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Danilo Maeda: A agenda ESG precisa avançar. Como fazer isso?

A resposta começa com o planejamento estratégico, mas é preciso transformar isso em prática

É preciso avançar em um tempo assustadoramente curto (Thithawat_s/Getty Images)

É preciso avançar em um tempo assustadoramente curto (Thithawat_s/Getty Images)

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Publicado em 10 de maio de 2022 às 19h40.

Última atualização em 13 de maio de 2022 às 11h43.

Por Danilo Maeda*

Semana passada, escrevi sobre as diferentes realidades que convivem no mesmo espaço. Quando o assunto é sustentabilidade corporativa, temos no Brasil empresas que estão na vanguarda do tema mundialmente. Juntamente à avalanche de informações empolgadas sobre boas práticas ESG, esses casos de sucesso nos dão esperança de que um novo capitalismo emerge conciliando geração de riquezas, preservação ambiental e desenvolvimento econômico.

Por outro lado, tal conduta ainda não é majoritária no mercado. Apenas 37% empresas grandes e médias possuem estratégia de sustentabilidade. E só 3% atrelam a remuneração dos executivos a metas socioambientais ligadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Ou seja, há espaços entre a conscientização promovida pela ampla divulgação do tema, a compreensão estratégica e a adoção de práticas efetivas. Os dados são de um levantamento do Instituto FSB Pesquisa feito a pedido da Beon.

(Divulgação/Divulgação)

Quando olhamos para o desempenho geral das empresas em adoção de práticas ESG, o estudo mostra que apenas 12% estão em fases mais avançadas de sua jornada de sustentabilidade. Na classificação de 5 etapas conhecida como estágios de aprendizagem organizacional (Zadek, 2004), 20% das grandes e médias empresas brasileiras estariam na fase “Defensiva”, que também poderíamos chamar de negacionista, por caracterizar organizações que atuam com temas socioambientais apenas para se defender e evitar danos reputacionais, sem acreditar no valor da agenda.

Outras 40% estariam na etapa de “Conformidade”, em que as práticas ESG são vistas como cumprimento de obrigações legais e mitigação de riscos. Os 29% restantes ficam no estágio intermediário, o gerencial, em que se começam a adotar compromissos mais profundos, com uma gestão efetiva de impactos socioambientais. Foram entrevistados 400 executivos de médias e grandes empresas de todos os setores da economia e de todas as regiões do Brasil.

Os dados de nosso estudo mostram que é preciso avançar. E o tempo disponível é assustadoramente curto, como a ciência tem demonstrado. Diante disso, a questão que emerge é como acelerar esta agenda?

Nossa resposta começa com o planejamento estratégico. Além de fazer todo sentido em termos de gestão, os riscos socioambientais já estão presentes na estratégia de negócios em 70% das vezes e as análises de contexto social, ambiental e político são feitas em 63% dos casos. Ou seja, na maioria das companhias já existem processos para mapear temas ESG relevantes. Falta transformar isso em práticas e estratégias que deem senso de direção para os esforços da empresa, de modo que se possa de fato adicionar valor a todos os stakeholders.

A partir daí, serão necessárias ferramentas específicas, como uma boa avaliação de materialidade, mapeamento de riscos e oportunidades socioambientais, definição de indicadores e metas em sustentabilidade, bem como mecanismos de gestão. E para quem já está mais avançado na jornada, investir em programas de desenvolvimento da cadeia de valor é uma fronteira a ser explorada, com potenciais benefícios para o negócio e para a aceleração da agenda como um todo. Mas isso é tema para uma próxima coluna.

*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG do grupo FSB

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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