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Marcelo Thomé: Pés na aldeia, cabeça na COP

Glasgow é um momento muito importante do movimento global por uma economia de baixo carbono, com produção limpa e empresas sustentáveis

ONU propõe que os países trabalhem em conjunto para proteger comunidades e habitats. (Leonhard Foeger/Reuters)

ONU propõe que os países trabalhem em conjunto para proteger comunidades e habitats. (Leonhard Foeger/Reuters)

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Publicado em 29 de outubro de 2021 às 17h05.

Por Marcelo Thomé*

É preciso estar atento à forte COP26. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas é um evento anual, mas essa edição de 2021 ganha importância extraordinária. É a primeira sob a pandemia da covid-19, que impediu sua realização em 2020. Tem o retorno dos Estados Unidos como parte no Acordo de Paris, depois das negativas do ex-presidente Trump. E a cada ponto da pauta da COP26 recrudesce a cobrança do compromisso de cada país com a redução da emissão de gases de efeito estufa. No final, o que se quer é uma economia de baixo carbono, com produção mais limpa e empresas sustentáveis.

Em Glasgow, além da Cúpula de Líderes, eventos oficiais e paralelos tratarão de energia, transportes, construções, mercados e finanças, minorias e democracia, saúde, educação, juventude. Todos estes e outros temas abordados de forma relacionada ao desenvolvimento sustentável e ao meio ambiente. E é aí que se começa a idealização de meios e processos para se atingir o objetivo central da COP26, uma radical redução de emissões até 2030, onde a ONU projeta a mobilização de recursos multinacionais de pelo menos US$ 100 bilhões a cada ano.

Essa inflexão do carbono para o verde que a COP exige não pode ser tomada por intromissão ou entrave, mas abraçada como a oportunidade de protagonismo do Brasil na agenda global do século 21. Quando se trata de potencial para a economia verde, temos vantagens comparativas absurdamente favoráveis. Extensões de terras férteis, muita água doce, incidência solar privilegiada, ativos naturais diferenciados em todas as regiões do país e a Amazônia com mais de 15% da biodiversidade do planeta.

Com os pés na nossa aldeia e o sentimento do mundo, permitam Tolstói e Drummond, vamos à COP 26 apresentar o Instituto Amazônia +21. Trata-se de uma iniciativa empresarial local criada para promover negócios sustentáveis na região, com abordagem ESG e, sendo da Amazônia, com o diferencial de conhecer a sua realidade tão profundamente quanto possível. Nossa atuação é apoiada numa rede que envolve as nove federações de indústria da Amazônia Legal e o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O Instituto Amazônia +21 vem apoiar empresas locais e nacionais interessadas em atuar na região, qualificando-as para a produção sustentável com responsabilidade ambiental, social e boa governança. E na direção do mercado, conectar esses negócios locais com grandes empresas e fundos de investimentos de todas as partes do mundo, oferecendo oportunidades de parcerias com quem conhece de verdade as diferentes microeconomias das diversas sub-regiões da Amazônia, que são suas empresas, comunidades e populações tradicionais, ribeirinhas, rurais e urbanas.

Vamos trabalhar com todos os segmentos produtivos, dos serviços aos agronegócios. Temos clara a necessidade da difusão de conhecimento, inovação e novas tecnologias para dar escala aos negócios sustentáveis na Amazônia. Isso é fundamental tanto para atender as demandas humanas de mais de 24 milhões de pessoas que vivem na região, quanto para a conservação do bioma amazônico. Não por coincidência, a ONU propõe que os países trabalhem em conjunto para proteger comunidades e habitats.

Glasgow é um momento muito importante do movimento global por uma economia de baixo carbono, que é maior, irreversível e transformador. Vale ir lá ajustar nossas afinidades com o tom das Partes da COP. Falar das nossas iniciativas para transição energética, mercado de carbono, economia circular, conservação florestal. Mostrar potenciais e condenar crimes ambientais. Saber do papel estruturante do Estado. E, sobretudo, mostrar a vontade das nossas empresas para fazer do Brasil uma economia verde, aberta ao mundo, sem preconceitos com a conservação ambiental nem com a geração de riquezas.

*Marcelo Thomé é diretor-executivo do Instituto Amazônia +21

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