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COP27: Avanço e competitividade da geração solar serão trunfos do Brasil

País chega ao principal evento mundial sobre questões climáticas levando na bagagem uma capacidade gigantesca para a produção de energia solar

Conferência começou no último domingo no Egito (Kevin Frayer/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 19h15.

Com o advento da COP27, que começou no último domingo no Egito, em que serão discutidas soluções para combater o aquecimento global e a redução das emissões de CO₂ no mundo, o Brasil, país com ampla oferta de energia limpa e renovável, volta a ter papel relevante. Uma das boas notícias desta edição será o crescimento acelerado da geração de energia solar, que ultrapassou os 52% este ano, tornando-se uma das fontes mais competitivas e sustentáveis da matriz energética brasileira. Uma ajuda significativa para a transição energética, movimento global que tem determinado a forma como as pessoas consomem ou querem consumir energia, com profundas transformações para o setor elétrico, empresas e a sociedade.

Saltamos de 13,8 GW em 1º de janeiro para 21 GW até outubro em geração solar.  Boa parte desse avanço veio da geração distribuída (aquela produzida a partir de pequenas estações instaladas em residências e empresas de pequeno e médio portes), totalizando mais de 4,9 GW acumulados. Trata-se do maior volume anual da história do setor, superando os 4,48 GW contabilizados ao longo dos doze meses de 2021, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica. Já o segmento de geração centralizada registrou este ano um crescimento de mais 40%, com mais de 2 GW acrescidos ao Sistema Interligado Nacional. Em janeiro, eram 4,63 GW de potência operacional contra os atuais 6,7 GW. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o país deverá encerrar 2022 com cerca de 25 GW de capacidade instalada em energia solar.

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O Brasil chega ao principal evento mundial sobre questões climáticas levando na bagagem uma capacidade gigantesca para a produção de energia solar, fonte cada vez mais competitiva. Localizado próximo à Linha do Equador, com clima favorável e extensos territórios, o país vem investindo fortemente para ampliar a fatia da energia fotovoltaica na matriz energética desde os leilões em 2015.

Um exemplo concreto que sustenta essa visão positiva aconteceu no Leilão de Energia Nova A-5, realizado este ano pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. A solar obteve o menor preço médio de venda, com R$ 171,41 por MWh, e deságio de 38,7% frente ao preço-teto de R$ 280 por MWh. A quantidade de energia contratada da fonte foi mais do que o dobro da eólica e quase o triplo da biomassa, recursos também renováveis e sustentáveis. Uma performance que vem se repetindo nos últimos anos. Dos seis leilões de energia nova realizados desde 2019, a solar foi a mais competitiva em cinco deles.

Essa vantagem se explica por uma combinação de fatores que passam pela combinação do potencial energético dos projetos solares no Brasil, custos de investimento e operacionais competitivos internacionalmente, além da previsibilidade de longo prazo do fluxo de caixa, permitindo um custo de capital otimizado. O resultado desta equação que parece complicada é na verdade a energia com preços mais competitivos que existe hoje disponível no mercado brasileiro.

É dentro deste contexto que, segundo a Absolar, o consolidado que a energia solar centralizada e distribuída geraram nos últimos 10 anos é de 104 bilhões de reais de investimentos no Brasil, 607 mil empregos gerados e 28 milhões de toneladas de gás carbônico evitadas. Portanto, é não só um ótimo negócio por trazer a energia com preços mais competitivos, mas também um real valor agregado na estratégia de sustentabilidade e ESG daqueles que optam por usá-la.

O mercado corporativo vê com bons olhos esse avanço, que é mais percebido hoje pelas grandes empresas e indústrias, que adotam soluções fora do Mercado Cativo (aquele no qual a compra da energia é feita por intermédio das distribuidoras de energia). Contratos de compra e venda no Mercado Livre (com livre negociação entre geradores/comercializadores e consumidores) e o sistema de autoprodução são algumas das saídas para reduzir o peso do custo de energia no dia a dia da operação, tornando os negócios mais competitivos, atrativos e sustentáveis perante a sociedade e os investidores.

Em paralelo, espera-se que a Câmara dos Deputados vote até o final deste ano o Projeto de Lei 414/2021, que prevê a modernização do setor elétrico com a ampliação do Mercado Livre de Energia para consumidores de todos os portes. De acordo com a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), o Brasil tem potencial de gerar, até 2035, R$ 210 bilhões de redução nos gastos com energia elétrica, de criar 642 mil empregos e de proporcionar um desconto médio de 27% na compra de energia no mercado livre. E essa demanda, claro, passa pela ampliação da geração de energia fotovoltaica.

Na COP 26, o Brasil apresentou uma meta, atualizada em abril deste ano, de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, e cortar pela metade essa emissão até o fim de 2030.   Daqui a alguns dias, na COP 27, teremos a oportunidade de mostrar a importância do avanço da energia solar para o cumprimento destas metas e para o desenvolvimento social e econômico de muitas regiões brasileiras, traduzindo de forma concreta a transição energética.

*Ricardo Barros é country manager da Lightsource bp no Brasil e vice-presidente de Geração Centralizada da Absolar

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