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Marcelo Lima: Somos 8 bilhões no mundo e precisamos falar sobre fome

Marcos como este impactam sobre o legado que gostaríamos de deixar para as futuras gerações

Fome e risco climático global são questões urgentes (Paulo Pinto/Fotos Públicas)

Fome e risco climático global são questões urgentes (Paulo Pinto/Fotos Públicas)

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Publicado em 25 de novembro de 2022 às 16h38.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), na semana passada atingimos a marca de 8 bilhões de pessoas no planeta. Marcos como este são muito importantes para nos fazer refletir sobre o nosso tempo e o que gostaríamos de deixar como legado para as futuras gerações.

Por um lado, esse crescimento populacional é uma evidência do processo de desenvolvimento da humanidade, que se acelera a partir da revolução industrial, acompanhada de todo avanço em diversos campos tais como a educação, o saneamento básico e principalmente a medicina, que possibilitou com que as taxas de mortalidade caíssem e a expectativa de vida aumentasse.

Mas esse aumento do número de habitantes no mundo traz também dois enormes desafios. Aliás, talvez os dois maiores para as próximas décadas: a segurança alimentar e o risco climático.

A FAO (Food & Agriculture Organization da ONU) indica que hoje temos 865 milhões de pessoas subnutridas em todos os continentes. Ou seja, mais de 10% da população. Como decorrência, morrem por dia aproximadamente 40 mil pessoas de fome e isso é inaceitável.

Outro evento importante da semana passada foi a COP27 (Conferência das Partes) em Sharm El-Sheikh, no Egito, em que foram discutidas soluções e possibilidades de colaboração para combater o desafio climático. Se não tivermos sucesso em limitar o aumento da temperatura global em 2° C (quando comparado a níveis pré-industriais, conforme definido no acordo de Paris), os efeitos para a humanidade serão catastróficos.

Rumo aos 10 bilhões

Voltando à questão populacional, as taxas de crescimento estão desacelerando. Até o final do século devemos ver a população mundial se estabilizando e, a partir da virada do século 22, começando a diminuir. Porém, antes disso, vamos chegar a 10 bilhões de pessoas em 2058.

Assim, cada vez mais se faz necessário investimentos em negócios que contribuam para a produção de alimentos de maneira regenerativa para as próximas gerações. A questão é complexa e não há uma resposta única. Será preciso encontrar soluções para a insegurança alimentar e climática, que estão intrinsecamente conectadas, pois 31% das emissões de gases de efeito estufa estão relacionadas à produção e distribuição de alimentos. Sob essa perspectiva, acredito que nosso país terá um papel chave nesse processo.

Como celeiro do mundo, o Brasil é líder na produção e/ou exportação de soja, milho, café, açúcar, suco de laranja, carne bovina e de frango. E as oportunidades de crescimento vêm daqui. Temos muita disponibilidade de recursos naturais, tais como solo, água e sol. Lideramos o avanço da produtividade agrícola mundial, com um crescimento médio ponderado nos últimos 20 anos de 3,18%, praticamente o dobro da média de 1,66% no mundo.

E como resultado de toda essa riqueza natural e inovação, temos algo único, que é a possibilidade da ocorrência de duas safras no mesmo ano.

Parte da solução para estas grandes dores mundiais, fome e clima, já existem e estão no core das empresas que investimos. Por exemplo, quanto mais bioinsumos a Agrivalle produzir e vender, mais produtividade terão os agricultores, mais regeneração e vida terão os solos e maior biodiversidade será percebida nos campos.

Quanto mais a Kepler Weber avançar no pós-colheita, com mais capacidade de armazenagem nas fazendas e mais automação nos silos, menos desperdício de alimentos teremos. Quanto mais a Rumina crescer e disseminar as soluções do seu ecossistema, mais produtividade terão os pecuaristas, menos leite será descartado, menos antibiótico será aplicado, e mais alimento saudável será distribuído.

Quanto mais acesso à educação e conhecimento a Rehagro levar ao campo, maior será a produtividade e sustentabilidade na produção de alimentos no Brasil e mais vidas serão transformadas através do agronegócio. E quanto mais empresas, indústrias, distribuidores, revendas, cooperativas e produtores rurais aderirem às soluções tecnológicas da Seedz, mais conexões e dados irão potencializar os ganhos na cadeia produtiva.

Fica evidente pelos exemplos acima que tecnologia e inovação possuem papel chave nesse processo. A verdade é que ainda nem sabemos em que dimensão, mas será grande.

A mesma inteligência, criatividade e capacidade humana de inovar que trouxe desenvolvimento, qualidade de vida e longevidade, agora vai proporcionar vida saudável a 10 bilhões de pessoas de forma regenerativa e integrada com um planeta também saudável.

*Marcelo Lima é cofundador da gestoras SK Tarpon e 10b

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