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Em 3 ou 4 meses Brasil deve atingir número seguro de vacinados

Cálculos apontam que, embora o país esteja com queda no número de mortalidade, ainda não estamos em nível seguro sobre vacinação

Ritmo de vacinação cai no Brasil (Eduardo Frazão/Exame)
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Bússola

Publicado em 20 de setembro de 2021 às 14h29.

Por Marcelo Tokarski*

O Brasil atingiu neste domingo 37,6% da população imunizada com duas doses ou dose única de alguma vacina contra a covid-19. Apesar do avanço da vacinação, que já chegou a dois terços da população com pelo menos uma dose no braço, ainda estamos muito distantes de uma situação mais segura, com pelo menos 70% das pessoas protegidas pelo esquema vacinal completo, ou seja, duas doses ou dose única.

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Para se ter uma ideia, cálculos feitos com base no ritmo de aplicação da segunda dose nas últimas quatro semanas indicam que ainda levaremos três meses para chegarmos ao patamar de 70% de imunizados com as duas doses. Isso nos leva a meados de dezembro. Para atingirmos 80%, será necessário mais um mês, ou seja, fim de janeiro.

A projeção leva em conta que, nas quatro últimas semanas, o ritmo de aumento da fatia de vacinados com D1+D2 ou dose única é de 2,9pp por semana. E pode sofrer variações, dependendo da chegada de vacinas e de sua disponibilização para estados e municípios. Em um cenário mais pessimista, pegando o crescimento médio das últimas dez semanas, levaríamos uma semana a mais para atingir o patamar de 70% de vacinados.

O problema é que o ritmo de vacinação vem caindo no Brasil. Há exatamente um mês, a média móvel de doses aplicadas estava em 1,8 milhão de doses por dia. Mas gargalos na produção de vacinas tanto pelo Butantan quanto pela Fiocruz levaram à falta de vacinas e o patamar médio de aplicação recuou para a casa das 950 mil doses, ou quase metade do que o Plano Nacional de Imunização (PNI) vinha fazendo.

Janela

Por outro lado, a boa notícia é que uma parcela expressiva da população está na chamada janela de imunidade justamente no período das férias e festas de fim de ano, quando mais gente costuma se reunir, muitas pessoas viajam e o contágio poderia acelerar, caso não houvesse essa significativa cobertura vacinal.

Como tenho mostrado aqui neste espaço, o avanço da vacinação tem reduzido o número de casos e principalmente de mortes por covid-19. Neste domingo, foram registrados 244 óbitos, o menor número em dez meses. A média móvel está hoje em 557 mortes por dia, acima das 460 do domingo anterior, mas ainda em clara tendência de queda. O aumento se explica na verdade por um efeito estatístico que represou registros de alguns estados, que só foram atualizados nesta última semana.

O maior reflexo dessa confusão nos números — que torna a análise da pandemia um desafio ainda maior — se deu no número de casos, que com a atualização das estatísticas voltou à casa dos 32,2 mil novos casos por dia. Isso ocorreu porque o estado do Rio de Janeiro incluiu na base de dados, no sábado, o registro de 105 mil novos casos, mas quase 90% deles não aconteceram de fato nos últimos sete dias, período em que se calcula a média móvel. Descontado este efeito estatístico, a média móvel dos últimos sete dias estaria na casa dos 21 mil novos casos.

Noves fora, a pandemia de covid-19 no Brasil segue em um momento decisivo. Os números de casos e de mortes seguem em tendência de queda, mas ainda levaremos pelo menos três meses para ter uma imunidade coletiva mais significativa. Enquanto isso, a variante Delta (e outras novas) tem sido uma ameaça de aceleração do contágio, por enquanto mais restrita a alguns estados.

Cabe a cada um de nós seguir se cuidando para que o contágio não volte a acelerar antes de a vacinação chegar a pelo menos 70% da população (ou mais, tomara!). Essa hipótese de uma terceira onda hoje não é a mais provável, mas essa pandemia já derrubou diversos pressupostos...

*Marcelo Tokarskié sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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