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Folga a cada 10º dia útil será o futuro do ambiente de trabalho brasileiro?

No Brasil, um estudo mostrou que as empresas que experimentaram uma semana de quatro dias trouxeram muitas melhorias. a quinzena de nove dias pode dar certo? Confira o artigo de Carolina Merlin, especialista jurídica

Sleep, relax and business woman finished with working on a project in office. Success, peace and calm with happy person resting after job complete, hands behind head and stretching for zen in company (DMP/Getty Images)
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Publicado em 8 de agosto de 2024 às 07h00.

Por Carolina Merlin, especialista jurídica da Mauve Group

Parece um problema matemático maluco, mas será que o "Quintou" pode ser o novo o "Sextou"? Qualquer brasileiro, conhece bem o termo "Sextou" (algo como "Graças a Deus, é sexta-feira!") e como ele é celebrado ou enviado de grupo em grupo no WhatsApp desde a manhã de sexta até a hora de ir embora.

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Mas será que nosso amor cultural compartilhado pelo “Sextou” está escondendo uma verdade mais desconfortável – que nós, brasileiros, estamos sobrecarregados, e muitas vezes mal remunerados? Talvez você não saiba (mas provavelmente já sentiu) que o Brasil é o país com a segunda maior taxa de burnout no trabalho.

O modelo de trabalho da quinzena de nove dias

Para abordar essas crescentes taxas de esgotamento e nos ajudar a adaptar às novas realidades de trabalho, como o trabalho híbrido e remoto, pesquisadores ingleses recentemente propuseram uma solução ousada: um modelo de trabalho de ‘quinzena de nove dias’, ou ‘ 9-day Fortnight ’, em inglês.

Isso significa que os funcionários trabalhariam nove dias úteis em um período de duas semanas, com o décimo dia como uma folga permanente, ou seja, trabalhariam uma semana completa, de segunda a sexta, e ganhariam a próxima sexta de folga, trabalhando apenas de segunda a quinta.

Este modelo visa equilibrar uma carga semanal de trabalho de cinco dias com uma de quatro dias. Será que isso poderia diminuir o nosso amor pelo ‘Sextou” - de uma forma positiva - e nos fazer começar um novo relacionamento mais saudável com as quintas-feiras, sem prejudicar nosso trabalho nas sextas? E, mais importante, essa solução poderia ser uma forma séria de abordar o problema do burnout no país?

Vamos analisar alguns dos prós e contras deste novo conceito interessante

Pesquisas recentes sobre semanas de trabalho mais curtas são muito positivas. No Brasil, um estudo mostrou que as empresas que experimentaram uma semana de quatro dias trouxeram muitas melhorias, tanto na eficiência no trabalho quanto no bem-estar dos funcionários.

No entanto, uma comparação entre semanas de quatro dias e as “ quinzenas de nove dias ” revelou que o último é um pouco mais flexível porque é menos uma mudança para empregadores e profissionais se adaptarem, reduzindo preocupações sobre a interrupção dos padrões de trabalho atuais. Talvez seja uma forma menos radical, mas também menos confrontacional, de se oferecer um modelo de trabalho que se encaixe com nossas novas vidas profissionais.

Desempenho melhorado

Não é surpresa que, com um dia de folga extra a cada duas semanas trabalhadas, os funcionários possam gerenciar melhor as responsabilidades pessoais e aproveitar mais tempo de lazer, melhorando sua qualidade de vida em geral.

Outras descobertas mostram que esse modelo de trabalho promove maior produtividade, satisfação dos funcionários e melhor saúde mental, o que certamente reduzirá tanto pedidos de demissão quanto burnout em empresas, além de promover um ambiente de trabalho mais positivo.

Outro estudo aponta que cerca de 76% dos profissionais estão dispostos a mudar de emprego se uma nova empresa oferecer o modelo de nove dias trabalhados a cada duas semanas, tornando-a mais atraente para novos talentos.

Para organizações globais que contratam funcionários remotos ou em escritórios locais, essa escala pode se tornar muito útil como um modelo internacional padrão de folgas – oferecendo simplicidade administrativa, promovendo bem-estar e produtividade.

Claro, como qualquer grande mudança no local de trabalho, as organizações que buscam implementar um modelo internacional devem garantir que estão em conformidade com as leis trabalhistas e de emprego locais em cada território onde operam.

Então, quais são os contras?

Bem, como qualquer relação entre empregado e empregador, seria necessário alguma boa fé de ambos os lados.

Dois obstáculos que precisam ser tratados com sensibilidade são a tendência desse modelo de trabalho resultar em dias de trabalhos mais longos e a maior dificuldade em organizar os dias de folga, sem comprometer a operação da empresa.

Por exemplo, as empresas podem precisar dividir os funcionários em grupos com dias de folga escalonados para manter a eficiência operacional. Softwares inteligentes de agendamento e soluções de RH podem ajudar a gerenciar esses desafios, fornecendo ferramentas para criar cronogramas eficazes.

Embora os níveis de estresse no começo possam aumentar à medida que funcionários e gerentes se ajustam, as empresas podem fornecer recursos e suporte para lidar com esses problemas comuns no local de trabalho. Engajar sua equipe em discussões, ouvir suas preocupações e manter linhas de comunicação abertas ajudará a criar um sistema justo que beneficie a todos.

A questão é: o “Quintou” se encaixa na cultura de trabalho brasileira?

No Brasil, a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) define quantas horas devemos trabalhar e as regras para horas extras.

Jornadas de trabalho comuns são:

Para o modelo de uma folga a cada duas semanas funcionar, ele precisa ser atrativo para os trabalhadores e seguir as regras da legislação. Uma nova lei no Senado, que reduz a jornada para 30 horas semanais, é um bom começo. Mas se mais proteções legais permitirem que empresas e funcionários tomem medidas para reformular o dia, a semana e a quinzena de trabalho, o ‘Quintou” poderia ser o novo o “Sextou”.

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