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3 perguntas de ESG para Marcelo Homburger, da Aon

Head no Brasil da consultoria global de riscos e seguros diz que prejuízos gerados pelas mudanças climáticas somaram US$ 268 bilhões em apenas um ano

Marcelo Homburger, Head no Brasil da Aon (Divulgação/Divulgação)

Marcelo Homburger, Head no Brasil da Aon (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em 20 de janeiro de 2022 às 09h00.

Última atualização em 20 de janeiro de 2022 às 10h10.

Por Renato Krausz* 

1-Como as catástrofes naturais e mudanças climáticas podem transformar o ambiente de negócios? Quais são os principais riscos no mundo e no Brasil? 

Marcelo Homburger: As catástrofes naturais geradas pelas mudanças climáticas já são responsáveis por perdas financeiras significativas em todo o planeta. Segundo um levantamento da Aon, apenas em 2020, esses prejuízos foram de US$ 268 bilhões. E essas perdas tendem a aumentar no futuro, caso não sejam implantadas políticas ESG consistentes, que retardem ao máximo os efeitos do aquecimento global, grande desencadeador da ocorrência desses eventos. 

Esses riscos podem ocorrer em qualquer lugar do planeta e já são visíveis, por exemplo, por meio de tempestades, inundações, ondas de calor, secas, nevascas, tornados, furacões e tsunamis. As consequências dessas catástrofes geram graves danos às populações, ecossistemas e também afetam o ambiente de negócios.  

Iniciativas globais focadas em estabelecer políticas para diminuição dos gases de efeito estufa já acontecem desde 1992, e enxerga-se um avanço na conscientização global sobre a interferência humana no clima.  

Desde então, as ações de vários segmentos da economia global tornaram-se muito mais intensas e com isso a agenda ESG ganha uma enorme importância, sendo priorizada tanto no setor público como no setor privado, definindo os caminhos da sociedade. 

O papel de investidores, do mercado financeiro e do próprio poder público tem conduzido as empresas pelo caminho do crescimento econômico limpo e sustentável, levando, inclusive, a alterações substanciais em modelos de negócios. As discussões recentes da COP 26 mostram essa mudança de pensamento, indicando soluções e caminhos para temas críticos na gestão do clima.  

É possível prever que os projetos e as atividades que terão acesso a condições diferenciadas para a sua implementação e sobreviverão são aqueles que priorizam a diminuição do desmatamento, o investimento no reflorestamento e na conservação de áreas naturais, o incentivo à utilização de fontes não convencionais de energias renováveis, como solar, eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, e de biocombustíveis, como etanol e biodiesel, em detrimento a combustíveis fósseis, como gasolina e óleo diesel, a redução do consumo de energia e a eficiência energética, além da reciclagem e reaproveitamento de materiais.  

O engajamento das empresas precisa ser medido e o mercado precisa ter acesso a dados transparentes e confiáveis para poder alocar seu capital. É um desafio que várias instituições globais e locais tentam vencer, através da criação de normas e regras, índices de sustentabilidade e políticas de gerenciamento de riscos das empresas. 

2-Vocês possuem estimativas de custos relacionados a ataques cibernéticos? O que se espera da gestão de riscos para evitar esse tipo de problema?

Marcelo Homburger: O custo médio de um ataque cibernético pode variar bastante. Eventos como de ransomware — tipo de ataque que usa uma espécie de vírus de computador para sequestrar dados, redes e sistemas, impedindo o acesso da companhia a estes ativos, para então solicitar um resgate em troca da recuperação (não garantida) destes acessos — tem ganhado espaço e, de acordo com estudos da Aon, apresentam um crescimento de mais de 300% desde 2019, com o seu custo inicial, somente relacionado ao pagamento do sequestro em si, em R$ 5 milhões. 

De acordo com os estudos da IBM, o custo médio global de um vazamento de dados pode chegar a US$ 4,8 milhões (média global), enquanto regionalmente esse valor cai para US$ 1,08 milhão quando falamos de Brasil — essa diferença se dá principalmente pela alta constante do dólar e pela falta de consciência geral a respeito de direitos quanto aos dados.  

Existem outros tipos de ataque e, a depender do nível de tecnologia implementada a um certo negócio ou processo, os prejuízos podem ser maiores do que o esperado, muitas vezes catastróficos, se a empresa não souber responder e agir rápido.  

Ou seja, a proporção de um prejuízo decorrente de um ataque cibernético pode variar de acordo com a eficiência da empresa em responder ao incidente. Mas o segredo está nos processos de governança e prevenção. É importante entender que agir de forma proativa e preventiva é a melhor maneira de se evitar estes riscos. A multidisciplinaridade na forma como as companhias tratam o assunto é outro poderoso aliado.  

Além de controles e soluções de segurança, é necessário fazer treinamentos, documentar, revisar e testar procedimentos, como políticas de segurança da informação, planos de recuperação/continuidade de negócios, planos de resposta ao incidente, etc., e sempre que possível transferir o risco.  

3-A Aon mapeou em 2021 D&I nas empresas brasileiras. Os resultados são tímidos ou animadores?

Marcelo Homburger:  Nesta edição da Pesquisa Aon de Benefícios, ouvimos 808 empresas de trinta segmentos distintos em todas as regiões do país e observamos que 40% disseram ter ações e/ou políticas focadas em diversidade e inclusão. Para 84% o tema é uma das pautas prioritárias da empresa, cujos principais objetivos envolvem trabalhar o desenvolvimento cultural interno (77%) e atrair e reter talentos (63%). 

Ainda dentre as empresas que disseram possuir ações voltadas para D&I, apenas 44% estão avançadas e com maior nível de maturidade em suas ações. Estes números nos mostram que a diversidade e inclusão nas empresas vem avançando de forma tímida, com um número relevante de empresas entendendo sua importância, mas ainda estudando como e por onde começar a implementar suas ações. 

O cenário para os próximos anos, no entanto, é animador. Com o avanço das discussões e práticas conectadas ao ESG, bem como o expressivo número de empresas colocando a pauta em seus temas prioritários, vemos a tendência dessa realidade se expandir, tornando as ações de D&I elementos primordiais para uma jornada de sucesso de uma sólida proposta ESG.   

*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação 

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame. 

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