A inteligência artificial vai substituir os desenvolvedores?
Entenda como aspectos fundamentalmente humanos podem garantir o futuro da profissão
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Publicado em 14 de julho de 2023 às 20h30.
Por Wesley Willians*
Nos últimos meses, o processo de desenvolvimento acelerado da Inteligência Artificial (IA) foi o tema mais debatido no mundo da tecnologia. Se antes as imagens geradas pelo Midjourney eram apenas experimentos distantes, hoje elas já são tão convincentes que começam a se confundir com a realidade. O mesmo pode-se dizer das respostas geradas pelo ChatGPT, que apresentam um impressionante grau de assertividade dia após dia.
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Mas a pergunta de milhões é: a evolução da IA generativa realmente pode acabar com boa parte dos empregos atuais?Pensando na área tech, o atual potencial trazido por essas plataformas já vem impactando positivamente no trabalho dos desenvolvedores, mas isso não quer dizer que elas estão perto de substituir por completo a expertise dos profissionais. Até porque o grande desafio para desenvolver aplicações críticas, na maioria das vezes, é saber o que fazer e não como executar. Hoje, a IA tem a sua capacidade direcionada na execução. A parte mais analítica ainda não faz parte do escopo delas.
Isso não quer dizer, porém, que a IA não seja valiosa para o mercado de programação . Pelo contrário, a produtividade dos devs que estão utilizando-as têm aumentado consideravelmente, uma vez que ela consegue fazer sugestões de códigos, algoritmos, geração de testes automatizados e até mesmo produção automática de documentação.
No entanto, o grande ponto é que o ChatGPT e outras plataformas similares ainda não possuem o pensamento crítico de negócio. Sendo assim, elas não conseguem definir uma arquitetura pensando no contexto e restrições necessárias para a aplicação. Atualmente o seu uso está muito mais atrelado à complementação de código baseado na conjuntura que o profissional já idealizou e desenvolveu.
Até porque, programar não se resume apenas a escrever linhas de código. Esse trabalho é baseado na somatória da aplicação de lógica e conhecimento técnico com uma dose significativa de criatividade e intuição por parte do profissional. Em outras palavras, os devs precisam saber atuar diante de problemas complexos que exigem uma capacidade resolutiva, que uma máquina ainda não consegue suprir.
Embora a inteligência artificial possa ajudar na automação de tarefas rotineiras, ela não é capaz de igualar a criatividade e intuição humana diante dos desafios. Muito pelo contrário, IAs generativas como Chat GPT, por exemplo, não possuem nenhuma inteligência ou qualquer coisa do tipo. Elas são parte de algoritmos sofisticados , treinados com uma grande quantidade de dados e retornam informações baseadas em padrões, ou seja, não há qualquer tipo de consciência.
Como o processo de programação precisa envolver as necessidades e demandas dos usuários, é preciso que pontos “externos”, ou do além da tela, também sejam considerados. Sem essa compreensão abrangente do contexto, algo pouco explorado nas aplicações da IA, o trabalho tende a ficar comprometido. Apesar dela ser importante no exercício de sugestão e assistência da codificação, o sensorial humano ainda é fundamental para a tomada de decisões eficazes e implementações assertivas.
Outro ponto fundamental que permeia o trabalho dos devs é a questão ética. Os profissionais da área são constantemente desafiados a conjecturar o equilíbrio entre a funcionalidade técnica e a moralidade das suas ações. Assim, itens como a privacidade e segurança dos dados atrelados aos sistemas que estão sendo desenvolvidos representam uma importância significativa no seu dia a dia. Essa capacidade de ponderar os aspectos éticos das aplicações é algo que a IA não possui expertise para orientar e ainda nem está no seu foco de atuação.
Por todos esses motivos, posso afirmar claramente que a IA não deve tomar o emprego dos devs a curto prazo. No entanto, com certeza, o desenvolvedor que souber usar ela a seu favor, seja para completar um código ou tirar uma dúvida pontual, irá se sobressair em relação aqueles que ainda não utilizam tais ferramentas.
*Wesley Willians é CEO e fundador da Full Cycle e School of Net
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