Tembici quer atrair a população para a micromobilidade (Bússola/Reprodução)
Bússola
Publicado em 20 de outubro de 2022 às 10h30.
Por Gabriel Reginato
De forma democrática, a bicicleta tornou-se uma opção simples e revolucionária para as engrenagens do transporte nos centros urbanos. A introdução da cultura das bikes compartilhadas em muito contribuiu para o protagonismo da micromobilidade nos últimos anos, e o paulistano compreendeu as vantagens de optar por um modal econômico, eficiente e sustentável na hora de se deslocar pela maior cidade do país. Prova disso é o aumento de mais de 60% no uso das bikes laranjinhas em 2022, quando comparado a 2021.
Esse cenário reflete uma mudança de mentalidade da população na capital paulista, com o crescimento da mobilidade ativa amparada pelas colaborações do poder público, da iniciativa privada e da sociedade civil - pilares fundamentais para essa transformação no comportamento das pessoas, em linha com o propósito da Tembici em inspirar uma revolução global de mobilidade urbana.
Esse histórico contribuiu para que São Paulo se consolidasse como uma das referências modais no país. Nos primeiros sete meses deste ano identificamos aumento de 40% dos usuários na cidade, enquanto uma recente pesquisa da Bicycle Cities Index aponta a capital paulista como único município brasileiro – 76º lugar - em um ranking de 90 países com as melhores condições de circulação para os ciclistas.
Nesse contexto é importante lembrar que só quem vivencia a cidade pode entendê-la. Ou seja, a sociedade civil tem sido fundamental para dizer o que funciona e de que maneira. Isso se mostra em um estudo recente que 70% dos deslocamentos na cidade são realizados por outros modais, e apenas 30% pelos automóveis. Por isso, cada vez mais esse espaço precisa ser ocupado de forma racional e harmônica.
Bicicletas compartilhadas
A Tembici nasceu e surgiu do sonho de melhorar o ir e vir das pessoas, partindo de um projeto que deu seus primeiros passos com três estudantes da Universidade de São Paulo em 2010. Pouco mais de uma década depois, tivemos um faturamento de R$140 milhões no fim do ano passado, e isso só foi possível pela adesão ao sistema de compartilhamento de bicicletas. Atualmente possuímos 260 estações espalhadas pela cidade, com mais de 2.700 bicicletas entre convencionais e elétricas.
Essa trajetória também unificou a nossa proposta de tornar as cidades mais inteligentes, o que fez ainda mais sentido a partir dos nossos investimentos em modais ainda mais tecnológicos. Em junho deste ano, as bicicletas elétricas chegaram a São Paulo expandindo a possibilidade de uso diário, uma vez que facilita deslocamentos mais longos e com diferentes relevos.
Esse processo consolidou uma estratégia de comunicação e conscientização que tem revertido um quadro que antes só favorecia o uso de automóveis a relegar outros modais, uma vez que o equilíbrio entre esses modos mostra-se o mais eficaz para as cidades. E em 10 anos, nossos projetos pela América Latina contribuíram para o crescimento de mais de 400% da micromobilidade no sul global.
Em 2022, o número de novos usuários que passaram a usar o sistema de bicicletas compartilhadas apresentou 33% de aumento na capital, desses, 77% usam o sistema para deslocamentos diários e 22% para lazer. Além de cumprirem um importante papel na democratização de espaços nas cidades, as bicicletas também são fundamentais para o meio ambiente, já que 49% das pessoas que pedalam em São Paulo fariam o deslocamento em modos motorizados se não utilizassem a bicicleta.
Reflexo no bolso
Alterar o modo como as pessoas se deslocam nas cidades e estabelecer esse vínculo com a micromobilidade ainda é algo que envolve muitas outras etapas. Mas estamos convictos de que conversamos e falamos para o futuro, embora o presente já nos traga amostras de que a bicicleta é vista cada vez mais como um modal protagonista para a sociedade.
Os primeiros meses deste ano foram marcados por um cenário econômico e alta no preço dos combustíveis, em paralelo acompanhamos um crescimento de usuários de bicicletas compartilhadas e no aumento de viagens realizadas por meio deste modal.
Na primeira quinzena de abril, por exemplo, o preço médio nacional do litro de gasolina chegou a R$ 7,49 – o maior valor já registrado nos postos pelo país. Em paralelo a isso, em São Paulo as bicicletas compartilhadas passaram a fazer 72% de viagens a mais no comparativo com o mês de abril de 2021, com um aumento de 60% no número de ciclistas cadastrados na plataforma.
Esse contexto é um convite para as pessoas repensarem seus hábitos de deslocamento que podem ser mais eficientes, baratos e sustentáveis. Um trajeto à padaria, amigo que mora perto, academia, não precisa ser feito com carro. Um percurso diário de 20 km, por exemplo, sai por mais de R$ 1.300,00 no mês, quando feito de carro, enquanto no transporte público o gasto é em média R$ 230,00 e com a bike compartilhada, em São Paulo, sai por menos de R$ 40,00.
Indiscutivelmente caminhamos para uma escalada ainda maior do nosso negócio, com o objetivo de otimizar a rotina das pessoas nos centros urbanos. Isso tem sido possível graças a inúmeros fatores, entre eles o fato de nos consolidarmos em regiões metropolitanas com relevância cultural e econômica. São Paulo soube exatamente como se apropriar deste novo e necessário quadro.
Jamais conseguiríamos sozinhos, além de parceiros no financiamento para mobilidade ativa, contamos com políticas públicas, soluções inovadoras e tecnológicas, mas o nosso diferencial está principalmente na sociedade civil que tem abraçado a nossa missão e visão a longo prazo para a construção de cidades mais inteligentes e sustentáveis. E na principal cidade da América Latina ainda temos muito a alcançar.
Gabriel Reginato* é diretor de negócios da Tembici
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