Estratégia ESG apresenta-se como uma oportunidade de negócios no longo prazo (Khanchit Khirisutchalual/Getty Images)
Bússola
Publicado em 12 de março de 2022 às 19h37.
Por Michel Varon*
O conceito de Responsabilidade Social, Ambiental e de Governança (ESG) vem ganhando cada vez mais relevância no mercado de crédito corporativo e, principalmente, tem facilitado o acesso a recursos financeiros. Com isso, além de colocar em prática seu papel sustentável, as empresas vêm estabelecendo metas e compromissos voltados à essa agenda para também aproveitar os recursos de crédito.
Dados da Global Sustainable Investment Alliance mostram que, no início de 2020, o estoque total de investimentos ESG alcançou US$ 35 trilhões nos mercados da Europa, EUA, Canadá, Austrália e Japão. De acordo com o documento, essa cifra já representa 36% dos ativos sob a gestão de fundos.
Embora seja mais forte na Europa, a tendência já começa a refletir mais no Brasil. Prova disso é que desde 2020, o Banco Central (BC) inseriu o assunto na sua agenda institucional BC#, incluindo desde campanhas internas até a criação de uma linha financeira de liquidez sustentável para instituições bancárias.
Nesse cenário, os critérios de ESG ganham espaço também na avaliação do crédito. Sem desconsiderar os indicadores econômico-financeiros, métricas complementares passam a fazer parte da análise de concessão de recursos, possibilitando maior controle de riscos a longo prazo e uma visão mais globalizada.
Um setor que analisa o comportamento de consumidores e empresas para direcionar estratégias de mercado, como o de crédito, tem uma visão privilegiada acerca do papel da Responsabilidade Social na tomada de decisão de investimentos.
Se de um lado a tendência ESG pode promover o redirecionamento dos recursos financeiros a empresas alinhadas com os grandes temas do século 21, de outro, também pode induzir mudança no comportamento de companhias que demandam recursos, buscando vantagem competitiva por meio de uma operação sustentável.
Segundo o relatório da consultoria Bain & Company, empréstimos vinculados a ESG são o segmento de crescimento mais rápido do mercado de crédito corporativo. Isso acontece porque para os investidores e para os bancos, por trás dos financiamentos, um dos benefícios é a maior adimplência.
De acordo com o estudo, gestores de empresas comprometidas com as práticas ESG lutam mais para evitar a inadimplência. São companhias menos expostas a riscos ambientais e operacionais, além de estarem mais adequadas às novas regulações nessas áreas.
A tendência é que o tema ganhe mais destaque nos próximos anos. Segundo a consultoria PwC, cerca de 40% das grandes empresas dos mercados emergentes e desenvolvidos pretendem adotar políticas de sustentabilidade ou aumentar o seu alcance, ainda em 2022.
Dessa forma, para os gestores de crédito e demais profissionais do setor, a estratégia ESG apresenta-se como uma oportunidade de negócios no longo prazo e devido a isso, tem se tornado cada vez mais importante, conseguir mensurar os resultados de clientes e parceiros.
Nesse contexto, tecnologias como Inteligência Artificial e Machine Learning têm sido grandes aliadas do mercado, permitindo que a empresa que irá conceder crédito, consiga analisar com mais assertividade índices como potencial de poluição e consumo de recursos naturais e dessa forma tomar uma decisão de crédito mais segura.
*Michel Varon é CEO e fundador do Vadu
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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