Maior obstáculo para implementação de uma cultura corporativa diferente é ter a convicção de quem está no topo (Klaus Vedfelt/Getty Images)
Bússola
Publicado em 11 de agosto de 2021 às 13h34.
Por Maria Rita de Carvalho Drummond*
Toda semana um jornal de grande circulação do Brasil publica uma matéria sobre diversidade nos conselhos. O tema está consolidado na agenda nacional, apesar da evolução lenta (ainda que na direção certa). O grupo Cosan, atento e comprometido com essa agenda, hoje comemora os selos que os conselhos de administração da Rumo e da Raízen receberam da Women on Board (WOB), iniciativa independente que reconhece, valoriza e certifica organizações que têm ao menos duas mulheres nos conselhos de administração ou consultivo – a Rumo atualmente conta com três mulheres conselheiras de um total de nove membros, enquanto a Raízen acaba de eleger suas duas primeiras mulheres conselheiras.
O marco é comemorado porque a liderança das empresas do grupo Cosan ainda é predominantemente masculina, e revela que a tendência de mudança não é apenas clara, como certa. Outro exemplo recente dentro do grupo: além das duas mulheres conselheiras eleitas, a Raízen acabou de eleger o primeiro Comitê de Auditoria estatutário do Brasil formado apenas por mulheres (com carreiras executivas e formação acadêmica de cair o queixo).
Estes exemplos demonstram que a liderança do grupo está comprometida com o aumento da diversidade e inclusão, não só de gênero, como também racial (mas deixarei para tratar de nossas iniciativas de diversidade racial em outro momento).
O maior obstáculo para implementação de uma cultura corporativa diferente é ter a convicção de quem está no topo, sendo que hoje essa convicção é compartilhada por todos os líderes do grupo. Tal convicção vem na esteira dos esforços de muitas mulheres que se arriscaram a clamar por um espaço, criando organizações e movimentos para lançar luz sobre a desigualdade de gênero. O pleito por mais diversidade além de justo e necessário, contribui para o resultado de qualquer empreitada comercial.
Prova cabal é o sucesso de muitas startups, em sua esmagadora maioria formada por uma equipe muito mais diversa e inclusiva que empresas tradicionais.
Passada a longa e difícil fase de convencimento sobre a importância do tema, a hora é de planejar como melhor implantar medidas de diversidade e inclusão. O Grupo Cosan hoje conta com administradoras com uma formação e experiência profissional impressionantes – são mulheres admiradas interna e externamente, que estão contribuindo muito para o crescimento de nossos negócios. No entanto, elas chegaram “prontas”, depois de desbravar por mais de duas décadas a tortuosa escalada para uma mulher no ambiente corporativo (que era ainda mais duro nos anos 80, 90 e 2000). O desafio atual é dar oportunidades desde o começo, formar mais profissionais, ajudar no crescimento e desenvolver suas habilidades, sem que o custo pessoal seja tão alto e sofrido.
Navegar contra a corrente predominante por tantas décadas (e séculos) é uma luta diária e constante. Não permite descanso; qualquer descuido gera um retrocesso.
Por isso, acredito na união das mulheres em grupos de apoio, mentorias, na formação de uma voz única e na educação permanente para todxs funcionários sobre respeito, viés inconsciente e inclusão. Mais do que pressa para atingir percentuais, nos preocupamos com a forma sustentável e verdadeira dessa jornada. Cada uma tem uma história e cada voz merece ser ouvida. Não é fácil, vamos errar, mas hoje temos certeza da forma que queremos que a mudança aconteça. Cada espaço conquistado por nossas mulheres precisa ser comemorado e hoje celebramos o selo da WOB para os Conselhos da Rumo e da Raízen.
*Maria Rita de Carvalho Drummond é vice-presidente Jurídica da Cosan
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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