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3 perguntas de ESG para Ricardo Anderáos, da Oré

Sócio-fundador da consultoria diz que setor privado está mais exigente e trocando o apoio de antes por iniciativas conjuntas de impacto

Ricardo Anderáos, sócio-fundador da Oré (Divulgação/Divulgação)

Ricardo Anderáos, sócio-fundador da Oré (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em 16 de setembro de 2021 às 10h24.

Última atualização em 16 de setembro de 2021 às 12h12.

Por Renato Krausz*

1) Você percebeu algum aumento na disposição das empresas em colaborar com organizações sociais após o boom do ESG e a pandemia? Quais as principais demandas que a Oré tem recebido neste sentido?

Ricardo Anderáos: Sem dúvida cresceu o interesse por esse tipo de colaboração. Mas percebemos que cresceu muito também a cobrança por resultados e maior cientificidade na mensuração do impacto socioambiental. Conceitos que antes eram exclusivos das organizações da sociedade civil, como teoria da mudança e impacto sistêmico, por exemplo, agora começam a ser ouvidos nas reuniões com gestores e executivos das empresas.

Exatamente por isso, há muita conversa e sondagem, mas não necessariamente mais parcerias sendo firmadas, porque as empresas estão sendo mais exigentes. As organizações sociais não estão mais conseguindo "apoio para seus projetos", mas tendo que participar de dinâmicas de cocriação de iniciativas de impacto com as empresas privadas. As demandas que recebemos deixaram de ser focadas principalmente em projetos e passaram a considerar também o campo social de maneira mais ampla.

2) Onde está o pulo do gato na hora de alinhar propósito e negócio? Vale para todas as empresas, de todos os setores?

Ricardo Anderáos: Como há mais de dez anos defende o professor Otto Scharmer, do MIT, criador da Teoria U, um clássico da inovação nas organizações, acredito que esse alinhamento só é possível quando incluímos nessa equação a dimensão subjetiva, emocional ou psicológica das pessoas envolvidas no processo. Isso vale não apenas para todas as empresas, mas também para as ONGs e para a gestão pública. Scharmer diz que o mais importante não é o que os líderes engajados em promover transformações fazem, ou como o fazem, mas sim o lugar interior a partir do qual operam.

Em uma palavra: depende da sua real motivação. Isso significa que o alinhamento entre negócio e propósito, bem como qualquer outra inovação nas organizações, depende do nível de percepção, atenção e consciência que os stakeholders envolvidos trazem para a situação. Uma motivação pura, o real engajamento em promover o bem comum, é o melhor antídoto para o greenwashing e outras armadilhas que o boom do ESG coloca no caminho das empresas.

3) Como está o voluntariado corporativo hoje no Brasil e quais são os principais benefícios para uma empresa que adota um programa sob medida?

Ricardo Anderáos: Ainda que certas empresas tenham programas muito bem estruturados, algumas contando inclusive com instituições próprias que operam iniciativas de voluntariado corporativo há décadas, como é o caso do Instituto C&A, por exemplo, de maneira geral considero que esse segmento ainda pode crescer muito mais no país. A maioria desses programas se restringe a bancos de horas, nos quais os colaboradores das empresas se colocam à disposição das organizações sociais ou ativistas, pouco interferindo na dinâmica das ações já em curso.

Poucos programas de voluntariado inovam realmente, seja ajudando as ONGs a causar um impacto sistêmico ou trazendo o propósito mais para perto do "core business" das empresas. Esse é um dos segmentos que nós da ORÉ vemos com maiores perspectivas para o nosso trabalho. Entretanto, pela sua complexidade, um programa de voluntariado corporativo realmente inovador exige um grande investimento de pesquisa, modelagem e cocriação antes de se converter em uma proposta acabada.

*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação

 

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

 

 

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