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Com edifícios e seus "gêmeos virtuais", construção civil adentra metaverso

Réplicas perfeitas das construções, disponíveis na nuvem, contém dados atualizados que podem ser acessados durante as obras ou para reparos

Impactos vão além da velocidade de resposta a possíveis reparos (MR.Cole_Photographer/Getty Images)

Impactos vão além da velocidade de resposta a possíveis reparos (MR.Cole_Photographer/Getty Images)

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Publicado em 5 de maio de 2022 às 20h00.

Por Paulo Salvador*

O setor da construção civil apresentou avanço de 9,7% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa o maior crescimento em 10 anos. A economia brasileira como um todo avançou 4,6% em 2021.

Depois de um 2020 tímido, o setor ganhou fôlego com o incremento do financiamento imobiliário, taxas de juros em patamares reduzidos e leve melhora da economia. Também com bom desempenho, a construção offsite, conhecida como modular, tem crescido no mundo em média 5% a 7% ao ano — duas vezes mais que a construção tradicional — e movimentou US$ 82 bilhões em 2020, segundo dados da Terracota Ventures. Tamanha magnitude pede igual inovação

Com sua produção alocada em ambiente controlado, a construção offsite segue lógica industrial e gera produtos tridimensionais para todo tipo de aplicação: hotéis, residências, plantas industriais, varejo e escritórios. Tudo é construído em uma fábrica e depois transportado na forma de módulos, para o local de destino onde serão montados e integrados no canteiro em poucos dias de forma rápida, sustentável, sem impacto ambiental, geração de entulhos ou entraves inesperados.

Tudo é previsível. Esse método construtivo traz uma resposta eficaz para as dores presentes, na construção tradicional: estouro de prazos e orçamento, desperdícios de materiais, passivo ambiental e outros pontos sensíveis.

Na esteira do desenvolvimento que a construção offsite vem alavancando, recursos mais sofisticados também emprestam um na gestão inteligente do ativo. Os gêmeos digitais entram nesse pilar, otimizando o gerenciamento das variáveis que podem ocorrer não somente durante a fase do projeto mas também ao longo do ciclo de vida do edifício. A aplicação dessa tecnologia permite um verdadeiro diálogo entre o prédio real e o seu irmão “gêmeo” virtual, ou seja, criamos na nuvem toda base de informação técnica e construtiva do que será construído.

Com essa base de dados, cada elemento, cada ramal de estrutura, cada parafuso, cada componente de fundação, parede, elétrica podem ser monitorados permitindo que a gestão da manutenção preventiva do ativo seja muito mais eficiente. Em caso de alguma patologia, não precisamos quebrar paredes, interditar ou intervir em pontos desnecessários. Tudo isso gera ganho de tempo e economia de recursos não somente durante a obra, mas em toda a vida do ativo.

Essas inovações trazem impactos que vão além da velocidade de resposta a possíveis reparos. Na Inglaterra, por exemplo, o gêmeo digital e as novas ferramentas já contribuem de forma relevante com a economia circular. A partir desses registros do material empregado temos possibilidades de, daqui a 60 anos, programar a reposição e reciclabilidade dos mesmos,

Os gêmeos digitais são réplicas perfeitas disponíveis no metaverso com total correspondência com a realidade, uma vez que são alimentadas com dados precisos, sempre atualizados.

Novos tempos de revolução tecnológica que trazem desafios nunca vistos, mas também possibilidades nunca antes imaginadas. E é nesse universo que se posiciona a construção offsite.

*Paulo Salvador é CEO da Modularis Offsite Building

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