A OMS na China
Coluna de Alon Feuerwerker analisa como a politização do debate em torno da Covid-19 esvazia muitas vezes a racionalidade da discussão
Mariana Martucci
Publicado em 4 de fevereiro de 2021 às 20h51.
A missão da Organização Mundial da Saúde que está na China analisando a origem do SARS-CoV-2 informa não haver, por enquanto, sinais de que a coisa tenha sido fabricada e vazada deliberadamente. Vamos aguardar os resultados finais da expedição ( leia ).
O debate em torno da Covid-19 politizou-se a tal grau (era inevitável) que a discussão está em grande medida esvaziada de racionalidade. Se a OMS mantiver ao final essa conclusão, certamente alguns vão dizer que tudo faz parte de uma grande conspirata.
Paciência. Mas a irracionalidade tem um custo.
A falta de racionalidade, de ceticismo e de curiosidade diante de achados inesperados drena a possibilidade de diagnósticos mais realistas, e mais rapidamente. O que vai dificultar atingir com mais agilidade um estágio de conhecimento superior sobre a pandemia.
A politização da ciência impõe a ela a lógica da política. A narrativa importa mais que os fatos, e quando estes contrariam aquela trata-se de ignorá-los. Mais ou menos como seria se, num teste de vacina, os cientistas omitissem que ela talvez não tenha funcionado tão bem em certos casos.
Seria uma fraude, não é?
* Analista político da FSB Comunicação
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