Danilo Maeda, da Beon (Divulgação/Divulgação)
Bússola
Publicado em 30 de setembro de 2021 às 14h00.
Última atualização em 30 de setembro de 2021 às 16h02.
Por Renato Krausz*
1) Qual é o foco principal da Beon, que nasce dentro do maior grupo de comunicação corporativa do país?
Danilo Maeda: A Beon tem como objetivo aplicar a expertise de comunicação e engajamento do Grupo FSB nas estratégias de ESG de nossos clientes. Já somos líderes em estabelecer relacionamentos sustentáveis e agora podemos também apoiar organizações que desejem avançar na gestão de seus impactos sociais e ambientais, em sua governança ou no engajamento de stakeholders.
Para fazer isso, utilizamos metodologias e ferramentas alinhadas com as melhores práticas globais nesses temas, em conjunto com a capacidade de comunicação e gestão reputacional do Grupo FSB. Somos uma consultoria de sustentabilidade dentro de um grupo de comunicação e oferecemos o melhor desses dois mundos.
2) Na definição da estratégia de sustentabilidade, em que as empresas no Brasil precisam avançar mais?
Danilo Maeda: Temos visto que o desafio da conscientização sobre a relevância do tema foi parcialmente superado. As empresas em geral reconhecem o assunto — um bom indicador disso é que não precisamos mais explicar o que é ESG com tanta frequência, ao menos nas reuniões de trabalho.
Mas, apesar desse “boom” de interesse pelo tema que vimos nos últimos anos, a adesão às boas práticas ainda é limitada. Ou seja: há um certo descompasso entre intenção e ação, discurso e realidade.
Conceitos como materialidade, por exemplo, ainda são pouco aplicados. Mas a agenda global, movida por investidores, consumidores, governos e sociedade civil em geral, deve impor que a conversa fique mais qualificada e mais ambiciosa.
Com isso, as empresas precisarão se preparar melhor para entregar resultados em temas como mudanças climáticas e combate às desigualdades por meio de estratégias regenerativas e de uma abordagem que vá além do seu escopo de influência direta, incluindo engajamento em políticas públicas e coalizões setoriais.
3) Com as mudanças regulatórias em curso no Brasil e no mundo, sobretudo para companhias abertas, o que as organizações devem observar com mais atenção?
Danilo Maeda: Sempre que falamos em regulação, pisca o alerta do risco. Faz sentido lógico o decisor da empresa pensar em algo como "vou colocar recursos neste assunto para ficar em conformidade, porque do contrário posso sofrer uma punição e acabar gastando ainda mais".
De fato, temos visto a barra subir para as empresas. As exigências de boas práticas estão mais frequentes e o acompanhamento de desempenho em temas ESG também. Portanto eu diria que é importante considerar a qualidade da estratégia e a conexão entre sustentabilidade e negócio.
Quanto mais próximos esses conceitos, melhor o potencial de geração de valor daquela organização no longo prazo. Aí é que entra a materialidade, fundamental para se construir uma estratégia consistente de negócios sustentáveis.
E esse ponto leva para um outro lado da questão, que é o da oportunidade. Além de se antecipar a eventuais riscos ou demandas regulatórias, um investimento bem feito na gestão dos temas ESG tende a beneficiar o processo de geração de valor — uma conversa que todo acionista gosta de ouvir.
E essas oportunidades que a chamada economia regenerativa apresenta estão disponíveis para qualquer organização, inclusive as de capital fechado ou de pequeno porte. A chave é entender como o modelo de negócios irá se ajustar para entregar valor econômico, social e ambiental sem efeitos colaterais negativos.
A gestão dos temas ESG é o caminho pelo qual o mundo corporativo e financeiro tenta chegar a esse objetivo, que coincide com o que almejamos no desenvolvimento sustentável.
*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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