Bússola

Após 100 mil veículos emplacados em 2022, elétricos devem crescer mais

Embora boa parte seja voltada para o consumidor de alta renda, é esperado que novos modelos acessíveis surjam ao longo de 2023

Carros elétricos dependem de baterias feitas com minerais disponíveis na América Latina (Universal Images Group/Getty Images)

Carros elétricos dependem de baterias feitas com minerais disponíveis na América Latina (Universal Images Group/Getty Images)

B

Bússola

Publicado em 19 de janeiro de 2023 às 17h10.

Última atualização em 19 de janeiro de 2023 às 17h22.

O ano de 2022 foi um marco para a mobilidade elétrica no Brasil. Depois de ultrapassar a barreira dos 100 mil veículos eletrificados emplacados, fechamos o ano com um total de 126 mil unidades circulando no país, e os modelos 100% elétricos mostraram bom desempenho de vendas. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), cerca de 49.245 modelos eletrificados (100% elétricos, plug-in e híbridos) foram comercializados em território nacional — uma alta de 41% comparado ao ano de 2021, que foram emplacados pouco mais de 34 mil veículos eletrificados leves. Apenas em dezembro passado, mais de 5 mil eletrificados foram licenciados. Parece pouco? Mas esse foi o segundo melhor mês da série histórica iniciada em 2012.

Apesar desse total contemplar todos os eletrificados, ou seja, veículos puramente elétricos a bateria, híbridos plug-in (PHEV) e híbridos (HEV), os modelos 100% elétricos representaram 17% das vendas em 2022, atingindo um total de 8,46 mil unidades vendidas. Os híbridos plug-in, que também podem ser recarregados na tomada, tiveram desempenho um pouco melhor, tendo 10.348 veículos emplacados. A dianteira permanece com os modelos híbridos (30.439 vendidos), que não podem ser ligados à tomada e geram eletricidade através do motor a combustão.

Ainda de acordo com a ABVE, a venda de modelos elétricos e híbridos permanece em crescimento constante pelo quinto ano consecutivo, embora ainda não haja um plano nacional de estímulo ao setor, que impulsione ainda mais a mobilidade de baixa emissão. Para termos uma noção da importância de uma política pública direcionada, o Brasil figura na 20ª colocação no índice global de infraestrutura para carros elétricos, o estudo foi realizado pela consultoria Roland Berger. Em um ranking com 30 países, a poderosa China ocupa a liderança, seguida pela Alemanha e Holanda.

É interessante analisar a métrica utilizada no levantamento. O ranqueamento classifica os países numa pontuação que vai de zero a 100, observando 27 indicadores, entre eles: vendas de veículos elétricos; tamanho da frota com a tecnologia; metas de emissão de CO2; metas para infraestrutura; subsídios e incentivos; infraestrutura disponível (pública e privada); venda de carregadores; tamanho dos players locais, entre outros. Com apenas 38 pontos, o Brasil ficou atrás de nações como Índia (48 pontos) e Romênia (40 pontos).

Os cinco melhores colocados foram a China (81 pontos), Alemanha (71 pontos), Holanda (69 pontos), Estados Unidos (68 pontos) e Reino Unido (66 pontos). Mas como podemos nos espelhar nos primeiros colocados? A China, por exemplo, instalou 381 mil pontos de carregamento públicos, apenas no primeiro semestre de 2022. Apesar de liderar na América do Norte, os Estados Unidos implementaram cerca de 14 mil pontos, bem atrás dos chineses.

O estudo da Roland Berger também apresentou uma novidade: a motivação para comprar um veículo elétrico mudou. É a primeira vez que a facilidade do carro elétrico para viagens curtas se tornou a principal motivação dos consumidores. O argumento ultrapassou a preocupação com o meio ambiente. Os motoristas também apontam subsídios, incentivos e a experiência de direção como razões para a compra.

Em 2022, as vendas de veículos elétricos globais foram puxadas fortemente pelos modelos S, Y e 3, da Tesla, o Bolt da Chevrolet e o Mustang Mach-E da Ford. Outros dois fatores também contribuíram, os veículos utilizados por aplicativos de transportes e o mercado corporativo de frotas. A venda de caminhões e ônibus elétricos também cresceu no Brasil de janeiro a setembro. No acumulado dos nove primeiros meses de 2022, foram emplacados 534 modelos a eletricidade, no comparativo com o mesmo período de 2021 foram cerca de 121, uma alta de 341%. Porém, vale ressaltar que o valor desses caminhões ainda é mais elevado que os de equivalentes a diesel. Os dados são da Anfavea.

O que sabemos é que praticamente todas as montadoras, sejam elas grandes ou pequenas startups, revelaram seus modelos elétricos direcionados ao mercado de 2023, indo do Alfa Romeo Tonale ao Indi One. Embora boa parte seja voltada para o consumidor de alto valor, é esperado que novos modelos acessíveis surjam ao longo de 2023. Por outro lado, conforme novas fábricas forem entrando em operação, é aguardado que mais veículos elétricos apareçam para atender os diversos mercados. Uma pesquisa da McKinsey aponta que, até o fim de 2023, as montadoras e startups devem produzir até 400 novos modelos de carros elétricos.

*Junior Miranda é CEO da GreenV, mobilitytech que desenvolve tecnologias inteligentes em mobilidade elétrica.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube

Veja também

Nova metodologia eleva a produtividade na indústria da construção civil

Como a lata de bebidas pode ajudar o Brasil na agenda ESG

Stevin Zung: A longevidade e a necessidade do novo

Acompanhe tudo sobre:InovaçãoMobilidadeSustentabilidade

Mais de Bússola

7 em cada 10 brasileiros apostam na produção de biocombustível como motor de crescimento econômico

97% das empresas com receita de US$ 1 bi já sofreram violação por IA generativa, aponta instituto

Luiz Garcia: como a construção civil pode superar os desafios provocados pelo aumento do INCC

Bússola Cultural: moda periférica com Karol Conká e Tasha&Tracie