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Em que futuro (presente) do trabalho você acredita?

Nova pesquisa do Google Workplace aponta que o modelo híbrido ganha cada vez mais adesão e pode se tornar o novo jeito de trabalhar no Brasil

Excesso de videochamadas, sem intervalos, impede que o cérebro "reinicie", causando exaustão (By lijing/Getty Images)

Excesso de videochamadas, sem intervalos, impede que o cérebro "reinicie", causando exaustão (By lijing/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2021 às 15h58.

Última atualização em 16 de junho de 2021 às 19h06.

Por Lucas Tavares*

Eu certamente não te conheço, mas sei que provavelmente você lê este texto do conforto de seu home office. Desde o início da pandemia, o trabalho remoto se tornou a solução para que as empresas e seus times continuassem produzindo. Nesse meio-tempo, muito se discute sobre as vantagens dos diferentes modelos de trabalho e quando (e se) voltaremos aos escritórios espalhados pelo Brasil. Afinal, qual é o futuro do trabalho em terras tupiniquins?

Na humilde opinião deste que vos fala, o trabalho remoto trouxe vantagens e desvantagens. A ausência do tempo de deslocamento em carros, trens e ônibus, a flexibilidade de rotina, a presença constante dentro de casa e, obviamente, a menor exposição ao contágio são pontos altos e que devem ser considerados na equação.

Hoje tenho possibilidades nunca imaginadas: tomo café todos os dias com minha esposa sem a correria-padrão, consigo realizar pequenos afazeres domésticos ao longo dia, passo o dia com meus gatos no colo e ganho as horinhas extras que perdia no ônibus fazendo qualquer outra coisa. Isso tudo sem sacrificar a qualidade do trabalho, os prazos a ser cumpridos e a interação com minha equipe, mesmo que remota. É por essas e outras que eu amo e defendo o home office com unhas e dentes.

Mas — sempre tem o “mas” —, do outro lado temos a ausência de interação física entre minha equipe, a falta daquele cafezinho da copa com meus colegas, a infraestrutura não tão adequada, a divisão não tão clara entre trabalho e vida pessoal, além do excesso das videochamadas.

Esse último item foi, inclusive, tema de uma pesquisa da Microsoft — dona do amado e odiado Teams, aplicativo de videochamadas —, que trouxe descobertas importantes: grande parte da sobrecarga dos profissionais se deve ao grande volume de reuniões virtuais, muitas vezes marcadas em sequências exaustivas.

A ausência de intervalos entre esses papos não permite que o cérebro “reinicie”, processo importante para o relaxamento, diminuição do estresse e até mesmo para o aumento da concentração e do engajamento.

Esses pontos em ambos os lados da balança me fazem pensar: será que o modelo híbrido, o meio do caminho entre o remoto e o presencial, pode ser a solução para a questão?

Uma recente pesquisa do Google Workplace aponta que sim. Nela, 43% dos entrevistados disseram que suas empresas já definiram o modelo híbrido como padrão para o futuro. E a galera apoia fortemente essa decisão: 51% enxergam a mudança com entusiasmo e 47% com confiança.

Para os líderes, as porcentagens são de 54% e 52%, respectivamente. E mais: para as que ainda não decidiram um padrão, 59% dos profissionais sugerem o modelo híbrido — ante apenas 22% que preferem o formato presencial e 19%, o remoto.

A mudança é naturalmente mais aceita pelos mais jovens — entre os entrevistados de 18 a 21 anos, a adesão ao modelo híbrido é de 76% —, mas não é exclusividade deles: 54% dos que têm entre 22 e 37 anos e 60% dos que têm mais de 38 anos também acreditam nesse novo jeito de trabalhar.

Confesso que seria incrível poder aproveitar o home office de três a quatro dias e curtir os benefícios do modelo presencial pelo menos uma vez na semana. Esse dia pode, inclusive, ser dedicado às reuniões mais importantes entre times, liberando um pouco mais nossas agendas das calls infinitas, e para outros tipos de dinâmica que fortalecem os laços culturais e o sentimento de pertencimento.

Mas todas essas decisões, obviamente, ficarão para o mundo pós-vacina. Por enquanto, profissionais, líderes e empresas devem estar atentos às transformações e aos impactos de cada uma delas na saúde física e mental. Também devem pensar seriamente nos prós e contras dos diferentes modelos, priorizando não só a produtividade e qualidade do trabalho, como também o sentimento de seus times.

E você, em qual modelo de trabalho acredita?

*Lucas Tavares é coordenador de Dados & Insights da Loures Consultoria

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