Impressão 3D chega à logística para reduzir estoque e desperdício
Eficiência logística que as impressões 3D conferem à operação vão além de custo, influenciando diretamente a satisfação do cliente
Bússola
Publicado em 21 de junho de 2022 às 13h30.
Última atualização em 21 de junho de 2022 às 14h02.
Por Caio Reina
Uma das tendências mais efetivas da atualidade é a impressão 3D. Sua primeira aplicação foi em 1984, para geração de lâmpadas especiais. As máquinas eram grandes e complexas, destinadas a operações industriais, mas, hoje, podem ser encontradas em tamanhos compactos e compradas por qualquer um. Agora, essa tecnologia começa a ser também uma grande aliada para aumentar a eficiência logística das empresas.
O processo de produção
A máquina funciona a partir de um protótipo digital, um desenho em 3D, feito com todas as medidas bem definidas e enviado ao software da impressora.
No momento da impressão, o modelo é produzido a partir de adição de camadas de material, uma a uma, de baixo para cima, completando no fim o produto inteiro. Para facilitar, imagine produzir um pão de forma fatia por fatia, e no fim juntar tudo transformando em um pão inteiro.
As máquinas podem imprimir em diversos materiais, como metais, madeira, cerâmica, e até mesmo concreto.
E onde entra a eficiência logística?
A manufatura aditiva traz diversos benefícios para a logística. Pense que para montar uma bicicleta é necessário, antes de tudo, ter todas as peças que a compõem: os guidões, o quadro, os pedais, as rodas. Utilizar a impressão 3D para gerar essas peças resulta em ganho de tempo e dinheiro, afinal a produção por meio dessa tecnologia leva apenas algumas horas e pode ser feita internamente, dispensando a necessidade de um ou mais fornecedores, que trazem com eles custos de transporte e extensos prazos de entrega.
Outro benefício é a diminuição de investimentos com estoque, onde todo o espaço reservado para a armazenagem dessas peças se torna desnecessário. A eficiência logística entra no momento em que não é mais necessário estocar peças já prontas, que ficam esperando para serem utilizadas. Com a facilidade de tempo de produção, a demanda se torna muito mais objetiva, acompanhando com precisão as necessidades do mercado.
Além disso, essa tecnologia também traz vantagens quando diminui a necessidade de importação de peças produzidas em outros países, que geram custos altos devido ao volume de transportes, cargas aéreas e taxa de câmbio. Em 2020, a multinacional ID Logistics decidiu adotar a ideia utilizando a impressão 3D para repor peças usadas na rotina de operações. De acordo com dados divulgados pela organização, essa implantação trouxe uma economia de custos de até 125%.
Influência na satisfação do cliente final
A eficiência logística que vem com a impressão 3D reflete também na experiência do cliente, trazendo toda a essência de uma operação on-demand. Essa facilidade de produção, diminuição de etapas e ganho de tempo fazem com que o produto chegue ao destino com mais agilidade. Sem contar que a diminuição de custos e processos para a empresa também faz com que o valor final saia mais baixo.
Outro ganho exponente é a possibilidade de enviar o modelo final do produto ao cliente antes de ser fabricado, isso reduz as chances de erro de produção, garantindo que o consumidor receba exatamente o que deseja. Sem contar que ao dar a chance de visualização do produto antes da fabricação, surge a oportunidade de personalização. Como a produção da manufatura aditiva é muito mais simples, consequentemente a personalização também é.
Redução de desperdícios
Nas fabricações tradicionais, 70% dos materiais utilizados acabam sendo descartados. Além de gastar menos energia, em comparação a manufatura subtrativa, as impressões 3D reduzem drasticamente a produção de resíduos, pois utilizam exatamente o material necessário para a produção, trazendo eficiência logística e ganhos para o planeta.
Em resumo, essa tecnologia vem agregando não só nos processos produtivos, como também na experiência do cliente e na sustentabilidade. Reconhecer o potencial revolucionário desse método de fabricação é essencial para acompanhar sem medo o que o futuro da logística nos reserva.
*Caio Reina é CEO e fundador da RoutEasy e mestre em logística e engenharia de transportes pela Poli-USP
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube
Veja também
Sua empresa faz bom uso de dados? Seis dicas para aproveitar ao máximo
5G é a estrada que levará as pessoas e empresas para transformação digital