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Gestão sustentável: mais do que nunca, reportar ESG vale a pena

Esta semana, Danilo Maeda fala sobre a importância dos relatórios de sustentabilidade para estratégias ESG

Tema voltou à superfície após resolução editada pela CVM (Recep-bg/Getty Images)

Tema voltou à superfície após resolução editada pela CVM (Recep-bg/Getty Images)

Danilo Maeda
Danilo Maeda

Head da Beon - Colunista Bússola

Publicado em 24 de outubro de 2023 às 16h24.

Última atualização em 11 de novembro de 2023 às 20h35.

Nos últimos dias, o tema dos relatórios de sustentabilidade voltou ao noticiário financeiro graças a uma resolução editada em 20 de outubro pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A normativa oficializa o Brasil como primeiro país do mundo a adotar o padrão global para divulgações financeiras de sustentabilidade para empresas e fundos criado recentemente pela International Sustainability Standards Board (ISSB).

A instituição é ligada à IFRS Foundation, que dita as regras do padrão contábil usado pelas empresas ao redor do mundo na sua gestão e reporte financeiro. Por enquanto, a adesão é voluntária, mas deve tornar-se obrigatória a partir de 2027 (com dados referentes a 2026). O primeiro (e mais óbvio) benefício da padronização dos reportes é para os investidores, que poderão ter informações mais comparáveis sobre desempenho ESG, o que pode facilitar avaliação de riscos sociais, ambientais ou de governança.

Aqui, vale a ressalva de que como as normas ISSB focam nos riscos aos quais as empresas estão expostas (o que tem sido chamado de materialidade financeira), as externalidades geradas pelas organizações acabam ficando de fora. Essa integração entre métricas que avaliam os impactos no negócio e os impactos do negócio (que chamamos de dupla materialidade) é fundamental para uma visão mais completa — e correta — de sustentabilidade, que considera o longo prazo e se ocupa em promover uma sociedade mais próspera e justa — o que no fim das contas também é bom para o negócio e reduz sua exposição a riscos.

Na ótica do regulador, o pioneirismo na adoção das normas ISSB se conecta com o plano de ação de finanças sustentáveis da CVM e com o Plano de Transição Ecológica do Ministério da Fazenda. Ou seja, faz parte de um esforço institucional de posicionamento do Brasil como líder global no tema a partir de investimentos e incentivos a uma economia mais sustentável.

Na ótica das empresas, como já tratamos aqui, os relatórios de sustentabilidade fazem muito sentido — agora mais do que nunca. Além de atender demandas de mercado — e agora regulatórias — o processo do relato, quando bem feito, torna-se um mecanismo de gestão e transparência poderoso, que vai muito além de uma mera obrigação. Para além da entrega de informações úteis a investidores, publicar relatórios sobre estratégia, impactos e resultados sociais, ambientais e econômicos é uma prática de engajamento e transparência valorizada por outros stakeholders. Talentos, clientes, comunidades e outros públicos demandam informação sobre aspectos relevantes de um negócio que tem impacto em suas vidas e operações. 

Se da porta para fora os (bons) relatórios contribuem com a qualificação dos relacionamentos, ao dar transparência para informações úteis, tempestivas e relevantes, da porta para dentro o processo tem potencial de ser uma prática de gestão e melhoria contínua. Afinal, se o objetivo de uma estratégia ESG é perenizar a organização e sua capacidade de geração de valor, é preciso entender quais são os impactos que afetam a sustentabilidade do negócio e que são afetados por ele.

Esse tipo de reflexão corresponde a boas práticas dos melhores relatos, seja usando as normas ISSB, GRI, SASB, ou outras que compõem a sopa de letrinhas da sustentabilidade. As ferramentas estão disponíveis e cabe a nós, gestores de (e para) sustentabilidade, escolher com inteligência as mais adequadas ao sucesso de nossas organizações, além de preparar nossas organizações para atender aos requisitos regulatórios. Que a barra continue subindo - se possível cada vez mais rápido. 

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