A inovação constante é crucial para o sucesso do seu negócio (Klaus Vedfelt/Getty Images)
Bússola
Publicado em 12 de dezembro de 2022 às 16h30.
A inovação aberta consiste na criação de soluções em conjunto com agentes externos à organização, como centros de pesquisa, universidades, governos, empresas, startups e até mesmo concorrentes, que podem resultar em novos produtos, serviços ou negócios.
Existem diversos motivos e benefícios claros para inovar de forma aberta: catalisar o processo de inovação, acessar tecnologias e talentos, experimentar soluções alternativas, diluir riscos e custos atrelados à inovação, explorar potenciais inovações disruptivas, para citar alguns.
Porém, se inovar quando possui todo o domínio do processo, dos interesses e da cadeia produtiva já é difícil, imagine a complexidade adicional em alcançar isso em conjunto com diversos atores do ecossistema com objetivos e momentos distintos.
Ao acompanhar e gerenciar programas de inovação aberta, alguns fatores de sucesso ganham destaque:
Assim como no mercado de negócios, o ecossistema de inovação valoriza a reputação das organizações. Desenhar programas de inovação aberta que prometem muito e entregam pouco descredibiliza a organização e desestimula agentes relevantes a se conectarem. O valor prometido na interação (capital, acesso a mercado, mentoria, desenvolvimento de produtos, propriedade intelectual, infraestrutura, etc.) precisa ser cumprido. Na dúvida, prometa menos e surpreenda entregando mais.
A participação de agentes externos nas rotinas organizacionais pode ser incômoda em culturas não preparadas. O time precisa entender os motivos para o desenvolvimento de inovações conjuntas, não se sentir ameaçado ou preterido em relação aos agentes externos e possuir incentivos e métricas corretos para as entregas de valor esperadas de sua atuação.
O estágio da solução externa buscada para desenvolver ou implementar deve ser fruto dos objetivos estratégicos da organização. A depender da busca por soluções prontas para implementação ou para o desenvolvimento, de longo ou curto prazo, mais tecnológicas ou mais humanas, de domínio próprio ou compartilhado, veículos como programas de startup engagement, aceleração e incubação, corporate venture capital, venture cliente, P&D ou parcerias colaborativas podem ser mais ou menos adequados.
Vale ressaltar que os agentes externos possuem seus próprios objetivos estratégicos a alcançar. O excesso de customização de soluções às necessidades e realidades da organização podem destruir a capacidade de crescimento do agente externo em seu próprio mercado de interesse. A relação na inovação aberta precisa ser clara e de ganha-ganha para as partes envolvidas.
Os melhores agentes a se conectar para inovar de forma aberta são aqueles que possuem as complementaridades buscadas pela organização em questão, sejam estas tecnológicas, processuais, técnicas ou comportamentais. O fato é que a busca dos agentes que melhor atendem a este critério deve ser estratégica, intencional e proativa por parte da organização que busca inovar.
Ao inovar em conjunto com agentes externos, defina em seu time pontos de contato que possam integrar estes agentes e apoiar no desenvolvimento e implementação das soluções. Esta definição prévia deve ser focada nas conexões que aceleram a criação de valor das inovações buscadas.
Justamente por envolver agentes internos e externos com agendas convergentes, porém distintas, são necessários processos específicos para as relações de open Innovation. Os papéis e contribuições esperadas de cada parte devem ser claros para todos os envolvidos. Porém, processos claros são muito diferentes de processos rígidos. As relações de open Innovation exigem ainda mais flexibilidade e agilidade de gestão.
A inovação aberta pode ser um grande catalisador do processo de inovação e da criação de uma cultura mais inovadora. Porém, agentes externos inovadores, por vezes, possuem um timing de decisão incompatível com a prática da organização, o que acarreta desperdícios e menor criação de valor. Celeridade nas decisões neste processo dinâmico é essencial.
A inovação aberta hoje não é mais opcional, porém, executá-la de forma a escalar seu valor exige disciplina, estrutura e muita colaboração de fato.
*Glaucia Guarcello é professora do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC e sócia-líder de Inovação da Deloitte
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