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As 3 perguntas que podem salvar você do câncer de mama

Realidade que mata pelo menos 66 mil mulheres todos os anos, precisa de políticas públicas eficazes para frear estatísticas

Quanto mais rápido o câncer de mama é diagnosticado e tratado, maiores são as chances de cura. (Igor Alecsander/Getty Images)

Quanto mais rápido o câncer de mama é diagnosticado e tratado, maiores são as chances de cura. (Igor Alecsander/Getty Images)

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Publicado em 23 de outubro de 2021 às 09h00.

No mês de outubro, inúmeras ações de entidades, empresas e ONGs lembram a importância dos exames para detecção do câncer de mama, doença que mata pelo menos 66 mil mulheres todos os anos, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Afinal, o câncer de mama é o tipo mais comum da doença entre as mulheres, exceto aqueles de pele.

Para a Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), no entanto, as ações pedindo acesso rápido e tratamento adequado para as mulheres são feitas o ano todo.

“Quem tem câncer não pode esperar. Temos várias leis e portarias junto ao governo federal, como a destinação de verbas para Estados e municípios realizarem o rastreamento por meio de mamografias, já que, no ano passado, por causa da pandemia, o número de exames caiu bastante, o que pode elevar os casos diagnosticados da doença”, diz a médica Maira Caleffi, chefe do setor de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, e presidente voluntária da Femama.

Atualmente, a entidade está envolvida na luta pelo acesso de mulheres a partir dos 40 anos a mamografias e ao teste genético para quem tem histórico familiar, entre outras reivindicações.

Mesmo com todas essas atividades, a Femama não deixa de comemorar o Outubro Rosa e, este ano, está com a campanha “Três perguntas que salvam”. A Bússola conversou com a médica para entender mais.

Bússola: Por que a Femama escolheu essas três perguntas para a campanha? Na campanha as perguntas são: você já fez a sua mamografia este ano? Você tem controlado seu peso? Você pratica atividades físicas regularmente?

Maira Caleffi: A ideia surgiu em 2020, com a campanha Três Perguntas Que Salvam. Com apenas três questões sobre diagnóstico precoce e fatores de risco, mostramos que poderíamos salvar uma vida. Em 2021, a campanha volta com um novo olhar sobre o câncer de mama no Brasil pandêmico. Sabendo que quanto mais rápido o câncer de mama é diagnosticado e tratado, maiores são as chances de cura, com tratamentos menos invasivos, as três perguntas podem evitar o surgimento de números de casos avançados de câncer de mama no Brasil pandêmico.

Bússola: Quais as políticas públicas mais urgentes para o combate do câncer de mama? 

Maira Caleffi: São inúmeras, mas eu destaco estes três:

O Projeto de Lei 265/20 para obrigar o Sistema Único de Saúde (SUS) a oferecer gratuitamente a mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou de ovário o exame de detecção de mutação nos genes BRCA1 e BRCA2. Estudos apontam que mutações nesses genes elevam em até 80% o risco de o paciente desenvolver câncer de mama ou de ovário. Os testes são fundamentais para melhor direcionar os tratamentos, evitando o sofrimento das mulheres e os custos financeiros.

Ampliar o acesso das mulheres, a partir dos 40 anos, no âmbito do SUS, aos exames mamográficos, independentemente de pedido médico. Em todo o mundo, e também no Brasil, o câncer de mama está atingindo mulheres abaixo dos 50 anos e é preciso ampliar a faixa etária das mulheres nos exames para oferecer tratamento nos estágios iniciais do câncer, situação em que há maiores chances de cura.

Fazer valer as Lei dos 60 e dos 30 dias (Lei 13.896/19). Essa lei estabelece prazo máximo de 30 dias entre a solicitação e a realização dos exames, e máximo de 60 dias entre a confirmação de câncer e o início do tratamento. A lei é de 2019, mas ainda são necessárias muitas mudanças no SUS para que os prazos sejam cumpridos. E quem tem câncer, tem pressa.

Bússola: Como a sociedade pode e deve acompanhar e monitorar os serviços de saúde tanto no âmbito público quanto no privado?

Maira Caleffi: Deve se organizar em associações e lutar coletivamente. Há muitas associações de pacientes espalhadas pelo Brasil, mais de 70 fazem parte da Rede Femama, o que é muito importante para avançar na luta dos direitos aos pacientes oncológicos

Procure a ONG da sua cidade voltada para os pacientes com câncer, apoie, participe, dê sua contribuição. Todas as políticas públicas de saúde que temos atualmente são fruto das lutas dos cidadãos e cidadãs que, desde a criação do SUS, em 1990, vêm construindo um patamar de atendimento que, por sua vez, influencia os serviços de saúde privada. Há vários instrumentos de participação (como as audiências públicas) e também de denúncia: a ouvidoria do SUS e o Disque Saúde, telefone 136.

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