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Gerações, vamos parar de rotular?

Nós temos mais maturidade e experiência, portanto, que tal darmos o primeiro passo e tentar um meio termo? Confira a coluna de Carlos Guilherme Nosé

Nove em cada dez profissionais já trabalham em uma equipe com pessoas de diferentes gerações (Dmytro Zinkevych//Shutterstock)
Carlos Guilherme Nosé

CEO e sócio da FESA Group - Colunista Bússola

Publicado em 1 de novembro de 2024 às 10h00.

Nesse mundo supersônico em que vivemos, a coisa mais comum que tem acontecido é lermos a manchete, assistirmos a três segundos de um vídeo e, pronto, já somos experts em qualquer assunto. Polarizamos nossas opiniões e o meio termo é cada vez mais difícil de se encontrar.

Nas minhas andanças por empresas, conversas com executivos, visitas a ONGs, abri um novo caminho de conversas: com jovens universitários de 1º e 2º ano – ou seja, jovens que nasceram no finalzinho da Geração Z , entre 2004 e 2006. Isso mesmo, daqui quatro anos, a Geração Alfa (que poucos comentam), já entrará nas Universidades.

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Pois bem, meio que por acaso e por querer ajudar alguns grupos de estudantes a encontrarem seus caminhos profissionais, comecei algumas conversas dessas. Acho que houve uma influência forte pelo fato de que os meus filhos nasceram em 2005 e 2007. Portanto, estão nesse grupo seleto, pouco compreendido e que pouco compreende.

Do lado das empresas, ouço quase que 100% dos meus dias sobre o desafio clássico de lidar com o conflito de gerações. Chefes sem paciência de lidar com a impaciência dos jovens, e os jovens sem paciência de esperar as coisas fluírem no seu caminho natural. Daí entram os rótulos do mercado corporativo , que eu tanto odeio.

E por aí vai, são inúmeros rótulos e, quando rotulamos, atacamos, agredimos e colocamos todo mundo no mesmo balaio.  Nessas minhas conversas, conheci jovens incríveis, que me confessaram que a maior preocupação deles é não se encontrarem profissionalmente. É não ter sucesso e não serem independentes financeiramente. Ou seja: as mesmas preocupações das gerações anteriores.

O fato é:

Sim, o mundo mudou, principalmente no pós-pandemia. Essa turma tem uma vontade imensa de realizar coisas grandes. Acreditam de fato que podem mudar o mundo, acabar com a pobreza, resolver o problema climático, que a sociedade e governo devem caminhar mais juntos, coisas que a minha geração X , acreditava menos. Conheci jovens que estão cursando suas universidades e realizando trabalhos voluntários incríveis todos os sábados, com um propósito super legal de impactar a sociedade. Você aí que hoje é gerente ou diretor de alguma empresa e é da mesma geração que eu, fazia isso com 18 ou 19 anos? Conversei com jovens que querem, através de suas paixões, montar seus negócios, ou se juntar a empresas que catapultem seus sonhos. Um jovem que eu amo (meu filho), disse que quer estagiar cinco vezes por semana no escritório, porque entendeu que, ao ficar online, ele aprende menos.

Mas uma coisa foi unânime nessas conversas:

Eles estão cansados de serem rotulados e chamados de geração “perdida”. Nós também éramos rotulados pelos Baby Boomers e não gostávamos. Não estou ignorando os exageros e pontos fora da curva, pois sabemos que eles existem. Sim, tem jovem que acha que nenhuma empresa presta, que não quer trabalhar duro -, sem dúvida os casos existem, mas não podemos generalizar.

Portanto, sugiro pararmos de rotular

Nós temos mais maturidade e experiência, portanto, que tal darmos o primeiro passo e tentar um meio termo? Que tal mostrarmos a eles o caminho do equilíbrio e que, sim, existe felicidade no mundo do trabalho e que todos queremos o mesmo final?

E aos jovens, fica aqui uma dica: Nem tudo é como querermos, felizmente. Essa é a beleza da vida, saber lidar com as imperfeições e aproveitar as coisas boas. Como dizia uma chefe e ex-sócia querida que tive: “Ninguém te prometeu uma vida justa”.

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