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Andrea Fernandes: a hora e a vez de quem tem mais de 50 no e-commerce

Pessoas aderiram com força às compras online, mas é preciso avançar e derrubar estereótipos

A ideia é tratar cada cliente como único. (Emilija Manevska/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 10 de março de 2022 às 15h35.

Última atualização em 11 de março de 2022 às 14h24.

Por Andrea Fernandes*

Além do Dia Internacional da Mulher, sobre o qual já escrevi (você pode ler a coluna neste link ), março tem outra data importante: o Dia do Consumidor (15/3).

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Datas comemorativas trazem um momento de reflexão — e eu gosto delas exatamente por isso. Como CEO do T.Group, não há um dia que não pense no que pode ser feito para melhorar a experiência das pessoas em sua jornada de compra no e-commerce. E um grupo que vem chamando nossa atenção é o dos consumidores maduros, com 51 anos ou mais.

O consumo desse grupo vem em uma crescente, o que nos enche de alegria e otimismo. É o que mostram levantamentos da Neotrust, nossa empresa de inteligência de dados. Em 2019, elas e eles foram responsáveis por cerca de 26 milhões de pedidos no e-commerce. Em 2020, esse número saltou para 46,6 milhões. Em 2021, foram 58,7 milhões de pedidos, representando 16,6% do volume total. Com isso, os mais maduros ficaram à frente dos jovens entre 18 e 25 anos.

Quando o assunto é faturamento, os dados também indicam uma curva ascendente. Esse é o grupo que teve o maior crescimento em faturamento no e-commerce em 2020 e 2021. Em 2019, essas pessoas foram responsáveis por R$ 11,7 bilhões em compras online. Em 2021, esse número chegou à marca de R$ 27,2 bilhões. Os consumidores maduros já respondem por quase 17% do faturamento, com um tíquete médio que gira em torno de R$ 464.

As discussões sobre o envelhecimento são uma pauta mundial e a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera, de 2020 a 2030, a década do envelhecimento saudável. E os dados da Neotrust indicam que essas pessoas buscam qualidade de vida. Entre os produtos mais comprados, a liderança em 2021 ficou com itens de beleza, perfumaria e saúde, seguido por moda e acessórios. Todo esse movimento mostra que essas pessoas estão ávidas não só por novidades mas também por uma jornada de consumo satisfatória do começo ao fim.

Essa é uma geração que não nasceu no universo digital, mas que se adaptou rapidamente e vem ganhando cada vez mais confiança no e-commerce. Com a pandemia, é fato que esse processo foi acelerado e as pessoas gostaram das conveniências de comprar online.

Mas sei que essa confiança ainda não é completa. Esse é um público que ainda tem certo receio no processo de troca, por exemplo, e é para mudar essa realidade que trabalhamos muito na Aftersale, nossa empresa focada em pós-compra, uma das etapas mais críticas dessa jornada. É nosso papel mostrar que existem soluções rápidas e inteligentes para esse tipo de problema.

Não podemos perder de vista que estamos lidando com um consumidor que já teve muito mais experiências de compra (boas e ruins). São pessoas que consomem produtos há décadas, têm preferências estabelecidas, são mais exigentes, têm expectativas maiores — e frustrações também.

Particularmente, venho me identificando com esse grupo até pela minha experiência de vida. Fiz 47 anos no último dia 7 e isso também me faz pensar sobre quanto estamos cada vez mais distantes (ainda bem!) daquela ideia estereotipada de quem passou dos 50 anos. As pessoas de 50 anos de hoje são completamente diferentes das de décadas atrás! Muitas delas são a principal fonte de renda das famílias, mas também são pessoas solteiras, separadas, que já se casaram mais de uma vez.

Esse é um grupo absolutamente diverso e que não pode ser mais ser enxergado como um único grupo consumidor. Como publicitária, vejo que as empresas estão mais atentas a isso, olhando para nós (vou me incluir aqui) de uma outra forma e até questionando se precisamos mesmo de produtos que sejam tão diferentes ou específicos apenas por uma questão de idade, mas sim por questões comportamentais e de hábitos.

E vem ganhando espaço nas redes sociais influencers maduras e maduros que mostram a importância da diversidade etária e do envelhecimento real. Basta ver o sucesso de Consuelo Blocker. A influencer, que tem mais de 50 anos, fala sobre moda, maquiagem, estilo de vida, joias e derruba a ideia de que beleza tem idade.

Ou do ator Ary Fontoura, que, aos 89 anos, viu seu número de seguidores no Instagram explodir durante a pandemia (quando escrevo este texto, ele tem mais de quatro milhões de followers). Com vídeos bem-humorados, Fontoura virou não só o queridinho da rede como também garoto-propaganda de várias marcas.

Esses exemplos mostram que as pessoas com mais de 50 têm um mundo de possibilidades ao seu alcance e não existe mais uma idade para ser feliz. Como diz um texto que gosto muito, a idade da gente ser feliz é a idade do presente. E o e-commerce, ao fazer parte desse momento, tem como missão não só entender essas pessoas mas também resolver problemas e, por que não, potencializar paixões.

*Andrea Fernandes é CEO do T.Group

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