elas em um único parceiro.
No mundo real, seja na vida pessoal ou na vida profissional, sempre teremos o desafio de buscar o melhor dentro do possível.
Cada tipo de transação terá um pacote de características que serão melhores ou piores dependendo do contexto do dono, do setor e da sua empresa.
Caberá aoempreendedorjulgar e priorizar o que quer para si e para o seu negócio, respeitando sua identidade e cultura.
Como todo casamento, fusão e aquisição não vai ser diferente. Afinal, encontrar um namorado ou namorada como DiCaprio (ou uma Jolie) que além de tudo é bonzinho e bem-humorado e ainda faz compras semanais de mercado, não parece ser tarefa fácil.
Como dizia a bíblia sagrada no versículo 3 capítulo V do empresariado: “ Do casamento, não escaparás".
*Marco França é engenheiro pela PUC, Especialista pela Coppead/ UFRJ e Sócio da Auddas
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