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Inovação e produtividade na construção pesada

Entenda como construir um planejamento para crescer em um mercado competitivo e complexo

A inovação bem planejada pode ser a chave para o sucesso (fancycrave1 / Pixabay/Divulgação)
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Bússola

Publicado em 1 de novembro de 2022 às 19h30.

Em um mercado cada vez mais competitivo, onde a busca por redução de custos e maior lucratividade é constante, a inovação deve fazer parte de um planejamento estruturado e contínuo. Contudo, a frequente correlação de proporcionalidade feita entre inovação e produtividade ganha contornos específicos a depender do setor econômico analisado.

Em artigo publicado sob o título “Reinventing Construction: A Route to Higher Production”, o McKinsey Global Institute apresenta um interessante estudo comparativo entre o setor da Construção Civil, a Indústria e outras áreas da economia. O levantamento revela uma grande discrepância de produtividade entre eles e particularmente desfavorável para o mercado da construção.

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Globalmente, o crescimento da produtividade do trabalho neste setor foi em média 1% ao ano nas últimas duas décadas, em comparação com 2,8% para a economia mundial total e 3,6% para a Indústria. Na amostra de países analisados, menos de 25% das empresas de construção atingiram o crescimento de produtividade alcançado nos mercados onde atuaram na última década.

Em contrapartida, o setor da construção é um dos mais robustos da economia mundial, com cerca de US$ 10 trilhões gastos todos os anos em bens e serviços relacionados ao negócio. Estima-se que há uma oportunidade de ganho da ordem de US$ 1,6 trilhão se este “gap” de produtividade for superado. Este montante é suficiente para suprir metade da demanda mundial anual de infraestrutura e corresponde a um aumento de cerca de 2% do PIB global.

Como principais causas para este baixo desempenho, destacam-se algumas condições impostas, como aumento da complexidade do projeto e do site de construção; regulamentação excessiva, muito dependente da demanda do setor público e altamente cíclica; além de distorções decorrentes de informalidade e potencial de corrupção.

Há também práticas correntes do setor, como a própria opacidade do mercado, altamente fragmentado; contratos com desajustes nas alocações de risco e recompensas; e a falta de objetividade e padronização nos requisitos e especificações dos empreendimentos.

Um terceiro grupo de causas da baixa produtividade pode ser atribuído a fatores de natureza operacional, tais como projetos e investimento inadequados; má gestão e execução das obras; mão de obra sem qualificação adequada nas frentes de serviço e nos níveis de supervisão; e subinvestimento em P&D e inovação.

Para superar estes problemas, os autores sugerem ações que, aplicadas em conjunto, podem potencialmente incrementar a produtividade do setor entre 50% e 60%, com uma redução de custos que pode atingir de 30% a 40%, além de aprimorar a qualidade e a precisão das atividades de planejamento e orçamento.

Num primeiro grupo concentram-se reformulações regulatórias, que aumentem a transparência e reduzam a informalidade e a corrupção, e no quadro contratual, mais colaborativo e direcionado à solução de problemas.

O segundo grupo de ações, contudo, pode ser viabilizado por iniciativas potencializadas pela Inovação. Entre as medidas estão o aprimoramento da gestão de compras e da cadeia de suprimentos; das práticas de execução nos canteiros; incentivo à adoção de tecnologia digital, de novos materiais e de automatização avançada; da capacitação da força de trabalho; além de alterações na concepção e nos processos de Engenharia, com maior foco em “constructability” e padronização.

Neste cenário, destacam-se a grande transformação digital da construção proporcionada pelo BIM (Building Information Modelling) e a metodologia VDC (Virtual Design and Construction) como uma forma eficiente de implementá-la. O BIM como ferramenta, e o VDC como estratégia, tornam o processo como um todo mais transparente, previsível e colaborativo e permitem estudos eficientes e conclusivos de “constructability”.

O BIM e o VDC viabilizam uma transformação digital robusta do canteiro de obras, que passa a constituir uma verdadeira plataforma digital na qual se “plugam” novas tecnologias da Indústria 4.0 (IoT, Big Data, Digital Twins, tecnologias Cloud, gestão digital de obras, integração com softwares de back office, etc.) que favorecem a automação e a eficiência. Além disso, a migração para o BIM exige capacitação e aprimoramento técnico da mão-de-obra empregada pela indústria da Construção Civil, algo que representa um salto qualitativo deste setor.

A tecnologia hoje disponível oferece ao mercado um arsenal de recursos, além dos citados acima, que podem levar a Construção Civil a outro patamar de qualidade e produtividade, comparável à Indústria – e esses benefícios são, pelo menos em parte, extensíveis também à Construção Pesada, que por natureza, é menos passível de sistematização (pré-fabricação / modularização).

Através da Inovação, é possível vencer a inércia hoje observada no setor da construção e assim diminuir o “gap” de produtividade constatado nos últimos anos em relação a outras atividades econômicas, conforme discutido neste artigo. Esta qualificação do setor pela tecnologia viabiliza as oportunidades de ganhos vultosos acima identificadas, permitindo à indústria da Construção Civil almejar o lugar de destaque e a importância que lhe cabe na economia global, e prover a demanda de infraestrutura necessária ao desenvolvimento que o mercado requer.

*Daniel Lepikson Oliveira é engenheiro mecânico e civil, mestre e doutor em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e responsável pela implementação do programa de inovação na OEC e Adhemar Bragança é engenheiro eletrônico formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e analista de sistemas da OEC.

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